"Vernon?"
Ele acha que seu coração pode explodir quando entra na casa de Seungkwan, sobe as escadas e o vê esperando em sua escrivaninha em seu quarto. Só tinha sido um dia e meio, realmente, e eles já tinham ficado mais tempo longe antes, mas de alguma forma parecia diferente. Vernon se sente mais velho, mudado, quando ele o puxa para um abraço apertado e deixa cada nervo sensorial em seu corpo reagir a Seungkwan.
"Eu tenho tanto a te contar," diz Vernon quando eles finalmente se afastam. "Seokmin encontrou e contatou meu pai, e-"
"Espera, seu pai?"
"Vou te contar tudo, mas olha! Eu tenho isso." Ele puxa o feitiço do bolso, coloca-o cuidadosamente na mão de Seungkwan e manualmente envolve os dedos dele em torno do objeto. "É ele. É o feitiço, Kwannie."
Seungkwan está sem palavras, boquiaberto. Ele parece estar piscando rapidamente por atrás de seus óculos escuros, pressionando o metal frio do frasco contra o peito e gaguejando: "Você- você realmente conseguiu um. Puta merda, Vern. O que você teve que pagar por isso? Qual foi o preço?"
"Cinquenta anos da minha vida."
Ele engasga. "Vern, o quê? O-Oh meu Deus. Oh meu Deus, oh meu Deus, oh meu-"
Vernon ouve o traço inconfundível de lágrimas entupindo a traquéia de Seungkwan, brotando em seus olhos, e percebe seu erro. "Oh! Oh, não, não, Seungkwan, está tudo bem, está- demônios vivem por, tipo, quinhentos anos. Meio-demônios não vivem tanto assim, mas ainda é um tempo decente. Cinquenta anos é nada, posso te prometer isso."
"V-Você tem certeza?"
"Positivo. O que são cinquenta anos para mim quando eu vou viver por mais, tipo, duzentos e oitenta? E eu prefiro ter uma vida humana, de qualquer maneira." Ele alisa o cabelo de Seungkwan, afofando-o e em seguida acariciando-o de volta na nuca. Ele faz isso quase inconscientemente, apenas tão necessitado de estar perto de Seungkwan e tocando-o em qualquer lugar que ele mal percebe o que está fazendo, mas Seungkwan solta um suspiro pequeno e feliz de qualquer maneira. "Não foi nada para mim. E é seu. Você finalmente será capaz de enxergar."
E então Seungkwan realmente começa a chorar.
"Você vai ficar comigo, não vai?" Seungkwan sussurra uma vez em que finalmente se acalma, encostando a cabeça contra o ombro de Vernon. Uma mão cansadamente deslizando contra as feições de Vernon, o mesmo padrão de carinho, parando ocasionalmente para apoiar a bochecha contra a palma dele por alguns instantes antes de voltar, começando pelas sobrancelhas e repetindo o processo novamente. Vernon dificilmente ousa respirar, mas suas mãos se apertam ao redor da cintura de Seungkwan, saboreiam o toque, não tendo certeza se vai sentir de novo. "Durante a operação. Eu estou, hum, um pouco super apavorado."
"Eu vou ficar," ele promete. "O tempo todo. Até que eles tenham que me expulsar do hospital."
Seungkwan solta uma risada suave. Isso faz cócegas nas clavículas de Vernon. "Mamãe só concordará que eu faça a operação enquanto ela estiver trabalhando se ela souber que você estará lá cuidando de mim em seu lugar. É melhor você ficar, ou eu vou chutar sua bunda assim que eu estiver curado. E eu poderei ver onde estarei chutando desta vez, também."
E Vernon fica em silêncio. Contemplativo. Fecha os olhos e luta contra um estremecimento quando os dedos macios de Seungkwan roçam seus cílios, tentadoramente gentis. Ele não quer perder esses toques casuais e íntimos, não quer estragar a magia do momento, mas está pensando e se preocupando desde que voltou de New Sheol, e ele não tem certeza de quantos desses momentos ele ainda terá.
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Vernon espera até que a operação termine, até que os médicos lhe digam que foi um sucesso completo e que Seungkwan deve se recuperar em algumas semanas com absolutamente nem um efeito colateral. Só então ele solta o ar que não lembrava de ter segurado, e manda uma mensagem para a mãe de Seungkwan para avisá-la que seu filho vai ficar bem, e afunda de volta na cadeira, colocada firmemente ao lado da cama de Seungkwan.
Seungkwan parece tão em paz quando está sedado e dormindo, aparelhos de monitoramento para suas ondas cerebrais e níveis de resíduos mágicos na corrente sanguínea e outras estranhas naturezas mecânicas que suavemente ressoam ao ritmo de seu batimento cardíaco. Vernon dá a si mesmo um momento de fraqueza, um dos muitos em que ele falha em permanecer ao lado do garoto que ama, e por hoje muito provavelmente o último que ele terá. Ele pega a mão de Seungkwan, com tanto cuidado como se estivesse lidando com uma criança pequena, certificando-se de que suas garras não encostem muito na pele dele. Ele esfrega o polegar cuidadosamente contra a palma da mão, observa a subida e descida do peito de Seungkwan e tenta, desesperadamente, lembrar cada detalhe desse momento para que ele possa guardá-lo para sempre.
Ele não tem certeza se verá Seungkwan novamente depois disso. Vai quebrar seu coração não poder estar com ele, com certeza, mas ele teria de correr o risco — a possibilidade — de Seungkwan olhar para ele pela primeira vez com a mesma expressão horrorizada como todo mundo, e isso o mataria. E ele é muito covarde para correr este risco.
Ele chora quando tem certeza de que ninguém está por perto para vê-lo, deixa as lágrimas quentes e grossas caírem e manchar os lençóis de seu rosto em um fraco azul iridescente. Sofia estava certa, ele de repente pensa. A vida não é nada justa. Não é justo que Vernon se apaixone pela primeira vez com dezenove anos e tenha que se afastar de tudo isso voluntariamente, apenas para salvar-se de um coração partido.
Ele limpa as manchas azuis em suas bochechas e dá um último aperto na mão de Seungkwan antes de sair, inclina-se para encostar seus lábios aos dele, quase com medo e de maneira singela. E este, ele espera enquanto vai embora, foi o último momento em que ele viu o garoto que ama.
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IN THE EYE OF THE BEHOLDER
Fanfic[𝐕𝐄𝐑𝐊𝐖𝐀𝐍] Vernon é um meio-demônio, e crescer sofrendo preconceito e vendo as pessoas o evitarem por sua aparência assustadora o fez sozinho e sem amigos pela maior parte de sua vida. Seungkwan é um sopro de ar fresco, recém-chegado na facul...