Capítulo XXII

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   Fhellipe morre na hora. Não há nada que Myr Well pudesse fazer pelo homem. A flecha atravessou seu peito perfurando-lhe a artéria coronária e atingindo parte de seu pulmão, o mesmo, inchou com o sangue impossibilitando a respiração.

   A rainha não parece abalada. Não derrama uma única lágrima sobre o cadáver de seu marido. Talvez, esteja em estado de choque e a ficha ainda não lhe tenha caído.

   – Prepare algo para a rainha levar na viagem – pede.

   – Sim, senhor – diz a cozinheira.

   – Faça saladas, carne seca e separe algumas frutas.

   – Sim, senhor – repete.

   O rei observa a serva de cima a baixo. A mulher lhe é estranha, porém muito bela e atraente. Usa um simples vestido camponês que ressalta seus cachinhos negros sobre a cabeça. Arthur não pode deixar de notar que estão molhados.

   – Acaba de tomar banho? – pergunta.

   A mulher abre um sorriso, estranhando a pergunta tão íntima. Prefere não responde-lo e continuar seu trabalho ensebando de banha a carne de ovelha para que não estrague durante a viagem.

   – Responda-me! – indaga.

   – Não creio que essa pergunta afete algo no seu dia, meu senhor. – Ela pega um cesto e o coloca sobre a mesa. – Sou apenas uma de suas servas e acredito que não possuímos nenhuma intimidade.

   Arthur sorri, divertido com a situação.

   – Percebo que é nova aqui. Seu rosto não me é conhecido. – Ela o olha com respeito e talvez até medo. – E posso garantir-lhe que conheço cada um dos meus escravos.

   – Como o senhor mesmo disse "cada um dos seus escravos". Eu não sou uma escrava.

   – Então, o que faz em minha cozinha?

   – Como disse e volto a repetir. Sou uma serva.

   – Para que trabalhe sob este teto é necessário que alguém a chame. Não concorda?

   – Não trabalho para o senhor, mas sim para sua filha.

   Arthur pega uma maçã e a morde, sorridente.

   – De qualquer modo, sou seu rei e você me deve obediência.

   Ela estica o braço, o entregando a cesta que montou.

   – E a faço. – Ela sorri. – Aqui está o que me pediu.

   – Vejo que é muito rápida. – Ele ignora a mão dela estendida com a cesta. – Se soubesse teria te contratado antes.

   – Fico lisonjeada com suas palavras, mas agora, tome sua cesta.

   Arthur dá uma gargalhada que confunde a moça.

   – Não espera que eu leve isso? – informa.

   – Então o que devo fazer com isso?

   – Entregue-a a rainha. 

   A mulher suspira e saí a procura de sua destinada.

   – Qual é seu nome? – pergunta o rei, antes da mulher atravessar a porta.

   – Me chamo Maria. – E a porta se fecha atrás dela.

   No anoitecer daquele dia, a comitiva de Katherine retorna para seu lugar. E no grande salão de Marxavon, o povo reúne-se em preces e festa, juntos discutindo o futuro de seu reino. E abaixo do selo de sua Casa sentada sobre o trono de sua falecida mãe, Margaret administra e ouve as reclamações de todos. Naquele lugar, ela não é mais apenas uma garota que teve a sorte de nascer na família real, mas é a lei de todo aquele povo. É a figura de inspirações para que continuem lutando em seu nome.

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