Capítulo 24 - Cartas na Mesa.

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BRANDON 

Eu estou pronto para ouví-la confessar. 

Estou pronto para ouví-la admitir o seu erro. 

Admitir que todas as minhas suspeitas estão certas. 

Admitir que seu relacionamento com Evans é somente um pretexto para se manter próxima de nós. 

Que sua única intenção é a de captar informações valiosas para a polícia, a fim de nos derrubar lentamente. 

Mas não é nada disso que eu ouço. 

Embasbacado, mas com minha expressão facial intacta, continuo ouvindo Jody falar sobre o dia em que Miranda apareceu em seu apartamento. 

E sobre a forma como ele a ameaçou caso ela não aceitasse manter uma cooperação entre eles, com a intenção de nos fazer ficar contra ela. 

- Ele disse que vocês uma hora ou outra iriam querer se livrar de mim - ela choraminga, e então funga. 

Eu quero me livrar de você. 

- Disse que não iria demorar para vocês perceberem que eu sou um peso morto, e que só estaria atrapalhando a todos.

Você está atrapalhando. 

Com a voz rouca e o corpo inteiro trêmulo, Jody se aproxima de mim e então tira do bolso da calça um pequeno cartão prateado. 

Ela o estende para mim, mas eu não o pego. 

Leio de longe o nome de Miranda e alguns números escritos na linha de baixo, mas isso me é irrelevante. 

Não consigo mais prestar atenção em nada do que ela diz, e a sua voz passa a soar de maneira disforme e incoerente para os meus ouvidos. 

Abaixo o olhar e o fixo em minhas mãos. Ainda estou sentado no sofá, mas a excitação que estava sentido anteriormente, ao pensar que estava próximo de descobrir a verdade, se foi. 

Há um conflito dentro de mim, e eu luto para manter a racionalidade intacta. 

Uma parte de mim ainda desconfia de tudo o que sai da boca dela. Não parece real, não parece normal, uma situação dessas ser narrada por uma garota tão jovem como ela. 

Mas afinal de contas, o que é normal na vida de Jody?!

A outra parte de mim, a parte que julgo ser boa, pelo menos o suficiente para mantê-la em segurança, entende o desespero da menina à minha frente. Essa parte consegue enxergar a vulnerabilidade, a delicadeza das emoções dela e a forma como o seu psicológico está abalado. 

E como ele sempre esteve assim, provavelmente.  

Jody nunca teve apoio emocional de seus pais. 

Sempre foi podada por quem deveria lhe ensinar a voar, é a típica menina certinha que obedece as regras que lhe são impostas e que cumpre com os horários de retorno para casa. 

Olhando para ela eu consigo imaginá-la indo com eles para alguma dessas igrejas recém construídas em esquinas. Consigo imaginá-la inocente, pura e manipulável. 

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