Capítulo Três

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Capítulo Três

 

Thomas

    Num dia como outro qualquer, essa segunda-feira, vou pro almoço no restaurante perto do trabalho, como sempre encontro uns colegas de trabalho, os cumprimento e vou almoçar com uns rapazes.

Me chamo Thomas Novak. Trabalho na área de TI de um banco. Chefe do setor. Meu trabalho é assegurar o sistema de invasores, hackers e vírus, ou seja, setor que funciona 24h. Quando precisam de mim, tenho que estar disponível. Logo, quando também preciso, tenho liberdade de alternar horários, fugindo do trabalho às vezes em horários rotineiros.

Estou perdido em pensamentos, depois que briguei com minha namorada. Ela quer me controlar e não aguento mais tanta pressão. Já sou equilibrado o bastante. Não olho pra mulher nenhuma, e olha que onde trabalho, tem várias perdições, mas uma em especial, que sempre que a vejo, fico nervoso, diferente. Ouço uma voz feminina em um tom mais alto do que acredito que ela gostaria : “Isso Alê, vamos sair pra curtir em algum lugar, lá você procura alguém pra passar a noite, com sexo bem quente, e eu também , claro.” Uma loirinha com uma carinha bem ousada diz pra sua amiga, espera! Ela! Aquela que me tira do juízo vai sair com qualquer um pra passar uma noite? Não parece o estilo dela. E de repente ouço um tão alto quanto o anterior saindo daquela boca nervosa: “Há – Há Mel, não vai dar mesmo! Não estou mesmo a fim de sair com qualquer um,  e sabe que o cansaço me toma todos os dias.”. Ainda bem que não aceitou. Mas que droga! Ela só não aceitou porque está cansada? Uma pena, aquela mulher com olhos tão azuis quanto o céu, não é tão diferente como eu pensava. Confesso que sou um romântico à moda antiga, nunca traí, e me sinto tão ‘moderno’ e  ‘comum’ em ter uma namorada e não conseguir tirar os olhos dessa mulher. Por isso, evito ir ao setor dela, quando acontece alguma coisa nas máquinas de lá, mando um dos assistentes resolver. Evito, e até fujo do rabo de cavalo alto com belo par de olhos azuis.

No fim do dia, pego o carro e vou embora. Cansado da correria, ligo o som baixo, me deixo consumir por uma das músicas que que costumamos tocar na banda. Enquanto o semáforo está fechado, me perco nos pensamentos. Eu e os rapazes da banda, tocamos em festas, pubs, casamentos e até boates quando convidados. Amo cantar, e nós temos essa ligação com a banda, porque nenhum de nós usa da música pra sobreviver, apenas curtir e descontrair. Olho pro lado, e lá está aquela mulher, parada, me olhando. Coloco meu rosto sério e profissional em ativa, abro o vidro do carro – Quer carona? – Pergunto. Estúpido. Não poderia ser mais gentil? O que estou fazendo? Se minha namorada pega. Ela estende a mão, se aproxima, penso que vai aceitar. - Obrigada, mas acho que chegou junto com meu ônibus. – me dá um aceno e vai embora. Droga! Como é linda sorrindo! Meu corpo todo reage. Outro banho frio pensando nela. Aquelas mulheres do trabalho sempre tão ousadas e ela nunca me deu um olhar, ela é diferente.

    A semana passa rápido. Sempre que posso passo na frente da sala daquela diaba. Sim. Uma diaba que me perturba a cabeça, e desestrutura meu autocontrole. Ela me esquenta com um olhar. Mexe comigo como nunca senti. Esse fim de semana o Gustavo foi chamado pra tocar numa festa. Já sei que vem mais uma briga com minha namorada porque ela não aceita essa minha escolha e gosto por músicas. Segundo ele, preciso de um bom repertório, pois segundo o conhecido dele que nos convidou, a aniversariante apesar de geniosa, sonha com um príncipe montado em cavalo branco. Ri alto com aquela descrição que o Gustavo me deu pra escolha das músicas, essa menina deve ter o quê? 15 anos? Mas, como também sou desses, prefiro não zoar. Mas ainda sorrio por perceber que existe mulher assim.

Sexta-feira chega e convido a minha namorada pra almoçar no shopping que é próximo ao trabalho dela. Preciso contar que vou tocar hoje. Como pensei! Ela começa sua ladainha, dizendo que não dou atenção a ela, que não tenho vontade de aproveitar nosso tempo juntos porque sempre que posso estou com os rapazes. Blá blá blá. Até que eu não dou mais atenção ao que ela diz, e já no meu limite do controle, digo ainda baixo, porém, firme : -Escuta aqui Ellen, você não está me apoiando em nada do que quero fazer. Sou leal, que é além de fiel, vivo pra você, e pro meu futuro. E ainda por cima não tenho reconhecimento? Chega! Preciso pensar se é isso que quero pra minha vida. – Ela me olha assustada, afinal nunca reagi a nenhuma das suas insanidades – Estamos entendidos? ACABOU! Se eu notar alguma mudança, TALVEZ, mas apenas TALVEZ, penso em reatar e TALVEZ você consiga transformar isso que chamamos de namoro num relacionamento maduro, onde duas pessoas possam opinar e viver. –

Inocente pecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora