Capítulo III

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Na garagem, minha Chefe me pergunta se eu conheço algum lugar legal para irmos porque está enjoada dos locais com os quais está acostumada e eu respondo que sim, inclusive é um estabelecimento onde vou com frequência: o bar de Conrad. Ela diz que não sabe onde fica e que vai me seguir do seu carro. Assinto e entro no meu conversível.

Dirigimos até uma outra zona do subúrbio, que dá fronteira com o Subsolo. Assim que estacionamos numa rua praticamente deserta, Nicol vem até mim com a face levemente trancada, deixando claro que não aprova minha opção.

— Esperava um outro ambiente. É estranho saber que você frequenta esse tipo de lugar... — seu tom é preconceituoso olhando ao redor com os braços cruzados. Olha só, logo ela, a Detetive Chefe que tem assuntos misteriosos e secretos no Subsolo. Contenho minha vontade de confrontá-la. Se ela souber que eu a vi no Subsolo corro o risco de ter minha identidade descoberta, então só respiro fundo. Só isso tem o poder de me conter. — Devia ter dado o retorno, mas só não fiz isso por consideração a você e porque te dei o direito de escolher onde iríamos — explica com superioridade.

— Hey, você manda em mim lá no Departamento, fora dele somos apenas duas pessoas comuns... Aqui seu cargo não me sobrepõe. Vamos tirar o distintivo do foco.

Nicol abre a boca para contestar, mas solta um suspiro longo. Parece refletir em algo e assim que consegue articular, me pede:

— Desculpa... Estou sendo idiota. É só que esse lugar me dá arrepios... Achei que ia me levar pra um restaurante agradável e requintado.

Solto uma risada:

— Falando assim até parece que somos amantes...

— Ah — fica sem graça.

— Só dá uma chance antes de julgar ok? Eu adoro vir aqui porque não gosto de lugares movimentados onde não posso ficar a vontade, entende?

— Sim, entendo. É seu cantinho da reflexão.

— Exatamente!

— Mas não quero ser inconveniente e descobrir seu armário secreto! — volta a ser a mulher extrovertida de mais cedo e eu sorrio de seu comentário.

— Eu vou dividir com você só por hoje certo? — meu tom é brincalhão. — Pra você ver que não sou tão ruim assim como todo mundo pensa.

— É bom ter outra impressão de você — sorri entrando no jogo. — Então, onde está o bar?

— É aqui... — aponto o portão de ferro que mais parece uma garagem e ela abre a boca soltando um ah de surpresa, com certeza negativa. Toco o interfone e com o auxílio da câmera, Conrad me reconhece e a entrada se escancara automaticamente. Faço sinal para Nicol entrar na minha frente e ela sorri com o gesto de gentileza. Entro logo após ela e o portão se fecha. A mulher ao meu lado fica visivelmente impressionada com o tamanho do bar, uma vez que, do lado de fora parecia ser bem menor, não fazendo jus a propriedade. Além disso; é limpo, organizado, uma música suave, e o que é maravilhoso para mim: quase deserto se não fosse pelas pessoas como eu que apreciam a solidão também frequentarem aqui. Um homem barbudo está sentado numa mesa do canto do lado esquerdo, duas mulheres do outro lado, e um homem e uma mulher no centro. Indico as cadeiras do balcão e nos sentamos.

— Boa noite Lilith, o de sempre? — Conrad questiona para ter certeza porque diferente de sempre estou acompanhada. Não sou de sair da minha rotina então é compreensível que ache esquisito. Ele não costuma me dirigir a palavra porque é imensamente discreto. Mais um motivo para eu gostar de estar aqui.

— Sim, uma dose de uísque sem gelo e você o que deseja? — indago olhando para Nicol.

— Uma taça de martini por favor... — responde fitando Conrad diretamente nos olhos.

Armas, Rosas e... Você! ( LESBIAN) Onde histórias criam vida. Descubra agora