A Skaravela.

Capítulo XXIII

   – O que está querendo de mim, Barão? – pergunta a rainha, fazendo gestos para que ele sente na cadeira a frente dela – Deve saber que tenho brigado com seus senhores.

   O homem sorri para ela e se senta.

   – Não possuo senhores – diz em resposta.

   – Não sou tola, sei que é um vassalo dos Ruíz e que está habitando suas terras.

   – Não vivo em terras que não me pertencem. – Katty sorri, ouvindo as palavras deles. Ela está começando a simpatizar pelo homem. – Minha senhora, Campos de milho me pertence, herdei de minha falecida esposa.

   – O senhor não me parece estranho. Já estivemos juntos em alguma ocasião que não me lembro?

   – Só quando tentaste me roubar. Lembra? – brinca, friamente.

   – Como esqueceria a pulseira de ouro que meu deu. Lebrak. Quem diria que um dia recorreria ao meu castelo.

   – Devo admitir que estou impressionado com o poder que adquiriu, minha senhora.

   Katherine se levanta e vai até a porta. Fechando-a.

   – Assim, poderemos conversar em paz – diz – O que te traz até mim?

   – Um acordo – responde.

   A mulher se senta novamente junto dele.

   – Se veio me pedir por seu rei, já adianto que nada conseguirá de mim.

   – Não vim pelo rei, mas sim por sua filha.

   – Aquela, muito menos. – Katherine bate a mão na mesa, assustando-o. – Por mim ela já estaria morta.

   – Não devo mentir que esse acordo não favorecerá a princesa. Porém, a senhora será quem mais lucrará nessa história.

   – Como posso ter tanta certeza? Agora, sou uma rainha e devo desconfiar de inferiores como você.

   Alston ri, ignorando a insulta.

   – Te garanto que não quero perder minha cabeça – brinca.

   – Não está em situação de brincar, Barão. Dentro desses muros a última palavra é minha e de mais ninguém. Aqui, ninguém pode te salvar de mim.

   – Não vim aqui para que me salvem e nem para perecer em suas mãos. – Alston foca o olhar no fundo dos olhos da mulher. – Vim lhe oferecer a melhor maneira para se vingar de seus inimigos.

   Katherine ri.

   – Por que trairia seus senhores?

   – Já lhe disse que não tenho senhores – repete.

   – Suas palavras não me convencem.

   Ele se levanta, irritado.

   – Bem. Então, não tenho mais o que fazer aqui.

   – Espere. – Katty o segura pelo braço.

   Alston a olha nos olhos.

   – Primeiro me fale qual é seu acordo.

   – Está curiosa? – questiona.

   – Deixe seus joguinhos para as crianças. Aqui, eu sou a rainha.

   – Conhece a história da princesa perdida de Marxavon? – pergunta.

   – Claro que conheço. – Katherine se sente ofendida com a pergunta. – O tem a maldita menina?