Capítulo 11

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Vernon olha em volta, examinando todos os artefatos mágicos nas mesas. É empoeirado e silencioso na casa, tudo velho e rangido, canos bufantes como velhos asmáticos nas paredes. Ele sorri de satisfação quando vê que as runas da Velha Mãe Hayes parecem baratas e malfeitas comparadas com as amorosamente trabalhadas de Soonyoung, e então retrai o pensamento lembrando a si mesmo que é bobo se orgulhar de alguém de quem nem sequer é amigo.

Ele não tem exata certeza de como um feitiço supostamente deveria ser, mas depois de uma busca minuciosa entre os itens em todas as mesas, ele tem certeza que nenhum deles é um. Seus ombros murcham e ele sequer luta contra um gemido de decepção. Claro que não seria assim tão fácil. Talvez a Velha Mãe Hayes realmente não tivesse feitiços sobrando, ou talvez ela os tivesse escondido em um local secreto, e se for o caso, realmente não há sentido em tentar obter algum dela a menos que ele queira arriscar ser preso junto com Seungkwan.

Ele se vira para Seungkwan com a intenção de tirá-los de lá, quando seu pé bate na perna da mesa. Os dois congelam em horror quando um único objeto redondo de mármore rola para a borda da mesa e, quase em câmera lenta, cai para o lado e faz barulho contra o duro chão de madeira. Ele quica ironicamente uma, duas, três vezes antes de bater no rodapé, se assentando em silêncio sarcástico.

Houveram apenas alguns segundos para registrar a gravidade da nova situação antes que Vernon ouvisse uma cacofonia de sons acima dele e um penetrante e agudo "Quem está aí?"

Seungkwan solta um pequeno grito de susto que Vernon não quer nunca mais ouvir, e ele então praticamente salta sobre as mesas para chegar até o outro. "Vai ficar tudo bem", ele sussurra, a voz tão baixa que ele não tem certeza se Seungkwan foi capaz de ouvi-lo. "Ir, nós temos que ir-"

"Aonde? Pr'aonde?"

"Apenas- uh, apenas-"

Pelo som dos passos da Velha Mãe Hayes, eles não terão tempo de voltar para a cozinha e atravessar a porta dos fundos. Vernon consegue ouvi-la claramente a ponto de chegar no primeiro andar. Tudo parece estar indo muito rápido e muito devagar de uma só vez, e quando ele percebe que o armário de cedro parece grande o suficiente para eles dois, ele o abre e praticamente arrasta Seungkwan para dentro. Ele consegue fechar a porta no momento exato em que o som de passos atropela as escadas, a voz rouca da Velha Mãe Hayes gritando "Ladrões! Ladrões!" como o uivo furioso de um furacão e os tiros explosivos das chuvas de granizo.

Seungkwan está congelado bem na frente dele. O armário é um pouco pequeno demais; eles estão pressionados desconfortavelmente perto um do outro, os chifres de Vernon raspando no topo, e a respiração entrecortadas deles soa muito alta na escuridão. Ambos lutam para prender a respiração ou, pelo menos, retardar o pânico de suas expirações, como se o bater rápido de seus corações e o respirar desesperado de seus pulmões alertasse a Feiticeira de onde estavam.

Seungkwan se agita, fazendo a base do armário estalar, e Vernon pressiona a mão nos lábios dele para indicá-lo a ficar quieto. No começo, parece eficaz; Seungkwan não se mexe, nem respira, e Vernon escuta atentamente enquanto as botas pontudas da Velha Mãe Hayes ecoam perigosamente para cima e para baixo no primeiro andar. Mas então ele ouve uma pequena, afiada ingestão de ar, e olha de volta para Seungkwan, realizando exatamente o quão próximos eles estão.

Vamos colocar desta forma: se Seungkwan se inclinasse um pouquinho mais para frente e Vernon abaixasse a cabeça apenas um pouco, seus lábios estariam se tocando. Seungkwan parece ter percebido isso, porque suas inspirações estão ficando irregulares e nervosas; pequenos engasgos aqui e ali como se ele estivesse tentando regulá-la e fracassando, e quando Vernon sente um leve movimento contra sua mão pressionada nos lábios dele, percebe que Seungkwan está na verdade tremendo.

IN THE EYE OF THE BEHOLDEROnde histórias criam vida. Descubra agora