Capítulo Dez

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Thomas

    Depois de ter a Alessandra como venho imaginando a tanto tempo, estamos deitados na cama, meu celular toca, e como vejo que é o Gustavo atendo numa boa. Mas ele vem logo com uma notícia que a Ellen está internada. Ele não diz muita coisa, nem dá detalhes. Então resolvo que não vou contar nada pra Alê, precisaria de tempo, e agora não tenho. 

    Ela sem saber da gravidade, vem me prender com beijos e carícias, meu corpo reconhece esses beijos e responde, mas preciso sair logo daqui, se ficar por mais alguns segundos, não vou querer mais sair desse quarto. E provavelmente vamos ferver os miolos de tanto fazer amor.

    - Alessandra... por favor, assim não vou sair daqui... eu preciso ir... – Eu vou falando aos poucos porque meu corpo não responde ao meu cérebro como deveria. Sinto sua boca em meu peito. Queria apenas continuar com ela aqui. Percebo a tristeza em seus olhos. E tento mudar o clima com outro assunto.

- Ei  Anjo, hoje vou tocar num pub. O the chairs, pode vir comigo? – Quero muito que ela venha. A minha ex nunca me acompanhou nessas coisas porque dizia que não concordava. Mas ela é tão espontânea em seu “Claro que sim”, que eu nem questionei nada, principalmente vendo em seus olhos que estava mais aliviada.

Resolvo sair logo dando um beijinho antes de dar a oportunidade de me perguntar qualquer coisa, acho que seria um tanto estranho explicar que estou indo ver minha ex pra ela. Eu vou contar! Mas antes, preciso do momento certo.

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Chego ao hospital, me identifico na recepção e sou encaminhado ao quarto. Chegando lá, vejo a Ellen numa cama,  me cumprimenta, e tem uma enfermeira aferindo sua pressão, mas logo se retira quando me vê.

Me aproximo dela, olho em seus olhos, com dor no coração. O que será que aconteceu? Ela pega em minha mão, com os olhos cheios de lágrimas.

-Meu amor, você veio me ver. – Abre um sorriso, que sinceramente, não sei como cortar.

- O que aconteceu? Por que está aqui?

- Amor, você precisava ver, meu pai brigou comigo outra vez. Ele disse muitas coisas pra me ferir. Como sempre diz que não quero responsabilidades. Me vi completamente sem saída. Já não consigo viver com minha família depois de tantas coisas, eles não me aceitam como sou. Você sim. Eu me cortei – Ela mostra o punho enfaixado – Não quero mais viver. – E desaba em choro. Não sei o que fazer. Tenho pena. Ao mesmo tempo me lembro o tempo que vivemos juntos, e o carinho que ainda guardo pelo que vivemos. Talvez se eu estivesse ao seu lado, isso nunca teria acontecido.

- Mas por que não me ligou?

-Eu tentei, mas não tive coragem. Liguei pro Gustavo, que logo, daquele jeito dele, me destratou, e disse que não gostava de mim. E aquilo foi a gota d’água. Ninguém gosta de mim.

-Não é verdade. Eu gosto de você, você tem amigos que gostam de você e te aceitam como é. –

-Não é o que me lembro que disse naquele shopping. – ela diz dando uma risada de deboche e fazendo uma careta.

-Eu não querer ficar com você, não significa que eu tenha que deixar de gostar de você. Apenas não dá mais pra vivermos juntos como estava. E aliás, não quero te incomodar com esses assuntos aqui. Não é o lugar. Nos falamos quando tu sair daqui. – Ela acena com a cabeça e eu me levanto pra dar um abraço nela. E o Gustavo entra.

-Desgraçada, você conseguiu outra vez não é? – ele já aponta um dedo andando em direção a ela. – Você não vai mais jogar esse jogo. E você Thomas, não vê porque não quer. Afinal, vocês se merecem! – Ele sai bufando e preciso entender. Olho pra ela, que parece apavorada.

Inocente pecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora