Capítulo 60 - Alexander

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Após as tradicionais atividades com os nobres após a minha coroação, retornei ansioso ao castelo para que eu e minha esposa pudéssemos finalmente ter um tempo só nosso, a nossa lua de mel.  Devo dizer que depois de tanta confusão, não imaginava que teria um casamento tão emocionante quanto esse. Se pudesse, não a deixaria mais em momento algum.

Assim que cheguei, entreguei meu cavalo a um dos guardas e entrei à procura de Katherine. A carruagem estava lá, já limpa, então imaginei que elas haviam chegado há muito tempo. Mas depois de procurar em quase todos os cômodos prováveis do castelo, não a encontrei.

- Alguém viu a princesa Katherine? - Questionei aos empregados que estavam na cozinha, mas eles negaram com a cabeça.  - Bom, vou continuar procurando.

Mas não havia nem sinal dela. Seu quarto estava vazio. Meu coração começou a acelerar ainda mais e a preocupação invadiu minha mente. Se algo aconteceu com ela enquanto eu estava fora, nunca me perdoaria. 

Resolvi ir até o guarda que ficava na porta do castelo para pedir informações.

- Você viu quando a princesa Katherine e a rainha chegaram naquela carruagem?

- Não, senhor. - Fiquei ainda mais preocupado. - O moço chegou com a carruagem vazia. Disse que a rainha resolveu dar um passeio com a princesa e logo viria.

- Obrigado. - Estranhei. 

Resolvi voltar para o quarto e terminar de arrumar minhas coisas para a viagem, mas enquanto fazia isso, lembrei que não havia nenhuma mala no quarto de Katherine. 

-  Carola, eu preciso que venha comigo procurar a Katherine. - Invadi o seu quarto por impulso, e ela estava lendo um livro em cima da cama. 

- O que aconteceu? - Levantou imediatamente.

- Não sei. Ela não está aqui. - Passei a mão pelo cabelo, nervoso. - Ela estava recebendo algumas ameaças, sequestraram o pai dela também, acho que podem ter vindo atrás dela após o casamento. 

- Isso é perigoso, Alex! - Respirou fundo. - Vou reunir os soldados que estão por perto e vamos procurar por ela o mais rápido possível. Enquanto isso, é melhor ficar em um lugar seguro.

- Vá depressa! Vou ver se encontro algo em meu escritório, me encontre lá depois.

- Certo. - Dito isso, saiu correndo e eu fui ao meu escritório.

Tentei pensar em alguma pista, procurei por bilhetes, cartas... mas não havia nada. Ela disse que me esperaria com a minha mãe, mas nem ela se encontra aqui. Por que deixou a carruagem voltar só? Como elas poderiam voltar depois? Estariam indo ao meu encontro? 

Sentei na poltrona para relaxar um pouco, mas logo vi pela janela que os soldados estavam reunidos no jardim e Carola caminhava para cá com um dos soldados. Resolvi esperar por eles, que não demoraram muito.

- Já podemos ir? - Questionei a ela assim que chegou.

- Consegui reunir todos, mas disseram que têm ordens expressas para não saírem do castelo hoje.

- O QUÊ? ELES FICARAM MALUCOS? EU NÃO DEI ORDEM NENHUMA! - Me alterei. - NÓS VAMOS SAIR AGORA MESMO, OU VOU MANDAR TODOS PARA A RUA.

- A ordem foi nos dada ontem. - O soldado que estava acompanhando ela, respondeu.

- E quem deu essa ordem? - Questionei já quase espumando de raiva, ele só poderia estar brincando.

- Fui eu. - Minha mãe abriu a porta e entrou na sala, séria. - Nos deixe a sós. - Falou para eles, e assentiram imediatamente.

- O quê? - Encarei ela, incrédulo. - Para onde levou a Katherine? Eu já estava ficando doido aqui.

- Sente-se. - Falou firme e eu hesitei. - Quero que me ouça, e com atenção.

- Ela veio com você? Eu não posso perder tempo, pode ser que esteja em perigo, ou... 

- Ela não está aqui, Alex. - Gritou. - Agora, me ouça. - Tocou meu ombro e eu resolvi sentar para ouvir, minha cabeça já estava a mil.

- Fala logo. 

- Katherine me procurou na noite em que vocês discutiram por causa da carta e pediu que eu a ajudasse a ir até seu pai. 

- Ela voltou para a Burgônia? - Questionei incrédulo.

- Eu ainda não terminei...

- Mãe, a gente tinha conversado. Nós iriamos viajar e depois partiríamos direto para a Burgônia, para resolver tudo isso. Ela pode estar correndo perigo aí sozinha, você não deveria ter...

- Ela ainda não saiu da Floter. Acalme-se!

- Então dá tempo de alcançarmos ela. Eu preciso ir até onde ela está. - Tentei levantar da poltrona, mas ela me impediu.

- Se ela quisesse que fosse, teria esperado por você. Até eu pensei que depois daquela cerimônia emocionante, ela teria mudado de ideia, mas assim que você saiu, ela pediu que eu fizesse o combinado.

- Ela mentiu para mim. - Caí na real.

- Eu não queria que você se arriscasse indo com ela, mas também queria protege-la. Então mandei um exército com ela, para fazer a segurança, ao invés de deixá-la ir sozinha. Afinal, ela iria de qualquer forma.

- Para onde ela foi quando saiu? - Perguntei já sem ânimo. 

- Pelo que eu soube, o general Joshua estava acampando com alguns homens na colina há dias.

Ouvir isso foi como uma facada em meu peito. Mentiu para mim, mas confia nele.

- Eu não deveria estar te contando tudo isso, afinal você estaria correndo um grande risco indo com ela porque aquele general...

- Que general, mãe?

Ela ficou pálida de repente, como se não tivesse permissão para dizer aquilo.

- Mãe? - Insisti.

- Não é nada, Alex. São suposições que eu fiz, mas não posso permitir que vá.

- Não precisa. Eu não vou. - Interrompi.

- Filho... - Veio até mim. - Ela agiu como uma rainha em um momento de decepção, depois não mudou de ideia para manter a sua própria palavra.

- Ela deveria ter confiado em mim. Eu passei a noite em claro, escrevendo um contrato para que ela pudesse voltar para a Floter, livre de mim, com alguns soldados e a amizade entre os países continuaria. E Ela rasgou.

- O quê? - Não escondeu a surpresa.

- Ela disse ficaria porque me amava, e nunca quis só as vantagens da nossa parceria. - respirei fundo. - Mas depois de fazer toda aquela cena, casou comigo e ainda foi embora com outro. 

- Não quero discutir os motivos dela... - Parecia esconder algo, mas não quis questionar. - Mas ela te ama. 

- Se amasse, teria confiado em mim. - Levantei da cadeira e fui em direção à janela. - Dispense os soldados, não vamos precisar deles.

- Eu... tenho um informante com ela. Se quiser saber o que está... 

- Não, não quero. Apenas garanta que ela chegue em segurança. 

Ela assentiu com a cabeça e eu caminhei de volta para o meu quarto. Precisava desfazer as malas, meus planos, e meu amor por ela.

- Droga, Katherine! - Derrubei um porta-retratos com nossa fotografia. - Eu sei que vacilei, mas não merecia isso. 

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