Epílogo

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Se você estivesse andando pela rua e por acaso visse dois garotos de mãos dadas, talvez ficasse um pouco chocado.

Um dos garotos é humano. Seu cabelo como uma doce geléia de morango, porque ele gosta do sabor, mas eventualmente pode ser um amarelo campo de trigo, ou marrom grãos de café, ou sua cor natural, algo escuro e saudável e despreocupado. Ele não usa óculos de sol e tampouco carrega uma bengala, mas a maneira como ele olha para o mundo às vezes em tal espanto indisfarçado — como quando começa a chover e o céu se transforma em um glorioso show de rosa neon, ou quando o sol se encapsula em um casulo cristalino e toda a cidade brilha como pedras preciosas multifacetadas — dá a impressão que ele costumava usar.

O outro garoto é um híbrido meio-demônio. Ele é alarmante para absorver à primeira vista, com chifres como os tocos irregulares de árvores que sabem mais segredos do que você e olhos vermelhos como os de seu pai. Sua boca é um local aleatório de presas e lábios humanos, e sua pele está rachando em certos lugares como vidro. Um olhar para seus dedos com garras e você pode se perguntar como o menino humano consegue segurar a mão de alguém como ele sem qualquer trepidação.

Mas então você pode ver o meio-demônio falando. Ele fala como se fosse uma criança novamente — excitado, alegre, às vezes aumentando a voz quando fica animado apenas para voltar aos tons normais com um sorriso embaraçado de vergonha. Ele fala como se tivesse sido quebrado pelo mundo e estivesse começando a se reparar novamente, pouco a pouco, cada pedaço do quebra-cabeça sendo cuidadosamente colocado de volta até que ele seja novo e inteiro. Você pode ouvi-lo falando sobre seu pai finalmente se mudando para o mundo humano e vivendo com eles, e que eles estão começando a se tornar uma família novamente, criando novas memórias para preencher os espaços vazios que perderam ao longo dos anos. Você pode ouvi-lo falando sobre seu curso, sobre sua tese sobre relacionamentos humanos-demônios mais concretos e sua pesquisa sob a dedicada e carinhosa tutela de seu professor favorito. Você pode ouvi-lo falando sobre sua irmã, ou sobre sua mãe, ou sobre qualquer outro de seus amigos. Ele fala como se acabasse de perceber que é uma pessoa com muito a dizer, e como se acabasse de encontrar alguém que o ouvisse.

E você verá o menino humano observando-o enquanto fala, com carinho em seus olhos e sorriso, e a maneira como ele o olha é como se o híbrido não fosse meio-demônio, mas em vez disso algo melhor, algo maior. Uma pessoa que ama, ferozmente, vibrantemente, e sem medo algum, e é amado com tanta força igualmente em troca.

E enquanto os dois conversam e riem e sorriem e andam de mãos dadas pela rua, você pode ver o olhar de pura adoração no rosto do meio-demônio enquanto ele diz algo que faz o seu namorado humano rir, e assim você poderá achá-lo um pouco menos perturbador.

Você pode ver os palácios de vidro e as exibições de fogos de artifício que, juntos, eles criam e derrubam e reconstroem novamente em seus olhos toda vez que se olham e pensam que, subjetivamente, os dois são bastante bonitos.

[FIM]


bom, não tenho muito o que dizer skdndm
eu só queria agradecer a todos vocês que leram e apoiaram a fic nesse tempo. foi a minha primeira tradução, então eu quis escolher algo especial e sinceramente eu não poderia estar mais satisfeita em ter compartilhado essa joia rara com vcs.
espero não ter falhado em nada ❤️
ao decorrer do tempo eu volto aqui pra betar oq eu achar necessário.
in the eye of the beholder tem uma mensagem muito bonita e assim como eu, espero que vcs, leitores, também tenham aprendido algo com ela, e obviamente que tenham gostado também!
as notas da woozifi vao no proximo junto com as fanarts SEM FALHAS dela, preparem o coração pq meu deus eu choro-
aliás, obrigada pelos 1k sz
até a próxima. ❤️❤️

- wjsnchateau

IN THE EYE OF THE BEHOLDEROnde histórias criam vida. Descubra agora