Último - Parte Final

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Nicol Evans

Assistindo a tudo isso de camarote - literalmente - tenho a impressão de que tomei um alucinógeno potente ou que estou sonhando, tendo acesso as esquisitices e a criatividade reprimida do meu subconsciente. Se não houvessem fatos, seria difícil acreditar que o que estou experienciando agora é real. Eu era apenas uma criança quando tive contato com este vasto e complexo mundo sobrenatural, e com o passar dos anos acabei me desprendendo desse conhecimento adquirido na infância, deixei a rotina cheia da minha vida me fazer enterrar isto na gaveta do meu inconsciente como algo que eu jamais precisaria usar, mas admito que sou grata por minha avó ter me mostrado esta dimensão secreta inimaginável, porque graças à ela e aos poucos dos ensinamentos que Lilith e Jonas conseguiram me passar nesse curto período de tempo, não sou uma vítima das circunstâncias e totalmente leiga no assunto. Assim como minha profissão como detetive requer, procuro manter a calma e não deixar o desespero prejudicar meu raciocínio e minhas ações. Preciso me concentrar e encontrar uma maneira de me soltar para ajudar meus aliados que estão em menor número e perdendo. Não posso admitir que ninguém morra hoje, ainda mais agora que sei que meu irmão sobreviveu ao atentado no departamento. Forço meus braços e as pernas mais uma vez, mas as amarras estão firmes demais e impossíveis de retirar sem ajuda.

Olho para Jonas, Pharrell, e Lilith que foram jogados no chão com tanta facilidade que pareciam bonecos de pelúcia. Meu primo e por conseguinte o monstro que ocupa seu corpo, se aproximam de mim com um olhar maquiavélico de arrepiar qualquer um. Lilith se levanta aflita com muita dificuldade por causa dos hematomas e se joga em cima dele pelas costas, o enforcando, na tentativa de impedi-lo de me fazer qualquer mal e me salvar, Gav quebra seu braço e ela cai urrando de dor. Arregalo os olhos, embasbacada. Pharrell e Jonas também tentam pará-lo e saem ainda mais feridos. Ninguém é capaz de deter esta besta? Olho para os lados ansiosa. Não temos saída?

Respiro fundo visualizando meu fim. Não tenho para onde fugir. Eles vão me matar. Se nem mesmo Lilith que é um demônio poderoso e Jonas um bruxo astuto conseguiu contê-los, quem dirá eu?! Serei estraçalhada em milhões de pedacinhos e devorada lentamente, resumidamente; serei esfolada viva. Estou em choque.

Quando o medo toma conta de mim escutamos um tiro disparado e apreensivos, olhamos na direção. Nos deparamos com Madison sentado num canto, encostado na parede, com uma mão segurando o revólver e a outra um ferimento grave no pescoço. Acompanhamos a direção do disparo. E como era de se prever, Gav também consegue desviar dela. Um grito de dor e espanto toma nossos ouvidos e fito o dono da voz, reconhecendo-a de imediato. A bala acertou Pharrell no abdômen exterminando minha alegria em revê-lo com vida. Começo a tremer de raiva e consternação. Encaro Gav com um ódio escapando pelos meus poros. Madison não está mais possuído visto que Luxúria engoliu a todos seus escravos, mas ele milagrosamente sobreviveu aos ferimentos, e está bem óbvio que queria mesmo acertar Gav e acabar com a Legião que o domina, mas falhou. Não sabendo ele que nenhuma arma humana pode destruir esta fera inumana. No entanto, é o suficiente para alterá-lo ainda mais e desviar a atenção de mim por breves instantes. Ele solta um grunhido animalesco e basta somente um gesto de sua mão para que os ossos de Madison se quebrem, causando-lhe fraturas expostas horripilantes. Meu estômago embrulha repentinamente. Presenciar essa cena é horrível e alimenta meu temor.

- Ninguém deve ficar no nosso caminho... - Gav avisa estalando as mãos e volta a focar na minha pessoa completamente indefesa presa nessa cadeira. Me agito e vocifero:

- Fica longe de mim, monstro!

Ele solta uma risada tão medonha que tenho a impressão de que balançou as estruturas da construção onde estamos.

- Olha só para ela, não parece mais em nada aquela federal prepotente que prendia foras da lei, mas sim uma ratinha encurralada com medo de perder o rabo... - zomba e outra risada macabra ecoa, aproximando-se cada vez mais rápido de mim. Até que chega e espreme seus dedos em meu pescoço, me roubando o ar.

Armas, Rosas e... Você! ( LESBIAN) Onde histórias criam vida. Descubra agora