Capítulo 2

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Tul escuta uma batida na porta, que logo depois é aberta:
— Dia difícil?
Tul sorri e gira em sua cadeira.
— Você nem imagina.
Aim Satida é a outra detetive da sede da polícia. Seus cabelos longos cor de amêndoa e seus olhos castanhos são sua marca registrada.
Aim remexe em algumas pastas que estão sob a mesa de Tul.
— Crime passional?
Tul encara a foto da modelo Nuttha L. e sacode a cabeça.
— Eu ainda não sei. Estou estudando o caso.
— Quantos suspeitos?
— Por enquanto só o namorado mas ele tem um álibi muito bom.
— Sandy que lhe deu esse caso?
— O que você acha?
Aim sorri e joga as pastas de volta à mesa.
— Sabe onde é minha sala, caso precise de ajuda.
Ela se encaminha para a porta mas antes de sair, ela se vira, o queixo e as bochechas apoiadas no vão da porta:
— Nós vamos sair para beber hoje. Eu e a galera do departamento dos narcóticos. Caso queira ir, para espairecer um pouco. Acho que você está precisando.
Tul gira a cadeira e fica de costas para a porta. Aim dá de ombros e sai da sala.

                               • • •

O bar está parcialmente cheio. Tul esbarra em algumas pessoas até conseguir chegar ao bar. Ele pede um cha mando*, decide não beber pois tem que estar de pé ás seis da manhã.
Ele olha para os dois lados mas não avista Aim e nem seus amigos.
— Uma vodca pura, por favor.
A voz que soa ao seu lado, faz com que ele se vire.
— Senhor Nattapol?
O homem ao seu lado se vira para encará-lo. Tul percebe que seus olhos estão vermelhos e anuviados, como se ele estivesse dopado ou algo assim.
— Você não parece bem.
Max dá uma risada irônica e pega a bebida que o barman lhe traz. Como um russo, ele vira a bebida de uma vez, fazendo uma pequena careta quando coloca o copo de volta no balcão.
— Vá com calma. — Diz Tul, olhando em volta. — Ou terei que chamar alguém para te buscar.
Max limpa a boca com a manga do terno azul e apoia as mãos no queixo.
— Eu sou mesmo um suspeito?
Tul olha para ele e por um momento, sente pena.
— Você tem bons advogados, senhor Nattapol. Eles vão fazer o melhor para que você não seja mais um suspeito. Eles acreditam em você.
Max para de fitar o vazio e gira seu corpo em direção ao Tul.
— Mas e você, acredita em mim?
Tul engole em seco e quando pensa em responder, o barman os interrompe, trazendo suas bebidas.
Tul gira seu corpo na pequena cadeira e toma seu cha mando, que desce gelado pela sua gargante. Max dá de ombros e toma mais um copo de vodca pura. Dessa vez ele não faz careta, apenas aperta o copo em suas mãos.
Tul o olha de canto e estuda seu rosto. As maçãs das bochechas protuberantes, os lábios rosados e o olhar triste.
"Sim, Max. Talvez eu também acredite em você." — diz Tul para si mesmo, com medo de dizer em voz alta e se arrepender desse pensamento.

                               • • •

Que ideia mais idiota de se ir à um bar sozinho — Tul resmunga enquanto puxa Max para fora do seu carro.
— Eu não estou sendo nada profissional, porra.
Max resmunga e Tul pergunta para ele o número de seu andar e do quarto.
— Eu preciso te deixar em casa, em segurança.
Os dois homens atravessam o gramado do prédio cambaleando até chegarem no elevador.
Tul tenta manter Max de pé mas desiste, o apoiando em seu ombro.
— Sua chave? — Tul pergunta dando uma batidinha nas bochechas de Max, que estão rosadas pelo álcool.
Max agarra a mão de Tul, os olhos meio abertos, um sorriso sacana escapando de seus lábios.
— O que...
Max guia a mão de Tul até o bolso de sua calça.
— Pegue.
Tul revira os olhos e enfia a mão no bolso da calça de Max, tirando a chave dali. Foi impressão sua ou ele ouviu Max gemer?
Rapidamente Tul vê o número do quarto e do andar gravados delicadamente no chaveiro.
Pararam no quinto andar, com Tul arrastando Max para fora.
Os dois atravessam o corredor e chegam até o apartamento de Max. Cuidadosamente Tul gira a chave na maçaneta e os dois entram para dentro.
Á passos largos e lentos, Tul chega ao quarto de Max jogando-o na cama.
— Certo. Está entregue.
Tul se vira para sair mas Max o enlaça com as pernas em suas canelas, fazendo com que ele tropece e caia na cama deitado ao seu lado.
Os lençóis têm cheiro de amaciante e limão.
— Não vai, não. Eu estou com medo.
Tul tenta se soltar, e apesar de Max estar bebâdo e quase desfalecido, ele ainda é mais forte.
— Senhor Nattapol...
— Max, me chame apenas de Max. Você parece sério demais quando me chama de senhor Nattapol.
— Ok, ok...
— Depois que eu dormir você pode ir.
Tul suspira, se xingando por dentro.
— Só até você dormir e se sentir seguro.
Num ato impensável, Max abraça Tul e suspira.
— Eu estou seguro.

* Cha mando é uma bebida gelada e doce

Jogo perigoso • MaxTul Onde histórias criam vida. Descubra agora