05 | A lebre e a tartaruga

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O barulho chamada de celular encheu o quarto das maknaes. Joy tateou procurando o celular em sua penteadeira, sem sair debaixo das cobertas. Ela estava pronta para xingar a pessoa que tinha a feito sair daquelas cobertas aconchegantes, quando ela paralisou ao ver que a chamada era de sua mãe. A irritação deu lugar a alegria, pois fazia algum tempo que ela não falava com sua mãe.
Apesar de ser uma mulher de meia idade, a senhora Park , ao contrário de muitas mulheres da sua idade, era avessa as novas tecnologias. Não queria aprender a usar a internet e nem aplicativos de mensagens. Ela era tradicional e preferia ouvir a voz de seus entes queridos.
— Mãe! Que surpresa boa! — Soo-young falou emocionada.
— Ter que ser de surpresa né? Senão você não liga mais pra casa. — A senhora Park rebateu. Joy podia imaginar ela do outro lado do telefone falando com a sobrancelha arqueada, indicando o início de um sermão. Soo-young respirou fundo, concordando em pensamento com sua mãe. Fazia muito tempo que ela dava um telefonema sequer.
— Mãe, me perdooa. Eu tenho trabalhado muito ultimamente...— Joy não conseguiu pensar em outra desculpa melhor pra dar. Mesmo sendo por telefone, não conseguia mentir para sua figura materna.
— Eu sei que você está ocupada, mas achei que você fosse ligar ao menos no dia da estreia do seu programa né? Pra saber o que a gente achou. — Argumentou a senhora.
— Eu achei melhor ficar longe do telefone ontem. Sabe o que o povo fala... — Soo-young deu ínicio a uma desculpa esfarrapada.
— A opinião das pessoas não é mais importante que a nossa! Todos aqui adoramos o programa! — A senhora Park bradou orgulhosa do outro lado da linha. Se havia uma coisa que irriava sua mãe, era negatividade. Ela sempre procurava dar apoio, nos momentos mais difícies. Até mesmo quando a atriz enfrentou problemas de peso, sua progenitora tentou colocá-la em uma bolha de felicidade.
— Jura? Até minhas irmãs? — Joy sorriu, satisfeita por ser reconhecida por suas irmãs mais novas. Uma das coisas ruins deles ainda morarem em Jeju era o fato dela não poder acompanhar adequadamente o crescimento das pequenas.
— Sim, elas estão muito orgulhosas de você... a mãe dela respondeu. — A atriz tentou imaginar como foi a reação das duas pestinhas. Se pudesse, ela mandaria mensagens para elas todos os dias, porém a mãe era avessa a tecnologia, e não deixava as meninas terem muito acesso a internet por temer que as meninas vissem o que não deviam. Em partes, Soo-young concordava com aquele posicionamento, pois tinha medo de que elas ficassem chateadas ao lerem comentários negativos na internet.
— ...tanto que a caçula quer tentar a vida de idol, igual você... — Aquela parte dita pela senhora Park foi como um estalo, fazendo Joy cair de para quedas do mundo dos sonhos. Querer ser idol? Sua pequena princesa queria também se envolver naquele mundo hostil?
— Não! — Aquela exclamação saiu da boca de Joy sem que ela pudesse controlar.
— Não, como não? Você não gosta de ser idol? A mãe de Joy perguntou preocupada.
Naquele momento o desespero tomou conta de Soo-young. Ela tinha falado o que não devia. Ela sempre escondia da mãe a parte ruim da fama. Não que ela tinha se arrependido da sua carreira. Adorava o que fazia. Mas só de pensar em suas irmãs tendo que lidar com ataques de haters, fãs malucos e empresários suspeitos, ela se arrepiou de repulsa.
— Não é bem assim... é que a So-Hee gosta tanto de matemática? Por que ela não quer tentar a área de exatas?— Joy desconversou.
— É, isso é verdade. Desde pequena você fazia teatro, já gostava de artes...ela só começou a gostar por sua influência. — A mãe de Joy respondeu num tom de voz tranquilo. Joy suspirou aliviada, por conseguir despistar a mãe. A última coisa que ela queria no mundo era preocupar sua família.
— Sim, eu acredito que ela vá por esse caminho. E eu vou ter condições de ajudar na faculdade delas! — Joy propôs.
— Soo-young, eu não quero ver você trabalhando pra isso viu? Eu já disse que vou dar um jeito. Se cuide e por favor, trabalhe menos. Não me faça pegar um vôo pra ir até aí viu? — A mulher repreendeu.
— Sim mãe, eu estou me cuidando. Não tem com o que se preocupar. — A jovem tentou tranquilizar sua genitora.
— Promete que vem ver a gente na primeira oportunidade filha? Nós estamos com muita saudade. – A senhora pediu.
— Sim mãe, eu prometo. Eu também sinto falta de vocês, todos os dias. Depois de terminar de gravar o variety, em outubro, eu vou ter uma pausa antes do grupo voltar.
— Ah então vai ser em breve! Me ligue quando comprar as passagens, vou fazer seu prato favorito no dia! — A mãe de Joy praticamente gritou, de tanta empolgação. A voz saiu tão estridente, que encheu o recinto. Joy tentou tapar o bocal do celular para não acordar Yeri, mas ela viu que maknae já estava se levantando.
— Ah mãe, não vejo a hora de voltar! Vai passar rápido, você vai ver...mas agora eu tenho que desligar, ok? Tenho gravação daqui a pouco. Joy procurou encerrar a ligação. Yeri quando levantava irritada... se transformava em verdadeiro demônio.
— Um beijo minha querida. Não esqueça de almoçar bem. — Ela se despediu.
Joy encerrou a ligação com uma mistura de sentimentos. Estava muito feliz ao ver que sua família estava orgulhosa dela. Porém, ver sua irmã querendo seguir seus passos foi uma surpresa ruim. Só restava torcer pra que aquilo fosse só um fogo de palha.
— Eu que acordo por último e você que está com cara feia? Era a gerente? — Yeri bocejou, enquanto sentava na cama.

Deixe Cair »  Kim SeokjinOnde histórias criam vida. Descubra agora