Capítulo X

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   Depois de se casar e se mudar para a nova casa, Montu, retorna a sua antiga moradia. Ele precisava visitar a mãe, já faz alguns dias, talvez semanas, que não a vê.

   Ele desce do lombo de seu cavalo e se direciona, sorridente, até a porta.

   Toc Toc

   Ninguém abre, talvez sua mãe não esteja em casa ou não ouviu o bater. Ele tenta novamente, e insistentemente, porém nada. Está começando a estranhar todo esse silêncio, Nabbuha já teria o atendido a tempos. Seu coração está acelerando, pensar que a mãe poderia ter sofrido um ataque de bandidos e até mesmo ter sido morta enquanto ele desfrutava do luxo de seu casarão, começou a pesar a culpa em suas costas.

   Ele se afasta do objeto de madeira, fortemente avança correndo contra a entrada da casa e num estrondo seu corpo se choca com o objeto o despedaçando. Que se dane, agora já é tarde, com o dinheiro que agora tem pode facilmente comprar outra porta para substituir a quebrada. Outra até mesmo melhor.

   – Mãe! – Ele chama.

   O silêncio o perturba. O que sua irmã irá dizer se souber que algo aconteceu a sua mãe por causa dele.

   – Dona Nabbuha, responde – insiste.

   Um gemido de dor vem do quarto. Seus ouvidos apurados rapidamente captam o som. Ele corre em direção ao local, pouco se importa com o que irá acontecer. Só quer ter certeza de que sua mãe está bem.

   Ele empurra a cortina que separa os dois cômodos. Sobre a cama, enrolada em cobertores, sua mãe está deitada. Montu se aproxima, a feição da mulher não é das melhores, está com a pele pálida, lábios roxos e trincados, por sua testa corre um suor frio.

   – Mãe, o que há com a senhora?

   Nabbuha o olha com os olhos quase que fechados e pega em sua mão.

   Ela tosse.

   – Meu filho. – A mulher faz uma pausa, já sem força. – Estou bem, é só uma dor da idade.

   Lágrimas se formam nos olhos do rapaz. Não é fácil ver a própria mãe naquele estado. Ele podia ter prevenido isso, poderia ter ficado ao lado da pessoa que trouxe-lhe ao mundo, mas preferiu ir atrás do luxo e da ganância. E agora, sua consciência pesada grita dentro de si.

   – A senhora está doente. O que andou fazendo, Dona Nabbuha?

   Um pequeno sorriso se forma no rosto enrugado da mulher. Sabe aquele sentimento de mãe? Acredito que é isso que ela sente nesse momento, algo que se assemelhe a compaixão, mas só mães podem explicar.

   A mulher se esforça para responder, mas não consegue. Seja o que for que ela tem, está a consumindo pouco a pouco. Está a matando.

   – Sua irmã... – Nabbuha pronuncia com dificuldade.

   – O que tem ela?

   – Quero vê-la.

   Montu assente com a cabeça.

   Ele vai até a rua e grita para uma vizinha, muito amiga da família, e a pede que fique com sua mãe e cuide dela enquanto ele resolve tudo isso.

***

   – O senhor deseja algo mais?

   – Não, moça. Obrigado.

   Katherine observa o camponês sumir pela porta.

   – Esse povo bem que poderia nos dar um tempo hoje, não estou tendo tempo nem para anotar as ferramentas do estoque – reclama.

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