Capítulo 6: Meu novo vizinho.

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Não tive dificuldade em realizar a mudança para o novo apartamento.

Como eu tinha um dinheiro guardado, paguei três meses adiantando o aluguel para Jordan, mesmo com os protestos dele.

São poucas as coisas que tirei de meu antigo quarto, tais como roupas, um rádio, meu espelho, minhas telas e tintas e um criado mudo.

O resto? Deixei para trás.

Tive que assistir enquanto minha mãe chorava na porta de casa, gritando para os quatro ventos o quanto eu tinha arruinado suas vidas, e em como o pessoal da igreja julgaria de forma ruim eles.

Se eu me importo? Nem um pouco.

Depois de minha conversa com Ângela decidi que não irei mais a igreja. Minha fé em Deus é o suficiente para mim, e agora sei que não preciso mais me prender a religiões ou a pastores para poder alcançar a salvação.

Estaciono o carro em frente ao meu novo endereço, e levo uma das caixas para dentro do apartamento.

Hoje o dia está escuro, o tempo chuvoso ameaçando ceder a qualquer momento.

Meu cabelo cai no rosto enquanto me abaixo para colocar a caixa no chão.

Volto para o carro, e no espelho, vejo que meus hematomas melhoraram bastante, quase desaparecendo.

Vejo um Impala preto estacionado em frente ao prédio vizinho. Este carro não me é estranho.

Sinto uma mão tocar o meu ombro, e dou um pulo.

- Você quer ajuda? - uma voz em tom irônico pergunta.

Pelo espelho vejo seu reflexo parado atrás de mim, os olhos verdes fixos nos meus.

- Evans - digo surpresa, me virando para ele. - O que está fazendo aqui?

- Eu é quem te pergunto - ele balança os braços. - O que você pensa que está fazendo aqui?

Cruzo os braços.

- Estou me mudando, ué. Aluguei o apartamento - aponto com o queixo para o prédio.

- Só pode ser brincadeira... - ele balança a cabeça, o sorriso irônico em seu rosto.

- Posso saber qual é o problema? - questiono irritada.

- Você deveria ficar longe de mim!

Dou risada.

- Ah, sim, é verdade. Eu deveria ter pensando nisso antes de vir te seguir... Ah não, espera, espera - bato o dedo em minha cabeça. - Não era você quem vivia me seguindo?

Ele faz cara feia diante o meu sarcasmo.

Ignoro ele, e pego minha mala, a puxando até as escadas.

- O que aconteceu com o seu rosto? - ele me segue para dentro do apartamento.

Paro onde estou, e o olho assustada.

Não posso me permitir esquecer quem ele é e o que ele fez.

- Meu pai me bateu - respondo. - Saia daqui!

- Porque ele te bateu? - ele ignora minha ordem. - Andou aprontando, foi?

Finjo que não o escutei, e volto para a calçada.

Ele vem atrás de mim.

- Eu vi a polícia - ele pega em meu braço, e me puxa para perto de si. - Você disse alguma coisa?

- N- não - respondo assustada com a sua aproximação. Sinto dor, pois sua mão está apertando em meu machucado. - Por favor, me solta.

Me ignorando de novo, ele me arrastam para dentro do apartamento, e me faz sentar no sofá.

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