Capítulo 21 - Surtos.

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JODY

Hoje faz exatamente uma semana desde a visita inesperada de Miranda em meu apartamento. 

Desde aquele dia eu não pude deixar de pensar em inúmeras situações em que eu poderia me meter e que, com toda a certeza do mundo, eu sei que irão me prejudicar, de uma forma ou de outra. 

Ao longo desses últimos dias não consegui ver Evans com a intensidade que eu gostaria, pois ele sempre dizia estar muito ocupado com alguns problemas do "Trabalho", e que sempre que eu precisasse eu poderia chamar um dos rapazes que estava cuidando de mim. 

Não sou idiota. 

Sei que os homens que se mantém vigilantes do lado de fora do apartamento não estão ali para me proteger. 

Eles estão ali para me vigiar. 

As palavras de Miranda, ditas há sete dias, me fizeram analisar minha situação sob um olhar diferente. 

De uma inocente e indefesa moça, eu passei para uma suspeita e mentirosa em potencial. 

Eu reparei nos últimos dias a forma como Evans olhava para mim, tentando passar uma naturalidade que não pertencia a ele. Seu olhar era intenso, curioso, era como se estivesse tentando ver por de baixo de minha pele, através de minha alma. 

Nunca fui boa mentirosa, mas mentir e omitir são coisas bem diferentes. 

Meu silêncio para algumas de suas perguntas com certeza o deixou bastante desconfiado, mas ele, com seu sentimento por mim, nada dizia ou indagava. Apenas assentia lentamente com a cabeça e me dava um beijo de despedida. 

Algumas vezes eu tinha a impressão de que essa despedida, na realidade, poderia ser um adeus. 

Sentada no sofá da sala, observo atentamente o movimento da rua. A janela está aberta, e as cortinas estão presas de uma forma que tenho ampla visão dos carros velozes e pedestres que caminham alegres pela calçada. 

No início os rapazes se esforçavam para se manterem longe de mim, de forma que eu não "suspeitasse" que eles estavam por perto. 

Mas agora, enquanto finjo prestar atenção na televisão com o controle remoto mudando de canal, olho de soslaio para o carro preto que está parado do outro lado da rua, de frente ao meu prédio. Os vidros são escuros, e eu não sei dizer qual a marca ou ano do veículo. 

Mas posso afirmar que o motorista ainda está dentro do carro. 

Como eu sei disso? 

Vi o carro parar ali, às 03h00am, e não vi ninguém sair ou entrar. 

É o meu segurança. 

Ou melhor dizendo, é o meu vigia. 

Ficar sozinha aqui dentro não é fácil. 

Depois de limpar todo o espaço e fazer tudo que me é permitido aqui dentro, fica difícil controlar meus próprios pensamentos. Entro em longos devaneios, dos quais sempre me pego questionando a certeza que Miranda possui ao proferir suas palavras, e a forma em como Evans se expressa diante de mim. 

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