Eu podia jurar que iria desmaiar ali mesmo na pista de dança. A principal razão da minha irregularidade total estava na minha frente depois de um ano de término, de ter dito que nosso relacionamento era "tóxico" por minha causa, de ter me quebrado de todas as formas. Tudo isso resumido ao homem de cabelos castanhos bagunçados e seus olhos verdes pulsantes. Estes que nunca pensei em ver mais algum dia. Porém, lá estava eu novamente, contemplando sua íris. Muito mais gentil do que o dono dela.
-Camilla? N-nem imaginava que fosse você. -Falou, surpreso.
-É, sou eu. -Respondi, não querendo prolongar um encontro que nem deveria estar acontecendo.
-Faz muito tempo... -Comentou enquanto me encarava, como se estivesse se perguntando quando eu iria desabar.
Eu não suportava seu olhar. Ele era intimidador, como se quisesse te ver no chão apenas por encará-lo. Em três anos de relacionamento adquiri o dom de não me abalar, ser mais forte que o mesmo. Talvez fosse isso que o interessava em mim, pois eu era a única que não tremia em frente ao seu olhar. Porém, naquele momento, eu não conseguia mais olhar para ele depois de tanto.
-Bem, meu nome é Chistopher. -Falou Chris, dando um sorriso sem dente para meu ex-namorado que lhe retribuiu o mesmo. -Está tudo bem com o seu pé, Cams?
Em meio a esse momento, que gostaria de classificar como delírio coletivo, mas, lamentavelmente, era a realidade, ouvir meu apelido sair de sua boca me fez sentir mais aliviada.
-Cams? -Repetiu Nick, aparentando estranheza. -Que estranho. Só os próximos te acham assim.
Quase matei o mesmo com o olhar e ele me responde com uma piscada. Mesmo depois desse comentário, Chris, com muita educação, apenas dá um aceno de cabeça. Depois precisaria conversar com ele. Eu me encontrava em uma situação que nunca imaginei e nem conseguia falar direito. Eu não sabia o que fazer. Minha maior vontade era me esconder como fiz durante 365 dias. Eu precisava fazer alguma coisa.
-Chis, Vem cá! Eu preciso te mostrar uma pessoa! -Gritou Zabdiel, animado e puxando o equatoriano do meu lado.
-Depois falo com você, certo? -Perguntou, preocupado.
-Sim, sem problemas.
Por mais que eu seja eternamente grata a Zabdiel por ter tirado alguém que não merecia estar nessa situação, eu também queria ter ido junto. A última coisa que eu queria era estar junto de Nick sozinha.
-Adorável.
Olho para o mesmo e ele tinha um sorriso satisfeito no rosto e queria bater na Camilla que amava aquele sorriso antigamente, ainda habitante de minha mente. Era simplesmente assustador como as minhas memórias fazem efeito nos momentos mais inoportunos.
-O que você está fazendo aqui? -Perguntei direta, tentando não fazer com que o álcool em minhas veias extrapole meu senso crítico e paciente.
-Me divertindo, não? Como todos os outros jovens solteiros pelas festas espanholas.
Não respondi. Ele não merecia resposta alguma minha. Eu simplesmente queria que ele sumisse dali.
-Soube que está fazendo um concurso para a ser diretora artística da banda CNCO. -Falou enquanto se aproximava e eu recuava cada vez mais para o bar. -É um bom emprego para alguém que já estava parada no mercado de trabalho.
-Por sua causa. -Respondi direto e me arrependo na mesma hora pelo efeito do álcool.
Quando ele senta no banco ao meu lado do bar, consigo sentir o seu perfume. Mais que droga de perfume. É sempre o mesmo. O mesmo cheiro. O cheio dele. Era ele. Isso só pode ser um delírio coletivo. Ele estava do mesmo jeito, sem tirar nem por.
-Não me culpe se você não consegue superar um término de merda, Camilla. -Falou enquanto dava um gole em sua bebida branca e sinto o impacto de suas palavras em todo o meu ser.
Eu não sei como, mas foi totalmente instintivo: Joguei a primeira bebida que vi na bancada em seu rosto. Eu não suportava mais ver ele e nem ouvir o que ele falava. Eu estava cheia e bêbada também.
-Não acredito que você fez isso.
-Quer que eu jogue a de framboesa para você se certificar disso? -Perguntei divertida, pois o álcool estava me dando uma confiança absurda contra ele.
-Se eu fosse você, não faria isso. Não por ser o seu ex-namorado, mas agora também como seu orientador do concurso.
Meu chão desabou. Eu não conseguia acreditar que ele estava ali na minha frente e manteria contato comigo por um longo prazo.
-Você está brincando com a minha cara. -Falei, com medo.
Ele solta um sorriso de lado enquanto limpava o líquido de seu blazer preto. O blazer preto que eu dei a ele há dois anos atrás. O que ele estava querendo fazer comigo esta noite? Ele está acabando comigo mais uma vez.
-Nunca pensei que minha primeira oportunidade de ser orientador visual viesse com um bônus Camilla. -Gargalhou enquanto dava um gole em sua bebida novamente -Será divertido.
Simplesmente saio correndo do bar em direções aleatórias em busca de algum lugar para respirar. A música estava alta e a balada parecia mais cheia do que quando chegamos, as pessoas já estavam se espremendo e o calor era imenso. O cheiro de bebida alcoólica e rostos de pessoas desconhecidas estavam me deixando apavorada, como se a única pessoa que eu conhecesse ali fosse eu mesma. Eu não estava conseguindo respirar. De repente, bati de frente com um corpo, quase caindo para trás e agradeço mentalmente por ser Connor.
-Eaiiiii, Cams? Que cara é essa? -Perguntou me dando um abraço e tento não desmaiar ali mesmo.
-Nick está aqui. -Sussurrei, sentindo a música pressionar minha cabeça e os meus ouvidos cada vez mais.
-Não escutei.
Respirei fundo e falei:
-Nick. Está. Aqui.Não tardou para que Connor me puxasse para onde eu tinha apontado, dando para ele a visão do meu delírio pessoal que agora eu poderia chamar de coletivo. Lá estava ele com seu blazer, bebendo sua bebida, com pequeno sorriso malandro nos lábios e um olhar divertido. Quantas vezes ele ficava assim no meu apartamento, me esperando depois do trabalho? Eu não podia deixar que minhas memórias voltassem. Sinto meu corpo sentar em um sofá e quando meu melhor amigo caminha em direção a Nick e o puxa pela camisa, o desespero entra em meu peito.
-O que você pensa que está fazendo aqui? -Perguntou, sem paciência.
Algumas pessoas pararam para olhar a discussão, o que me deixou completamente envergonhada. Eu simplesmente queria sumir dali.
-Já expliquei para a sua amiga. Estou trabalhando.
-Trabalhando em cima do que ela conquistou esse tempo todo?
-Qual é, Connor. Essa história novamente? Você e eu sabemos que não tem espaço para mulheres no nosso mercado, ela nunca conseguiu nem nunca conseguirá ser uma artista como nós.
Consigo ouvir o barulho do soco que Connor dá no rosto dele e o barulho era muito alto comparado ao da música. As pessoas já estavam observando a "briga" com olhares vidrados.
-Você viu o que aconteceu agora pouco? Sua amiguinha com um novo cara... Eu acho isso patético.
Mais um soco de Connor. Eu não gosto de violência em qualquer circunstância e, consequentemente, não conseguia assistir esse embate entre os dois e não estava me sentindo bem fisicamente. Podia me sentir Tonta.
-Ei! Acabou a briga agora! -Ouvi o grito de Richard, tentando separar os dois, mas meus olhos não estavam enxergando a cena com clareza.
-Camilla? Você está bem? -Ouço a voz de Chistopher, o qual segura minha cabeça com cuidado.
De repente, tudo ficou escuro assim como todas as minha esperanças ficaram quando dei de cara com o cara que me destruiu em três anos.
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VISUAL LOVE | Christopher Velez
Hayran KurguATENÇÃO: SE VOCÊ ESTIVER LENDO ESTA HISTÓRIA EM QUALQUER OUTRA PLATAFORMA QUE NÃO SEJA O WATTPAD, ESTÁ SOB RISCO DE SOFRER UM ATAQUE VIRTUAL (MALWARE E VÍRUS). SE VOCÊ DESEJA LER ESTA OBRA EM SUA VERSÃO ORIGINAL, BASTA ACESSAR ESTE LINK: https://my...