Capítulo 4: Jantar com o Pastor.

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Saio do banheiro, e Evans está com minha tela em suas mãos, encarando o próprio rosto que eu pintei dias atrás.

Fico parada no lugar, minha expressão entregando a vergonha que estou sentindo.

- Você pinta muito bem - ele diz, ainda olhando para a tela. Devagar, ele pendura a tela no mesmo prego que dias antes eu havia colocado.

O cara deve ser muito bom para até agora não ter sido preso, ou encontrado.

Vamos a retrospectiva: assim como ontem, hoje ele está usando um terno muito bem alinhado, de cor preto. Há anéis prateados em suas mãos, e seu cabelo continha bem penteado. Dessa vez consigo ver um relógio de prata em seu pulso, e obviamente ele é de marca.

Aparentemente ele só deve andar com bastante dinheiro na carteira, pois ontem ele me deu uma nota de cem reais para pagar a conta do café, e ainda deixou que eu ficasse com o troco.

Quem é ele? Algum mafioso?

Meus devaneios são interrompidos, quando olho para ele e vejo que ele está me encarando, esperando por uma resposta a pergunta que ele fez e eu não ouvi.

- Jody, você precisa nos passar sua rotina - ele diz pausadamente. Ele só pode estar de brincadeira. - Quais os lugares que você frequenta? Tem algum horário estipulado para as suas atividades?

- Para com isso - jogo as mãos para o alto. - Isso - é - loucura!!!

Sem ter medo de sua reação, tomo a tela de sua mão e volto a escondê-la debaixo da cama.

- Afinal, quem é você? - pergunto ríspida.

Toda essa história já me deixou de saco cheio, e agora já não me importo mais em te irritar ou parecer um "problema" em seu caminho.

- Já te disse quem sou - diz simplesmente. - Evans. Não está lembrada?

Rio sarcasticamente.

- Ah, sim, Evans. Muito esclarecedor!

- Se você fosse um pouco mais esperta, a essa altura saberia mais sobre mim. É tudo questão de saber observar.

Como é que é? Mais esperta?!

Meu Deus.

- Escuta aqui seu doente, eu não me importo com nada do que você está dizendo, só sei que 1: quero que pare de me seguir, 2: quero que fique longe do meu serviço, e 3 - aponto meu indicador em direção a janela. - Quero que saia da droga do meu quarto!

Evans sorri.

Sua expressão é de puro divertimento, e sei que ele não me levou a sério.

- Você até que é sensata, sabia? No começo eu pensei que poderia vir a ser imprudente, mas agora vejo que você sabe raciocinar, e que, não fará nenhuma besteira.

Continuo o olhando em silêncio, meu dedo ainda apontando para a janela.

Evans estende os braços em sinal de rendimento, e da mesma forma que entrou, ele sai pela janela, seu corpo cumprido se movimentando com destreza.

Ele olha para trás, e em seguida, desaparece em meio aos arbustos.

Estou ofegante devido a ira que percorre em meu corpo.

Irritada, fecho a janela, puxando o pino de ferro que há pelo lado de dentro. Deixo as cortinas bem fechadas, e me asseguro de que está tudo bem tampado, para que quem estiver do lado de fora não consiga me ver.

Minhas coisas estão espalhadas pelo chão, e isso me deixa mais furiosa.

Deus me ajude.

Quem ele pensa que é?

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