Capítulo Um

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    ALESSANDRA

    Manhã de segunda-feira, meu celular desperta. Com a cara afundada no travesseiro, bato a mão pela tela do celular a fim de desligar, mas o local que preciso para desligar numa soneca parece mudar de lugar, porque não consigo acertar. Me levanto irritada, levo as mãos nos cabelos e já vou o arrumando num coque de improviso no alto para tomar um banho e me preparar para o trabalho. Entro no chuveiro, e agora sim desperto, tomo uma ducha bem lentamente, já que demoro pra acordar, e minha colega de apartamento, com quem divido despesas, levanta mais cedo e deixa o café da manhã pronto, contanto que o jantar fique por minha conta.Ah, amigas. Precisamos tanto delas. Paro na frente do espelho, começo a me arrumar e meus pensamentos divagam.

    Me chamo Alessandra Weiser, tenho 27 anos, ops, logo faço 28. Oh, não acredito que estou indo pros 28 anos sem ter encontrado o homem da minha vida. Humf! Mas sinto que ainda vou encontrar, mesmo que leve a eternidade!

- Ô eternidade, tem como abrir mão disso e mandar ele pra um presente bem próximo? – Falo olhando pra cima e abrindo os braços.

Definitivamente estou ficando louca!

Me olho no espelho. Acabei! O uniforme da empresa, feita num terninho escuro, e calça social, uma make bem leve, um salto nude e pronto!

Vou em direção à mesa, onde encontro um café da manhã apresentável. Penso em minha amiga e faço uma nota mental: Preciso lembrar de agradecê-la por um trabalho sempre tão bem feito.

Melissa Klippel, uma mulher linda, em seus 1,70m, cabelos loiros, olhos castanhos, e um corpo de fazer qualquer homem ficar louco por ela. Professora de biologia, dá aulas o dia todo, com exceção da noite, que pra ela é sagrada.

Pego meu celular e digito uma mensagem pra ela

“Bom dia Mel, o que tá a fim hoje para o jantar?”

Logo o telefone apita.

“Bom dia preguiçosa...Creio que qualquer coisa que fizer desce, porque adoro sua comida, mas hoje  a fim de algo leve”

“Ok! Até mais!”

Pego minha bolsa e saio em direção ao ponto de ônibus. Isso mesmo! Ponto de ônibus. Tenho carro, mas o reservo para passeios a noite, já que preciso da grana pra me sustentar e pagar a faculdade. Não posso me dar o luxo de ir trabalhar com ele, porque gastaria demais.

Chego no banco, vou direto para minha mesa, ainda tenho alguns minutos antes que o primeiro cliente chegue, organizo minha mesa, colocando cada documento em seu lugar.

Faço os atendimentos e foi tão corrido, pra variar, que vejo meu celular piscando no silencioso. Sem olhar quem é já atendo.

-Alô.

-Muito ocupada?

-Como sempre né Mel? Não sei o que dá nesse pessoal que vive se atolando em dívidas e pegando empréstimos. – Dou uma risada, mas logo fico séria e concluo – Ainda bem, assim eles garantem minha sobrevivência.

-Ah não Alê, por favor. Vai parando por aí. Vamos almoçar comigo. Tô passando agora mesmo aí.

Desliga sem se despedir. Oi? Será mesmo que ela não percebe quanta coisa tenho pra fazer? O elevador se abre e lá está ela, já vindo em minha direção.

-Uau- Diz mostrando sua melhor cara de surpresa – Agora entendi porque gosta de chegar mais cedo, veja sua mesa, uma bagunça!!

-Ah, vamos, arrumo quando voltar.

Pego minha bolsa e vamos em direção ao restaurante no último andar do prédio onde trabalho.

-Amiga, estamos precisando sair, nossa vida gira em torno de faculdade, provas, e trabalho, por Deus, precisamos curtir. – Mel fala e logo balanço a cabeça em negativa.

-Mel, minha faculdade está no último período, sabe que não posso. Tenho que passar. Não da pra ficar devendo matérias. Sabe que tô contando os dias pra usar meu dinheiro pra investir na minha clínica.

Melissa engasga enquanto um colega de trabalho passa.

-Amiga, quem é esse que passa e te cumprimenta e você apenas acena e dá um sorriso? Você é louca? Não vê como te olhou?

-Mel, esse daí amiga, não é pra ninguém, você ACHA que ele me olhou. Ele é o Sr. Príncipe, assim que as meninas do banco o chamam. Dizem que ele tem uma namorada, e todas as mulheres que se aproximam ele é bem categórico. Diz que tem namorada e não da bola pra ninguém. É o tipo correto.  Eu o chamo assim. Sr. Correto. Ele não deve passar das 22h acordado. Nem deve conhecer sobre nada da vida. Tem cara de que nem sexo faz. Aff, por falar nisso, estou precisando de sexo.

Mel levanta a voz dizendo – Isso Alê, vamos sair pra curtir em algum lugar, lá você procura alguém pra passar a noite, com sexo bem quente, e eu também , claro.

Todos ao redor olham, inclusive o sr.  Correto. Ah, o que faço com essa Melissa? Falo no mesmo tom alto que ela pras pessoas vêem que não tenho nem de longe pensamento em passar uma noite com desconhecido qualquer.

-Há – Há Mel, não vai dar mesmo! Não estou mesmo a fim de sair com qualquer um,  e o cansaço me toma todos os dias.

Bebo meu suco e descemos. Dou um beijo no rosto da Mel e me despeço.

-Não vou dar uma volta com você agora amiga, vou me organizar pra minha tarde que vai ser uma loucura, já agendei vários clientes.

Melissa acena, quando o elevador está se fechando. –Até mais tarde!

*******

Terminei meu trabalho, juntei minhas coisas e fui pro ponto de ônibus. Parou um carro prata, aguardando o semáforo abrir, e percebi que lá estava o sr. Correto, numa expressão completamente diferente, relaxado, ouvindo música. Não que desse pra escutar, mas ele estava concentrado no ponto vermelho à sua frente, aguardando abrir, enquanto balançava sua cabeça e movia seus lábios, e sim, definitivamente ele ficava sexy assim. Ele se virou e me olhou. Oh céus, ele me viu olhando pra ele, ah não, não e não, por favor, espero que não tenha me percebido. Repito mentalmente.

-Quer carona? – Diz apenas. Lógico que não. Ele acha que vou daqui em casa ouvindo ele falar o quê? E o que vou dizer? Vou calada? Não consigo. Costumo falar pelos cotovelos, então, simplesmente visto meu melhor sorriso, aceno pro ônibus que vem logo atrás.

-Obrigada, mas acho que chegou junto com meu ônibus. – Aceno a mão pra ele não achar que fui grossa. Ele veste a carranca dele novamente, de cada dia, e o rosto relaxado some. Acelera e vai embora. O que ele quer? Deve pensar que como sou a única que ele ainda não precisou me cortar, assim como fez com quase todas as oferecidas do banco, deve estar esperando a oportunidade. Ah como ele se acha. Não vou dar essa oportunidade.  Que ele me deixa confusa e com os pensamentos trocados, é fato. Mas ele não precisa saber disso.

Chego em casa e faço o jantar, um frango grelhado e umas saladas frias. Vou para o banho, relaxo um pouco, fico pensando na oferta da carona. O que será que ele queria? Me lembro do que a Melissa disse no almoço. Ah agora mesmo que não vou conseguir falar com ele. Me afundo na água da banheira tirando o shampoo. Termino meu banho e vou jantar correndo. Não aguento esperar Melissa chegar, deixo um bilhete dizendo que fiz isso pra o jantar porque ela queria algo leve. E adoro agradá-la.

Do quarto ouço barulhos da Mel, logo se silencia, e adormeço pensando no que aquela carona poderia dar. E acordo com uma mensagem da Melissa:

“SE VIRA! Sexta quero toda sua papelada arrumada mais cedo. A gente vai dar uma volta. Afinal, é seu aniversário!”

“Vamos ver se vai dar...”

“Eu disse SE VIRA!”

Ok! Ela não desiste quando quer alguma coisa. Então, sexta-feira, aqui estamos nós te esperando!!

Inocente pecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora