Salvatore

Capítulo XXV

Nosso novo personagem Mike, na mídia.

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Elizabeth.

– Pode colocar suas coisas na salinha ali atrás, o equipamento de fotografia já está sendo montado, assim que terminar as fotos pode anexá-la ao seu projeto e apresentar para a Sra.Stevens. – Lola a simpática secretária da minha, se Deus quiser, futura chefe diz e aponta a parte da sala onde poderei trabalhar. – Os empresários ainda não chegaram, então se quiser pode ir organizado às coisas com o resto da equipe.

– Obrigada. – Sorri pra ela com a pouca simpatia que tenho e ela retribui. Estou nervosa, minhas mãos estão trêmulas, mas tenho que me manter firme caso queira esse emprego e eu o quero muito.

Passei a noite anterior inteira trabalhando nos slogans dessa campanha, estou na base do café e da adrenalina causada pela ansiedade há horas, porém estou confiante e acho que vai dar tudo certo, ok devo admitir que parte da minha ansiedade é por ter que trabalhar com Dominic, ter que ficar em uma sala com esse homem por mais de dez minutos é torturante o suficiente para mim, quem dirá ter que ficar tirando fotos dele... por longos minutos, porém vou fazer minha maior cara apática e fotografar esse homem como fotografaria sei lá um objeto inanimado, não vou olhar em sua direção e muito menos falar com ele e logo depois dessa sessão nunca mais terei que estar no mesmo ambiente que ele, depois irei apagá-lo da minha memória e fingir que nunca pisei na Itália e fim, isso mesmo, vai dar tudo certo.

Me dirijo até o canto da sala e retiro o terninho que estou vestido, tentei parecer seria hoje, então estou de jeans, botas e uma simples blusa com um terninho para parecer que sou uma mulher madura e profissional.

Coloco meus equipamentos no chão e começo a retirá-los com cuidado, essas câmeras são caras pra cassete, não podem sair daqui com nenhum risquinho.

– Olá, você é a fotógrafa substituta? – Um cara alto e de óculos me pergunta sorrindo, ele usa uma blusa xadrez, tem olhos castanhos gentis e covinhas muito fofas.

– Ah! Oi! – Me levanto e estendo a mão para ele, que retribui em um aperto sutil. – Elizabeth Moore, mas pode me chamar de Lizzie.

– Oi Lizzie, Michel Clark, mas pra você é Mike. Ei, bela câmera. – Aponta para a canon que seguro com todo o cuidado.

– Ah é sim, foi tão caro que cuido como se fosse um filho. – Ele ri e eu o acompanho.

– Sei bem como é, difícil ser aspirante a fotógrafo quando o preço das câmeras é o preço de duas semanas de almoço. – Dou risada e continuo a arrumar minhas coisas, ele se abaixa e me ajuda.

– Tem um sorriso bonito Lizzie...

– Obrigada. – Respondo meio sem graça, oh oh não vá por esse caminho meu querido. Me levanto e continuo a arrumar as coisas.

– Vai ficar aqui até tarde né? Pra terminar o seu teste?

– Como você sabe..

– Às vezes ela faz isso, a chefe, os maiores destaques ela põe com maior pressão ela quer ver como você vai reagir, mas não se preocupe tenho certeza que você vai se sair bem, se precisar de ajuda na hora da edição eu conheço uma lanchonete bem legal aqui perto e tem um preço bom também, então...

– Ah, ela não vai precisar. – Aquela voz soa atrás de mim, pelo que conheço de Dominic ele está se controlando, mas esse filho da puta não tem o direito de ter raiva, nós não temos nada, não ia aceitar o convite de Mike, mas agora me deu uma vontade..

– Vou sim, está marcado Mike. – Sorrio forçado e ele me retribui, após desviar o olhar de Dominic.

– Ótimo, vai ser ótimo.. – Ele parece sem graça e levemente trêmulo com a presença de Dominic que não desvia os olhos dele como um falcão, percebo que ele corta o que iria dizer quando chegam novos membros da equipe e eles o chamam. – Eu já volto.

– Ok. – Sorri mas assim que ele vira as costas faço minha pior cara para Dominic. – Quem te deu o direito de responder por mim?

– Mike? Sério? Isso nem é nome de gente, é nome de cachorro.

– Ah cala essa boca, não sei nem porque estou falando com você, meu trabalho é tirar fotos. – Praticamente sussurro tentando controlar meu tom de voz e evitando chamar atenção, brigar com um chefão logo no meu primeiro dia seria péssimo pra minha carreira.

– Vai continuar com isso não é?  – Me pergunta impaciente, bem menos contido do que eu.

– O que? Te ignorar? Sim eu vou, então pare de falar comigo e pare de interromper o meu trabalho. – Paro de falar quando vejo o resto da minha equipe se aproximando e o resto dos empresários entrando na sala. – Tenho que trabalhar, com licença.

Dominic.

Inacreditável!

É inacreditável que esse projeto de homem esteja dando em cima de Elizabeth bem na minha cara e eu não possa falar nada!

O jeito que ele a olha e a chama de Lizzie me faz ter vontade de pegar aqueles óculos e o fazer engolir, e para piorar tudo esses homens ao meu redor são um bando de imprestáveis, apenas despejando merda por suas bocas com dentaduras clareadas, homens burros, mal sabem que o poder que eles acham que tem pode ser tirado deles com um piscar de olhos, mas como já estou bravo o suficiente com o merdinha apenas respiro fundo e bebo mas um gole desse café, enquanto observo Elizabeth trabalhar como a porra de um psicopata.

– E então Phill como vai sua secretária? É uma mulher bem interessante. – Um dos homens pergunta ao outro.

– Demiti semana passada, ela não entendeu o significado de sexo casual. – Ele diz e outro homem ri.

– Elas nunca entendem. – Deixo escapar uma leve risada, pobres burros, mal sabem eles que essas mulheres sabem muito bem o que estão fazendo, enganado velhos ricos em troca de uma boa pensão ou um divórcio bem remunerado, eles são os únicos a confundir coisas aqui, confundir todos os orgasmos que com certeza elas fingem.

– Senhores? Podemos tirar as fotos? – O merdinha aparece na porta e toda minha alegria momentânea se esvai. Respiro fundo e me dirijo até a área indicada onde as fotos serão tiradas.

Durante as fotos Elizabeth se manteve séria e concentrada, minha garota tão boa no que faz, a sessão de fotos não demora muito por volta das onze da manhã, depois de respondermos à algumas perguntas de uma outra garota os empresários já vão indo embora, procuro ser o mais cuidadoso e objetivo possível ao responder essas perguntas, não posso deixar brechas para que desconfiem de algo, espero que todos os homens saiam e espero Elizabeth que demora mais alguns minutos na sala com o resto da produção, ela é a última a deixar a sala e fico imensamente feliz por isso, mesmo tendo ouvido o idiota falar que iria esperar por ela no saguão.

– Elizabeth! – Digo enquanto a sigo até o elevador.

– Não! – Responde e fecha a cara.

Me controlo e entro no elevador logo após dela, escolho ficar em silêncio por alguns segundos, preciso pensar. Espero as outras pessoas saírem e assim que ficamos sozinhos, aperto o botão de emergência que para o elevador.

– Mas que merda foi essa? O que você fez? – Grita enquanto se segura nas paredes, com o tranco que o elevador da. – Tira a mão desse botão agora. Anda, Dominic! Estou mandando.

– Não Elizabeth, agora você vai me ouvir.