— Me desculpa, desculpa. Eu só quis fazer o que você pediu, eu tenho família. Precisava do dinheiro.
A sombra escura e sombria no canto do espaço úmido e sujo solta uma risada seca, o que faz com que os pêlos da nuca do homem de joelhos no chão cheio de musgo, se arrepie.
— Você tinha uma tarefa. — O objeto prateado na mão da sombra faz com que pequenas lascas de luz invada o ambiente. — Você só precisava tirar ele do caminho.
A sombra se aproxima e o objeto afiado vai de encontro a garganta do homem, uma linha de sangue escorre até os dedos do agressor.
— Você. simplesmente. não. fez. a droga. do seu trabalho.
O homem sufoca um pouco, tentando se livrar da faca apoiada em seu pescoço e do aperto na sua jugular.
— Eu… eu sinto muito.
— É… — Há uma pausa, um silêncio. E logo há apenas uma respiração. — Eu também.
• • •
Tul está mordiscando a ponta do dedo mindinho. Ele já limpou a casa duas vezes, já conferiu mais de uma vez se está tudo no lugar. Já afofou o travesseiro que está no sofá cama de sua sala, já dobrou e desdobrou o edredom que também está em cima do sofá cama.
— Só posso estar maluco.
Ele está prestes a desdobrar e dobrar a coberta de novo quando duas batidas na porta faz com que ele esqueça essa ideia e corra até a porta.
Max está com os cabelos molhados, bagunçados e caindo nos olhos. Apesar de estar um pouco frio, ele só veste uma camisa de manga comprida cinza e uma calça branca jeans.
Ele levanta uma sacola a balançando, colocando na frente do rosto de Tul.
— Trouxe comida, supus que você não tinha comido ainda.
— Achei que tinha desistido de vir.
Ele entra e Tul fecha a porta.
— Eu precisei organizar meu apartamento antes de sair, me ajudou a colocar a cabeça no lugar.
Max senta no sofá mas Tul prefere sentar em uma das cadeiras do balcão da cozinha.
— Você parece cansado.
Tul sorri, massageando a nuca.
— Não lembro a última vez que dormi por mais de duas horas.
Max se levanta mexendo na sacola de comida em cima do balcão.
— Então vamos comer, assim você pode descansar.
— As coisas não funcionam assim para mim, podem precisar de mim agora ou daqui uns dez minutos.
Max revira os olhos e tira as embalagens de dentro da sacola.
— A delegacia pode sobreviver sem você algumas horas.
Tul pega uma embalagem e começa a comer, notando que não fazia ideia da última vez que tinha comido alguma coisa que não fosse bala e café, que era o que ajudava ele a ficar acordado.
— Por que escolheu trabalhar na polícia? — Max pergunta, tirando mais duas embalagens do pacote.
— Meu pai era policial, e eu sempre gostei muito dessa área. Não me imagino fazendo outra coisa.
Max abre uma embalagem e come uma colherada do arroz assentindo devagar.
— Você se daria bem como ator.
— Eu como ator? Dúvido.
Tul empurra um copo d'água em direção ao Max e ele toma, terminando de engolir o arroz.
— Sim, você é muito bonito.
Tul se engasga ainda com o seu próprio copo de água na boca.
— Não fale besteiras, Maxim.
Max fecha a cara, empurrando a embalagem de comida já vazia sobre o balcão.
— Não estou falando besteira, detetive. Posso conseguir uns testes pra você, se quiser.
Tul se levanta, recolhendo a bagunça da bancada.
— Eu já tenho um papel, e ele é na vida real. Muito obrigado.
— Ok, ok.
Tul descarta as embalagens no lixo e começa a limpar a cozinha.
— E você, por que escolheu ser ator?
— Para fugir da realidade, essa realidade chata que você vive.
— Ei!
Tul se vira e joga um pano de prato nele.
— A minha realidade não é…
— Chata, entediante, parada? Chame como quiser mas sabe que estou certo.
— Idiota. — Tul resmunga baixinho.
Max dá a volta no balcão e fica encarando Tul. Ele está de costas, os músculos delicadamente marcados pela camisa social preta, a bunda farta dentro da calça social.
— Qual foi a última vez que transou?
Max escuta a hora que um copo desliza pela pia, fazendo um baque surdo no metal.
— Você é impossível.
O dedo indicador e o do meio de Max passeiam livremente pelos ombros de Tul, os famosos dedinhos corredores.
— Eu só estou curioso. Vou passar um tempo aqui com você, não vou? Eu poderia estar no conforto do meu apartamento e…
— Sendo assassinado neste exato momento.
— Besteira, ninguém quer me assassinar.
Tul se vira e se aproxima de Max.
— Alguém assassinou sua noiva, por que não fazer o mesmo com você? Eu só quero fazer meu trabalho e proteger alguém em perigo. É o que eu faço.
— Seu trabalho. É… tem razão.
Tul se afasta e seca as mãos no pano de prato.
— Vou tomar um banho e tentar descansar um pouco, sua cama já está arrumada. — Max se vira e olha o sofá cama. — Estarei no quarto ao lado.
Max suspira e deita na cama que Tul preparou pra ele. Ele escuta o chuveiro e logo depois mais nada.
Ele torce silenciosamente para que Tul consiga descansar, mas ele mesmo cai no sono com o próprio cansaço.
• • •
Talvez tenham passado duas horas até que Tul invadisse a sala afobado e com a cara amassada de sono, um braço na jaqueta de couro e outra mão ajeitando a camisa dentro da calça.
Max afasta o sono e coça os olhos.
— Preciso ir, você fica aqui. — Tul diz, pegando a chave do carro.
— O que houve?
— Encontraram o suspeito do cemitério.
Max se levanta já colocando o sapato.
— Vou com você.
Tul se agacha de frente para Max.
— É uma cena de crime, Max. Preciso que fique seguro.
— Estarei seguro se estiver com você. Agora vamos logo interrogar esse idiota.
Max se levanta indo em direção a porta mas Tul o puxa pela mão.
— Não vamos interrogá-lo.
Max se vira, seus olhos estão focados na mão de Tul presa a sua.
— Por que?
Ainda sem soltar sua mão, Tul se levanta e fica de frente para ele.
— Porque ele está morto.
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Jogo perigoso • MaxTul
FanfictionMax Nattapol é um ator renomado e de sucesso na Tailândia mas, a morte misteriosa de sua noiva coloca em risco sua carreira e toda sua vida, apontando Max como o principal suspeito. Sendo investigado pela polícia, Max conhece o detetive Tul Pakorn...