Depois de se casar e se mudar para a nova casa, Montu, retorna a sua antiga moradia. Ele precisava visitar a mãe, já faz alguns dias, talvez semanas, que não a vê.
Ele desce do lombo de seu cavalo e se direciona, sorridente, até a porta.
Toc Toc
Ninguém abre, talvez sua mãe não esteja em casa ou não ouviu o bater. Ele tenta novamente, e insistentemente, porém nada. Está começando a estranhar todo esse silêncio, Nabbuha já teria o atendido a tempos. Seu coração está acelerando, pensar que a mãe poderia ter sofrido um ataque de bandidos e até mesmo ter sido morta enquanto ele desfrutava do luxo de seu casarão, começou a pesar a culpa em suas costas.
Ele se afasta do objeto de madeira, fortemente avança correndo contra a entrada da casa e num estrondo seu corpo se choca com o objeto o despedaçando. Que se dane, agora já é tarde, com o dinheiro que agora tem pode facilmente comprar outra porta para substituir a quebrada. Outra até mesmo melhor.
– Mãe! – Ele chama.
O silêncio o perturba. O que sua irmã irá dizer se souber que algo aconteceu a sua mãe por causa dele.
– Dona Nabbuha, responde – insiste.
Um gemido de dor vem do quarto. Seus ouvidos apurados rapidamente captam o som. Ele corre em direção ao local, pouco se importa com o que irá acontecer. Só quer ter certeza de que sua mãe está bem.
Ele empurra a cortina que separa os dois cômodos. Sobre a cama, enrolada em cobertores, sua mãe está deitada. Montu se aproxima, a feição da mulher não é das melhores, está com a pele pálida, lábios roxos e trincados, por sua testa corre um suor frio.
– Mãe, o que há com a senhora?
Nabbuha o olha com os olhos quase que fechados e pega em sua mão.
Ela tosse.
– Meu filho. – A mulher faz uma pausa, já sem força. – Estou bem, é só uma dor da idade.
Lágrimas se formam nos olhos do rapaz. Não é fácil ver a própria mãe naquele estado. Ele podia ter prevenido isso, poderia ter ficado ao lado da pessoa que trouxe-lhe ao mundo, mas preferiu ir atrás do luxo e da ganância. E agora, sua consciência pesada grita dentro de si.
– A senhora está doente. O que andou fazendo, Dona Nabbuha?
Um pequeno sorriso se forma no rosto enrugado da mulher. Sabe aquele sentimento de mãe? Acredito que é isso que ela sente nesse momento, algo que se assemelhe a compaixão, mas só mães podem explicar.
A mulher se esforça para responder, mas não consegue. Seja o que for que ela tem, está a consumindo pouco a pouco. Está a matando.
– Sua irmã... – Nabbuha pronuncia com dificuldade.
– O que tem ela?
– Quero vê-la.
Montu assente com a cabeça.
Ele vai até a rua e grita para uma vizinha, muito amiga da família, e a pede que fique com sua mãe e cuide dela enquanto ele resolve tudo isso.
***
– O senhor deseja algo mais?
– Não, moça. Obrigado.
Katherine observa o camponês sumir pela porta.
– Esse povo bem que poderia nos dar um tempo hoje, não estou tendo tempo nem para anotar as ferramentas do estoque – reclama.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Skaravela.
FantasiaEm terras distantes, onde reis ostentam seu poder e fazem suas "cagadas" para o bem próprio. Nasce as tão esperadas herdeiras do reino. Mas, nem tudo foi magnífico como o esperado. Após ser sequestrada dos braços de sua mãe, Skaravela cresce num...