Capítulo 63 - Father

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- Solte o arco, princesa. - Reconhecer aquela voz apenas fez com  que minha raiva aumentasse ainda mais. 

Paulmer

- Você...- Senti a ferramenta pressionar minha garganta e resolvi soltar minha arma.

O olhar preocupado de Joshua e a fragilidade de Amber quase tirou minhas esperanças.

- Eu tinha muitos planos para você, Katherine. Não deveria ter se voltado contra mim. - Sussurrou ao pé da minha orelha.

- Você é doente. - Falei com dificuldade.

Beatrice apenas admirava a cena com um sorriso no rosto, enquanto se livrava das cordas que prendiam-na.

- O que você tem na cabeça? - Questionei-a. - Se aliou com os rebeldes que querem acabar com a linhagem da nossa família, matou soldados leais e ainda quase matou nosso pai! 

- Não foi bem assim! - Gritou. - Eu estava cansada de ser a filhinha que vive na sua sombra. O papai me enganou, ele nunca havia me escolhido para ser herdeira, tudo sempre girava em torno de você. Até a mamãe te amava mais.

- O que? A mamãe não fazia diferença entre nós. - Me alterei. - E era você a filhinha mimada, enquanto todo mundo me desprezava. Achavam que eu era louca!

- Mas você ainda conseguiu reconstruir a sua imagem. - Me encarou com fúria nos olhos. - Tirou o Christopher de mim, e quando eu achava que ainda poderia ser rainha, me casando com o Alex, você me tirou ele também.

- Chega de discussão, meninas. - Paulmer interveio. - Beatrice, chame meus homens para prender esses dois.

- Com prazer. - Olhou para Amber com desdém e saiu do cômodo.

- Solte-a. - Josh falou e ele apenas riu.

- Por que eu faria isso? Katherine quebrou minha confiança e...

Parei de prestar atenção no diálogo quando lembrei do punhal em meu bolso. Com medo, comecei  a tentativa de pegá-lo.

Antes que conseguisse, chegaram dois soldados para amarrar Joshua e Amber. Analisei bem, e francamente... eu não tinha a menor chance contra eles. Onde estavam os nossos homens quando a gente precisava?

Paulmer saiu da sala, me levando bruscamente pelos corredores, onde pude ver alguns funcionários com olhares de medo, e outros de pena. Joshua e Amber ainda continuavam na sala, e eu não sabia o que fazer, até que chegamos em um corredor sem nenhum soldado. 

- Suponho que mandou seu pai para a clínica... Pena que o médico não está mais entre nós. - Gargalhou.

Senti meu sangue ferver e não pude mais esperar. Como ele estava atrás de mim, não percebeu quando eu peguei o punhal e cravei em sua perna esquerda.

- Não me subestime! - Falei com raiva, enquanto ele caiu no chão, e urrava de dor. 

Peguei sua espada e o empurrei até o cômodo mais próximo, trancando-o em seguida por fora. 

Assim que me virei, Joshua já estava vindo até mim com Francis e outro soldado.

- Bom saber que está bem! - Soltou um suspiro de alívio. - Nossos soldados estavam disfarçados. Assim que você saiu, eles me desamarraram e a Amber foi para a enfermaria.

- Tranquei Paulmer aqui. - Joguei a chave para ele, que passou para os soldados. 

- Se livrem dele. - Ordenou. - Katherine... a clínica era uma armadilha.

- E o meu pai, Josh? Não acredito que... - Senti um forte aperto no peito.

- Não, o Francis conseguiu desviar a tempo e trouxe-o para cá. - Ele segurou meu rosto com ambas as mãos e me encarou. - Ele precisava do médico dele, Kathe. 

- Onde ele está? 

- Na suíte. Está insistindo para ver você. Pode ir tranquila, nossos soldados já limparam aquele andar de toda essa infestação.

- Já vou para lá. - Ele assentiu e eu caminhei rapidamente até a suíte real.

A porta estava encostada e quando empurrei, vi Marie sentada ao lado da cama em que ele estava deitado, ajudando-o a assinar alguns papéis. Ele virou-se para onde eu estava, com dificuldade e estendeu a mão.

- Filha... - Falou baixo.

Eu me aproximei e sentei na ponta da cama, ao seu lado, para que ele não precisasse falar alto.

- Estou aqui. - Segurei sua mão. - Vai ficar tudo bem!

- Nã...o... - Começou a tossir. - Chegou minha hora. 

Senti meus olhos encherem de lágrimas e olhei para Marie, que estendeu um documento para mim.

- Achei no escritório dele esse diagnóstico e diz que ele não tinha muito tempo de vida. O coração estava fraco demais. 

Ela comentou e ele fechou os olhos por um instante, me encarando em seguida. 

- Pai, não! - Segurei sua mão e ele me encarou novamente.

- Me desculpa por te decepcionar tantas vezes. - Sussurrou. - Não fui um bom pai para você.

- Não, não faz isso. Você é um rei, e o pai que eu precisava ter.

- Deixa eu terminar. Saiba... que meu orgulho é ter você como minha herdeira. Você é melhor, forte e muito mais... corajosa do que pensa. Você é extraordinária, Katherine!

Seus olhos já estavam cheios de lágrimas e ele respirava com dificuldade.

- Não precisa se esforçar assim. - Tentei argumentar, mas ele insistiu.

- Quando você chegou, foi a minha maior alegria. Você é teimosa e corajosa ao mesmo tempo, é minha filha! Minha filha! E eu... por favor, nunca esqueça o quanto eu amo você! Mesmo que não tenha demonstrado... isso como deveria.

- Eu também amo você! - Desisti de segurar as lágrimas. - Se estou viva aqui é porque você me protegeu e fez de tudo para que eu soubesse me defender também.

- Você é minha filha, o meu orgulho! - Deixou lágrimas rolarem pelo seu rosto. - Nunca se esqueça disso!

Brotou um sorriso em seus lábios, mas logo em seguida vi seus olhos se fecharem e senti sua mão soltar a minha lentamente.

- Não! Não, não não!

E ali, com o rosto apoiado nas mãos, desabei em lágrimas. Ele se foi. E eu estava mais uma vez perdida, sozinha no mundo. O que viria agora? 

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