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Mateo se mexia incansavelmente no braço da mãe quando esta tocou a campainha de sua antiga casa. Ela tinha a chave, mas não queria ser invasiva. Não sabia o que seu irmão estava fazendo e não queria chegar sem avisar. 

Mas sua dúvida acabou quando o rapaz abriu a porta com um sorriso largo no rosto.

- Eu estava esperando por você.- Ele disse dando espaço para ela entrar e assim que a garota o fez, ele fechou a porta atrás de si. - Esse é o Mateo?

Melanie sorriu fraco assentindo com a cabeça. Seu filho ergueu as sobrancelhas em dúvida, sabia que estavam falando dele por ouvir seu nome sendo citado.

- Sim. - Melanie disse passando as mãos pelos cabelos curtos do filho que estavam assanhados, já que este não parava quieto. - Filho, esse aqui é o Tio Juan.

O menino ergueu o olhar para o rapaz em sua frente que o olhava com um sorriso largo nos lábios.

- Ei, campeão. - O mais velho disse de forma simpática.

- Você quer brincar com ele, amor? - A mulher perguntou ao filho que um pouco receoso esticou os braços para que o outro o pegasse. - Ele é calado no início, depois se solta.- Melanie explicou quando seu irmão pegou o pequeno nos braços.

- Ele é a sua cara, Mel. Igualzinho a você. - Juan disse analisando cada pequeno detalhe do sobrinho. Melanie via nitidamente características de seu ex namorado na feição do filho, mas não disse nada porque não queria que o irmão começasse a falar sobre seu ex. - Você vai passar o dia aqui comigo?

- Até o Isco vir me buscar, a casa dele não é perto e eu não tenho carro. - A garota disse se espreguiçando. - Provavelmente fico até a tarde, mas não precisa se preocupar comigo. Eu vou ficar no quarto, arrumando as caixas que ainda falta levar para casa do Isco.- Ela explicou, vendo o irmão respirar fundo.

- Posso te perguntar uma coisa? - Ela sabia onde estava entrando. Sabia que o assunto não a agradaria, mas não tinha outra saída. Por isso, afirmou com a cabeça. - Você se recusa a falar do Enzo, se ainda te machuca tanto apenas falar sobre ele, é porque você ainda o ama. Não é?- Não foi bem uma pergunta, mas sim uma acusação que fez Melanie rir e negar com a cabeça quase de imediato.

- Juan, eu respeito que você venha aqui e queira conhecer seu sobrinho e se redimir comigo, mas vir falar do Enzo já é demais. Eu não o amo mais e eu digo isso com convicção, porque eu amo o Isco. Eu não falo sobre ele porque a dor que ele me causou quando saiu por aquela porta me deixando com o Mateo na barriga, foi enorme. Eu não falo sobre ele porque me parte o coração saber que o meu filho não teve um pai para ver ele engatinhando, não teve um pai pra ouvir ele dizer "papa" pela primeira vez, não teve um pai para abraçar ele contra o peito quando ele acordava durante as madrugadas chorando desesperado depois de um pesadelo. A questão não é amar ou não amar o Enzo, porque eu já tenho isso bem resolvido comigo, a questão é essa criança aí no seu braço. Eu não falo do Enzo, porque sofro pelo Mateo.

Ela respirou fazendo uma pausa, era um assunto muito delicado para a mulher.

- E eu não estou dizendo que preciso do Enzo para criar o Mateo. Longe disso. Eu consegui me virar muito bem, por mais difícil que tivesse sido trabalhar amamentando, por mais difícil que tivesse sido para nossa mãe ficar o dia todo com ele chorando, porque ele não se saciava com o leite industrial, só queria o materno. Foi difícil demais, Juan, mas eu me orgulho por não ter precisado dele para que o Mateo crescesse bem. Meu receio é só quando ele crescer, for pra a escola, ver os pais dos amiguinhos e quando perguntado sobre o seu, ele não saber o que responder.- A psicóloga sorriu fraco, vendo o filho deitar o rosto no ombro do tio, totalmente alheio a conversa.

Bad Reputation || Isco AlarcónOnde histórias criam vida. Descubra agora