Capítulo XVIII

2.3K 194 81
                                    

É um alívio que Nicol não tenha percebido que eu estava olhando para seu ombro esquerdo, especificamente para seu animal de poder; um pássaro silvestre da cor de suas íris, um misto de amarelo de folhas secas no Outono e o verde vívido na Primavera que reflete toda a grandeza de sua alma iluminada, doce e corajosa nos olhos espertos e nos gestos atenciosos, apesar de ser tão pequeno a ponto de caber na palma da minha mão. Minha Chefe no Departamento já está me estranhando o suficiente para eu revelar toda a verdade sobre mim. Talvez com o passar do tempo a convivência me possibilite ser plenamente sincera com ela, sem que se assuste ainda mais com minha intensidade ou fique desequilibrada com tantas informações para digerir. Diferente de mim, ela é um espírito encarnado que não dispõe da memória espiritual e ressalto que a amnésia temporária é uma benção pois muitas almas reencarnadas podem enlouquecer com o peso das lembranças de vidas passadas ou da própria dimensão extrafísica. Devo confessar que meu raciocínio ágil me propicia me esquivar com facilidade de qualquer análise mais profunda e consigo desviar a atenção de mim ou para mim rapidamente.

Embora esteja insegura com a ideia de desafiar Gav e vencê-lo, acredito no potencial dela para sair vitoriosa dessa situação complexa. Eu passei anos fugindo de mim mesma e garanto para Nicol que encarar a realidade é mil vezes mais recomendável. Não dá pra passar a vida sendo vítima das circunstâncias, massacrada, anulada e principalmente conformada com o rumo dos acontecimentos negativos e dolorosos. É preciso ressurgir. Somos nossos próprios deuses, temos o poder sobre nossos próprios destinos, e infelizmente ou felizmente, eu não posso prever o futuro porque todos os seres gozam da capacidade de fazer escolhas e inevitavelmente terão que lidar com as consequências, então não sei como será esse desfecho, além do meu que consiste em deixar a vida material para ser a carrasca dos meus irmãos no abismo, até lá temos um considerável tempo juntas. No entanto, é bom mesmo que ela encontre em mim o estímulo necessário para sair da gaiola que a maldição do sangue de sua família a aprisionou. Está na hora de quebrar esse ciclo de horror e construir um novo caminho para a libertação, dela, de todos seus entes queridos e das pessoas que estão fadadas a pararem nas garras de mais um crápula. Pelo que sei de Gav, ele consegue ser ainda pior do que Ivan foi, porque possui um orgulho doentio por pertencer a uma tribo de malfeitores e essa espécie de facínora é mais difícil de se eliminar. Contudo, ele não faz ideia de que Nicol tem uma carta na manga, que lhe granjeará a vitória ou a perdição total. Passarei todos meus conhecimentos para a luta corporal para Nicol e confio que ela executará da maneira que lhe proporcionará a conquista de seu posto como sucessora do meio-irmão de acordo com a hierarquia.

Sou pescada das minhas reflexões quando ela me joga na cama e eu caio sentada, pois até então trocávamos beijos e carícias ardentes, estas que me mantinha fisicamente concentrada enquanto meu espírito volitava. Observo-a extasiada a me olhar com uma expressão recheada de luxúria, longe da Nicol tímida que se mostrou desde que eu tomei o controle do meu Eu Superior. Não há nenhum resquício de que ela está mais intimidada na minha presença, pelo contrário, carrega o mesmo olhar dominador que eu conheço bem, até o ínfimo de seu âmago. Ela desfaz o laço que amarrava o roupão marrom felpudo que cobre seu corpo carnudo e enfim fica nua na minha frente, somente para mim. Examino suas curvas embriagantes e mordo o lábio inferior com uma vontade insana de sentir seu gosto diretamente na minha boca, uma vez que no banheiro só o senti chupando os dois dedos com os quais eu a fodi desesperadamente para vê-la se desmanchar numa gozada sensacional. Ela solta o cabelo que estava preso no coque habitual que lhe molda um ar sério de quem exige respeito e sacode a cabeça para  libertar suas tranças completamente. Com os pés descalços ela se aproxima de forma sagaz, seu pássaro abre as asas e se dissipa voando pelo quarto, transformando-se numa gata de pelo preto azulado com a sua mesma cor de olhos, que pula na cama no mesmo ritmo que ela se senta no meu colo e começa a me beijar avassaladoramente como fizemos minutos antes, e de esguelha vejo ela evaporar. Assim como é raro uma pessoa possuir mais de um animal de poder, também é obter um que se transmuta de acordo com o humor e a necessidade de seu pupilo, e o de Nicol é um deste último como o meu é do primeiro. Cravo os dedos em suas nádegas trazendo seu corpo para mais perto do meu, conduzindo-a para cima e para baixo simultaneamente com a pretensão de me satisfazer com seu clitóris roçando no meu. Tenho minhas orelhas lambidas, os lóbulos mordiscados, o pescoço chupado e meu ventre se contrai liberando um fluxo denso de lubrificação através da minha fenda palpitante, desejosa de atenção. Minhas costas são arranhadas e meu cabelo puxado com selvageria enquanto meus lábios são sugados. Nicol está faminta da minha carne e eu também ansio me lambuzar em sua pele suculenta. Faço-a virar para mim e me deito na cama com o corpo bem estendido, coloco-a deitada sobre mim de modo que seu sexo molhado de excitação se encaixe na minha língua formigando de tesão para senti-la e o meu seja agraciado por sua boca nervosa. Ambas nos damos prazer de maneira recíproca. Chupo seu clitóris rijo pelo tesão lentamente como se fosse uma bala de café com recheio de creme, que derrete deliciosamente no céu da minha boca. Revezo para sua entrada melada enfiando minha língua propositadamente dura até onde ela é capaz de ir, entro e saio de dentro de si incessantemente e com ela soltando um gemido alto sinto sua respiração descompassada e quente no meu sexo me causando arrepios devastadores. Dou alguns tapas em suas nádegas carnudas tatuadas. A bunda de Nicol é a única parte de seu corpo cheia de tatuagens. Em sua pele negra há duas pistolas tatuadas, uma de cada lado na mesma posição, além de algemas, munições e facas. Se eu não a conhecesse o suficiente com certeza questionaria o motivo de tatuar tais objetos excêntricos em sua parte íntima.

Armas, Rosas e... Você! ( LESBIAN) Onde histórias criam vida. Descubra agora