Capítulo 9

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A DOIS ANOS ATRÁS...

-Nick, você não pode fala essas coisas para mim! -Gritei, já sentindo as lágrimas nos meus olhos.

-O que estou fazendo demais, Camilla? Apenas dizendo a verdade! Esse clipe que você fez ficou uma merda!

O olho chocada e o mesmo revira os olhos. Eu passei mais de três horas juntando as cenas para 02:30 de vídeo para simplesmente ouvir que ficou terrível? Eu tenho certeza que ficou, pelo menos, aceitável. O pior de tudo era que já tínhamos discutido antes de ontem, ontem e, agora, hoje. Eu estava exausta desses comentários.

-Amor, eu fiquei feliz pela sua conquista, mas não acho que esteja preparada. Olha a responsabilidade desse clipe, Camilla! Você não consegue!

-Você acha? - Pergunto insegura, apesar do meu cérebro avisar que eu deveria bater a cara na porta do Nick.

-Você ainda não tem experiência nem talento suficiente para um clipe da Katy Perry, Camilla! Já estou imaginando que terei de sustentar nosso futuro sozinho depois dessa coisa que você fez. Sério, você não vai passar em nenhum concurso assim. Na real, você não tem capacidade como diretora.

Sinto algumas lágrimas saírem dos meus olhos e Nick apenas dá de ombros. Depois de respirar fundo, ele pega sua bolsa que estava encima da minha cama e me dá um beijo na bochecha.

-Pensa no que eu disse, amor.

Ouço a porta da sala se fechar e encaro vídeo a minha frente. Deve estar ruim mesmo para Nick falar uma coisa dessas. Mas eu realmente achava que tinha ficado ótimo. Mas...

DOIS ANOS DEPOIS:

Quando volto para a sala vejo todos que estavam em um sono profundo se levantando dos seus lugares, ainda sonolentos. Procuro entender a razão e logo percebo que Renato, o empresário dos meninos, estava no meio da sala junto com Rômulo. Ambos estavam com papéis nas mãos e olhares ansiosos, o que me faz pensar que já irão mostrar os resultados.

-Bom dia, diretores! -Cumprimentou, Rômulo, com um grande sorriso - Venho aqui dizer os classificados de hoje e os desclassificados.

Todos se ajeitam rapidamente e ficam em pé, esperando ouvirem seus nomes no papel. Antes mesmo que Renato falasse, ouvimos um ronco atrás deles e, se o destino me ouvir, espero que não seja Connor. Entretanto, como não tenho muita sorte, só consigo ver Rômulo me mandando acordar ele pelo olhar.

Ando discretamente para o outro lado da sala enquanto Renato falava sobre a importância desse emprego. Connor estava de pernas para o ar e roncando que nem um trovão. Com ele nessa situação, me faz ter vergonha de ser amiga dele por um segundo. Balanço seu braço e o mesmo me encara. Porém, ele simplesmente me ignora e volta a dormir logo depois. Diante dessa conjuntura, Rômulo nos olha de canto para ver como estávamos e o aviso que Connor não iria acordar tão cedo.

-Renato, minhas desculpas, mas acredito que estejam todos muito cansados do dia e imagino que seja melhor avisá-los logo dos classificados. - Todos encaram a mim e a Connor.

-Tudo bem, Rômulo.

-Eu gostaria que o diretor, com o seu alto tom de voz, pudesse falar os nomes dos classificados.

O diretor coça os olhos embaixo dos óculos escuros e se encaminha para o meio da sala. Já imagino o que virá a seguir.

-Connor Collins!

Só bastou o nome para que ele acordasse de súbito, caindo no chão. Levanta os olhos para sala e, depois de interpretar a situação, se levanta ajeitando as roupas e limpando o canto da boca.

-O que...

-Você foi classificado, Connor. Venha para cá antes que eu te leve num chuveiro para acordar -Rômulo ordena.

Nunca vi Connor correr tão rápido para o lado de Rõmulo, totalmente sem graça. Tento prender o riso.

-Olivia Traynor!

Vejo a pequena garota dar dar cinco pulinhos e correr para o lado de Connor, toda animada. Bom para ela.

-Travis Scott!

-Lucia Alves!

Já foram quatro e, pelo que murmuravam, só restariam cinco. Na mesma hora em que iriam anunciar o último classificado os meninos da banda descem as escadas, já com roupas diferentes de ontem. Joel parecia disposto para um novo dia, já Erick estava com uma cara de sono, logo depois vinha Zabdiel com seu violão, Richard de fones e por último, Christopher que mexia em seu celular. Lembro da situação de hoje mais cedo e acabo deixando um sorriso escapar pela situação embaraçosa em que ele se encontrara.

-O que temos para hoje, Renatito? -Perguntou tranquilo.

-Temos a classificação do concurso, irão restar apenas cinco, meninos.

-Nossa! Se fosse assim, eu deveria ter subido de volta, deve estar tenso. -Falou Zabdiel, nervoso.

-Na verdade, não precisa ser. Quem for classificado ou não, todos são super talentoso por si só e existem milhões de oportunidades de emprego para vocês como essa. Não desanimem, caso não sejam selecionados. -Comentou Richard, arrancando sorrisos por parte de todos.

-Exatamente. -Completou, Joel.

De repente, me questiono a razão de eu estar aqui. E se eu não for selecionada? E se Nick tinha razão em relação a mim e os concursos? Não tem como eu conseguir me animar depois. Eu já estava desanimada antes, imagine agora... Talvez eu devesse seguir outra coisa, tirar um tempo para superar de verdade o Nick ou eu só precise dormir para deixar as ideias no lugar. Nessa perspectiva, é assim que muitos caem na vida, o medo corrói. Muitos não fazem concursos por terem medo de não serem selecionados e não se acharem bons o suficiente. Não estou com medo de não ser classificada, mas tenho medo de como ficarei depois de sair daqui desclassificada.

-Camilla Louies!

Sinto meu corpo arrepiar quando ouço meu nome. Não quero fazer muito drama sobre isso, mas fico feliz de ter isto firme na minha vida. Ter um concurso que instiga e talvez me relembre o amor que tenho pelo que faço. Vai que esses cinco meninos me tragam mais coisas boas do que ruins, não é?

Logo depois de eu m direcionar para a fila dos cinco classificados e tirarmos uma foto, vejo como as pessoas se dispersaram pela sala. Algumas tiravam fotos com os meninos para mostrar aos familiares, agradecia a Renato e a Rômulo a oportunidade e Brandon e Ashley que olham para mim e Connor, revoltados por estarmos ali.

-Dois beijos, Brandon! -Connor lança dois beijos no ar para ele - Sempre te achei a simpatia mesmo! Vai na sombra você também, Ashley!

Enquanto Connor recebia um sermão de Rômulo, sinto um braço me puxar levemente e dou de cara com o dono dos olhos castanhos e o queixo melado de sorvete que me deparei hoje cedo.

-Parabéns, Camilla. -Falou, me dando um abraço apertado - Espero te ver mais por aí.

Quando se desfaz o abraço, seu rosto fica milímetros do meu e posso sentir seu hálito de menta batendo no meu rosto e logo depois, sinto ele dar um beijo na minha bochecha.

-Quando eu precisar de uma companhia para os meus momentos de sorvete já sei para quem ligar.

Ele sai, me deixando surpresa pelo que aconteceu nesses últimos 40 segundos. Vejo o mesmo ir na direção do Erick que o pergunta logo depois se ele poderia ser sua companhia para o sorvete também. Rio sozinha e fico vermelha pela situação.

Na mesma hora, Connor vem sorrindo na minha direção e me abraça forte. Fico feliz em sentir seus braços ao meu redor, pois esse abraço continua o mesmo, sempre ali, pronto para me animar e comemorar minhas conquistas. O abraço do meu melhor amigo.

-Eu nem sei porque eu estou tão emocionada. -Falei rindo enquanto tentava segurar umas pequenas lágrimas no canto dos meus olhos.

-Talvez seja porque você acabou de mostrar para si mesma que as palavras de Nick não te afetam mais.

VISUAL LOVE | Christopher Velez Onde histórias criam vida. Descubra agora