A mulher passa a vassoura de palha pelo chão de pedra da sala de recepção da mansão de seus senhores. Uma enorme construção de pedra branca polida com blocos de arenito. Uma residência digna de uma princesa e de um futuro rei. Dentro dessa casa, Maria se sente pequenina e solitária, uma vez que seus senhores passam a maior parte do tempo no castelo. Porém, ali também se sente segura e protegida.
Ela se vira ao ouvir passos ressoar pelo salão. O homem que por ali vem é alto e musculoso, tem o rosto coberto por um elmo negro que combina com o resto de seu traje. Algo no homem a assusta. Demora, mas logo percebe o símbolo do gato da Casa de seus senhores desenhado sobre o peitoral do cavaleiro.
– Maria – chama ele, com uma voz grossa – Vossa Graça te espera do lado de fora dos muros da casa.
Maria o encara por uma pequeno período de tempo, confusa. O que Arthur quer com ela? Ela é apenas uma serva.
– Anda mulher! – grita o cavalheiro – Não quer zangar seu rei, quer?
Maria limita-se a sorrir para o homem e passar por ele rapidamente em direção a pessoa que chama por ela.
Borboletas voam dentro de sua barriga, trazendo-a vertigens e pensamentos amedrontados. Suor brota em suas mãos frias e trêmulas. Em parte está ansiosa e em outra está com medo.
Dois guardas abrem caminho para que ela passe e, em seguida, a seguem até a porta.
"Desnecessário"
Pensa ela.A porta se abre e junto delas as borboletas se soltam dentro de sua barriga, escapando pelas mãos na forma de suor frio.
– Por que treme tanto? – pergunta o rei, sorrindo.
– Vossa Graça. – Ela o reverencia.
– Levante-se – ordena.
Maria o olha e encontra seu olhar junto dos dele. Não havia reparado antes, mas agora percebe que os olhos de Arthur são azuis como o céu. Assim, tão de perto os pelos da barba do rei são ainda mais vermelhos do que ela se lembra. Com certeza, os anos não o fizeram tanto mal.
– Como posso ajudá-lo? – pergunta de uma vez.
Arthur sorri para ela, mostrando seus dentes brancos e no meio deles um se destaca tão brilhante quanto ouro. Maria reconhece que esse é feito do metal precioso.
– A tempos venho cortejando-lhe e como você mesma me disse não é uma puta qualquer como acha que eu penso. – Ele sorri. – Então, vamos fazer isso da maneira certa. Concorda?
Maria o encara, confusa. Seria mesmo o que pensa ter ouvido? Confundiu as coisas? Não há sentido no que está lhe acontecendo. Ela é uma plebeia sem bens alguns, sem pais e sem um nome.
– Não respondeu minha pergunta – reforça Arthur – Concorda?
– O que tanto vê em mim? – resolve perguntar. Ela sente atrás dela todos os olhares carregados e confusos dos cavaleiros de seu senhor. – Sou apenas uma serva, meu rei.
Arthur ajoelha-se aos pés da serva. Pessoas que pela rua passam se aglomeram ao ver o monarca se submetendo aquela mulher qualquer.
– Maria, filha de pescadores, vinda do oeste. – As palavras de Arthur fazem com que os pelos da mulher arrepiem. – Eu, Arthur Ruíz, rei e defensor do leste, Coruja coroada, filho de David III, tomo-lhe como minha prometida perante os olhos que agora nos observam e aos olhos dos deuses.
E as borboletas encher a mulher de alegria. Seria ela a futura rainha ao lado de Arthur?
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A Skaravela.
FantasyEm terras distantes, onde reis ostentam seu poder e fazem suas "cagadas" para o bem próprio. Nasce as tão esperadas herdeiras do reino. Mas, nem tudo foi magnífico como o esperado. Após ser sequestrada dos braços de sua mãe, Skaravela cresce num...