Capítulo 17

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A primeira impressão que Vernon teve sobre New Sheol, a cidade Distrito Décimo Sétimo, era que se parecia pra caralho com New York.

Sinceramente, o Inferno é uma espécie de decepção. Okay, tudo bem, literalmente não há céu — em vez disso há um teto rochoso e cavernoso, estendendo-se no que pode estar a centenas de metros do chão — e absolutamente todo mundo que ele vê é um demônio, mas enquanto anda pelas ruas segurando cada panfleto e guia turístico que ele conseguiu pegar do aeroporto, tudo o que ele vê são arranha-céus e luzes de neon piscantes e os sons de uma cidade agitada, que surpreendentemente traz um pouco a sensação de lar.

Se ele ignorar o fato de que está sozinho e totalmente por si próprio pela primeira vez em sua vida, com ninguém exceto Seungkwan e Jihoon tendo alguma ideia de onde ele está, e com dinheiro suficiente para um dia ou dois (talvez três se ele se esticasse bastante), parece um pouco com uma viagem. Ele alivia sua tensão assoviando a música que Seungkwan estava cantarolando no caminho da rodoviária, a voz rouca sussurrando através dos pequenos espaços entre suas presas bagunçadas, e entra no primeiro bar que encontra para ler todos os panfletos em paz. O bar, também, parece notavelmente similar ao dos humanos, desconsiderando as luzes flutuantes que vagueiam de um lado para o outro em volta do teto, e um dispositivo estranho que pode ser uma jukebox tocando música demoníaca, pelo silvo e o idioma desconhecido fazendo sua espinha arrepiar-se.

Ele está prestes a pegar a mesa vazia mais próxima quando uma mão pesada pressiona contra seu ombro e ele se vira com um pequeno gritinho, imediatamente na defensiva.

Ele olha para cima (e para cima e para cima) para um alto homem demônio. A pele dele é lisa mas num tom profundo de azul-violeta, seus chifres longos e irregulares e muito mais impressionantes que os de Vernon. Olhos vermelhos olham para baixo para ele, ocasionalmente emitindo pequenas chispas de faíscas quando ele pisca, e uma boca irregular é pressionada em uma linha firme e séria.

"Você parece um pouco jovem demais para estar vagando sozinho por volta Décimo Sétimo, filho," ele diz. Sua voz sibila e racha e estala como lenha na fogueira, suas palavras cortadas afiadamente com o aço de um sotaque demoníaco que devolve a Vernon o mesmo arrepio na espinha.

Vernon franze a testa e dá um passo firme para longe dele, seu cérebro instantaneamente transbordando com lembranças da Sra. Chwe ensinando a ele e à pequena Sofia quando eram crianças sobre todos os sinais de perigo com estranhos e o que fazer se eles se deparassem com uma situação como aquela. Seus nervos, desgastados como as bordas de cordas velhas, fazem dele um pouco mais rude do que pretendia ser quando diz, ferozmente: "De onde eu venho, estranhos não podem apenas levantar e fazer perguntas como essa. As pessoas podem pegar a ideia errada."

O demônio apenas o ignora, enfurecendo Vernon ainda mais. "Vamos, filho," ele grunhe, deslizando para o assento que Vernon já estava para sentar e gesticulando para ele fazer o mesmo. "Você está com fome?"

Vernon olha para ele com desconfiança mas faz como ele disse, rígido e pronto para fugir em qualquer oportunidade. Ele não confia nesse homem nem um pouco, e se sente particularmente jovem, vulnerável e idiota agora, mas o demônio tem no mínimo quase dois metros e provavelmente poderia esmagá-lo como uma lata de refrigerante se quisesse, então deixá-lo com raiva não é provavelmente a melhor opção. "Eu estou bem, obrigado."

"Vamos lá, você deveria comer alguma coisa." O demônio vasculha o cardápio, que devolve a ele algo sobre perder alguns quilos extras até que ele o toca com um dedo calejado para fazê-lo calar a boca. "Também temos comida humana aqui, também, já que este é um dos distritos mais internacionais. Você quer hambúrguer? Batatas fritas?"

IN THE EYE OF THE BEHOLDEROnde histórias criam vida. Descubra agora