Capítulo 22 - Pisando em Cacos de Vidro.

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BRANDON 

Enquanto dirijo pelas ruas largas e pouco movimentadas da cidade, penso nas regras que Evans havia estabelecido para todos do grupo. 

Uma delas é a de que estamos proibidos de ficar nas ruas se não houver serviço a ser feito. 

Foda-se. 

Sou um espírito livre, e jamais me permito ser dominado.

Além do mais, estou com a Patricinha ao meu lado, e ela será a minha desculpa para ficar perambulando por aí. Se houver questionamentos, posso facilmente usar a desculpa de que ela estava precisando tomar um ar fresco.

Jody está sentada ao meu lado no banco, e seu rosto está virado para o outro lado. Está apreciando a vista pela janela, o que não é de menos, já que estamos passando em frente a um grande parque que há no Centro da cidade.

Percebo que ela tentou se arrumar melhor vestindo roupas novas, jeans escuro e camisa preta. Seu cabelo está penteado e preso para trás em um rabo de cavalo, e em suas mãos há um casaco branco. 

Ainda assim dá para perceber que o que ela precisa mesmo é de um banho frio, pois a impressão que tenho é a de que ela ainda não está presente em nossa realidade, e que somente isso a faria acordar.   

E talvez um energético. 

Abro todas as janelas e acelero o carro, de forma que o máximo de vento possível toque em nossos rostos. Tento não demonstrar minha frustração com o nosso silêncio, pois não quero demonstrar fraqueza.

Não sou o tipo de cara que gosta de ficar batendo papo sem que haja algum interesse dentro de mim pela outra pessoa, e agora isso se mostra péssimo, pois se a minha intenção é ganhar a confiança dela, eu precisarei, no mínimo, conversar com ela. 

A questão é que eu até tenho um interesse por Jody, mas de outro tipo. É o interesse que não estou acostumado a ter por mulheres, já que normalmente minha única interação com o sexo femino é quando se trata de sexo e dinheiro.  

Tendo isso em vista, não sei como agir perto dela, tampouco o que falar, pois está fora de cogitação flertar ou tentar seduzí-la. 

Decido que tentarei, dentro das minhas limitações, ser gentil

A palavra ecoa em minha mente de uma forma desagradável, pois sei que muito provavelmente irei falhar. 

Ela é nossa inimiga, uma infiltrada da polícia. 

Neste momento eu deveria estar enchendo ela de bala, mas a maldita possui proteção não só da polícia, mas do babaca do meu chefe também. 

Ótimo. 

Tento não pensar tanto, pois minhas opções são limitadas. 

- Você está com fome? - pergunto tentando puxar conversa com ela. 

Jody apenas balança a cabeça afirmativamente, e eu sinto meu punho fechar. 

Ok, preciso manter a calma, penso. 

- Eu conheço um restaurante legal - continuo falando, e me sinto um idiota - Eles tem coxinhas de frango e refrigerante na promoção. Você gosta de refrigerante? Deve gostar, né? Todos os jovens bebem refrigerante... - percebo que estou falando demais, e que estou falando aleatoriedades. Isso me irrita. 

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