Armas, Rosas e... Você! ( LESBIAN)

Penúltimo

Já perdi a conta das vezes em que estive no inferno astral, e posso comparar ao caos que estou vivendo nos últimos meses. Meus irmãos deixaram uma tremenda bagunça para eu limpar e confesso que não tem sido fácil terminar essa faxina. Foi um erro imperdoável da minha parte subestimá-los, e isso só mostra que ainda tenho pontos de vulnerabilidade, especialmente tratando-se de Nicol que é o meu fraco maior. As carcaças dos personagens ilustres que exterminei junto com meus filhos, como era de se prever, em algum momento, foram encontradas assim que o desaparecimento preocupante foi detectado, apesar de não ter sido divulgado para não acarretar alarme. As autoridades estão desesperadas para prender a responsável; no caso eu, e a população está horrorizada com o assassinato do Presidente dos EUA, do Papa, e dos outros, e ambos buscam entender o que os levaram àquele hotel de beira de estrada onde foram mortos e incinerados, e que ligação eles tinham para tal. Alguns arriscam a deduzir que possuíam assuntos pessoais sigilosos e um acidente causou o incêndio, e, os mais loucos acreditam que eles faziam parte de uma seita macabra com propósitos escusos de dominação em massa, cada barbaridade que me causa risos de escárnio, apesar de que faz algum sentido. Como se referindo a pessoas que tinham cargos elevados, com suas mortes, rapidamente foram substituídos. E o plano de Jonas teria dado certo, se não fosse por Luxúria. Ele encontrou o invólucro perfeito; Gav, o primo de Ivan, e consequentemente de Nicol.

— Eu até diria que fosse sorte você ter conseguido escapar da polícia se eu não soubesse quem de fato você é... — Luxúria barra Gav, aproxima-se de mim com passos cautelosos, avaliando-me assim como eu faço com o perímetro e a situação em que Nicol e eu estamos encurraladas.

Sua observação me compele a fazer uma regressão de memória para cerca de dois dias atrás, em que o FBI invadiu a reserva para me capturar. Foi difícil ter que deixar Nicol para ter tempo de fugir, mas também não me culpo, visto que ela mesma, consciente do perigo, ofereceu-se como sacrifício. É uma pena que sua prisão preventiva não foi capaz de mantê-la segura, um engano mortal, uma vez que nenhuma organização humana pode superar a sobrenatural. Tenho que confessar que Luxúria está um passo a frente de mim. Ele foi esperto em manter-se à espreita, beneficiando-se da tolice dos seus irmãos em me enfrentar achando que poderiam me vencer, é claro que, se eu não tivesse obtido ajuda do meu avô, de Jonas e principalmente de Nicol, eu teria mesmo perdido. Só que a Deusa está ao meu favor e ninguém contava com isto. Eu não sou a única que possui uma coragem estúpida, afinal. Felizmente, a minha não me levou a queda, pelo menos até este momento.

Foi fácil fugir dos agentes pelo lago subterrâneo, só sinto por eles terem morrido tentando me pegar. Como eles não conhecem a região como eu, engabelei-os ao máximo até alcançar a passagem mais próxima pelo rio e me esconder numa toca. Foram árduas horas de fuga, trocando de esconderijo para não ser descoberta. Não tinha para onde ir, já que tudo estava sendo vasculhado minuciosamente em minha busca, até me lembrar de um abrigo numa parte isolada da floresta que meus antepassados construíram para se esconderem dos homens brancos durante a colonização do nosso povo. Um local inóspito, fora do mapa, onde pude me instalar com segurança e, isolada, resgatar minhas raízes.

Para meu azar, Luxúria está se mostrando mais inteligente do que eu achava que ele fosse. Assim que eles descobriram minha verdadeira identidade, ao invés de se unir aos seus irmãos para me confrontar, ele articulou minimamente minha destruição. Com toda as instituições judiciais no meu encalço, ele não teria que me combater, e ficaria livre para agir, levando em consideração que eu passaria o resto da minha encarnação na cadeia, ou apenas teria tempo o suficiente para encontrar um plano eficaz para me deter definitivamente, já que ele está lidando com a Cavaleira das Trevas e eu seria capaz de fugir da penitenciária a hora que eu quisesse. Meu filho e meu irmão mais novo, recolheu provas para me incriminar e as enviou no anonimato para Madison, inclusive o momento em que eu fui até o hotel, e por isso só, fui considerada a autora do crime bárbaro, a causadora da chacina que dizimou representantes mundiais, o motivo só saberiam num interrogatório caso conseguissem me prender, e exatamente graças a isto que me encontraram na aldeia.