Capítulo 3

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Ainda cambaleando Max se vira para o criado mudo para fazer o celular parar de tocar. Ao invés de ignorar a chamada ele acaba atendendo o telefone e resmunga baixo quando escuta o zumbido da voz que escapa do aparelho:
— O que é?
— Senhor Nattapol?
— Tul?
A pessoa solta um pigarro e continua, ignorando totalmente a pergunta de Max.
— Precisamos que o senhor compareça a delegacia hoje, precisamos fazer algumas perguntas.
Max abre um olho, o corpo meio na cama e meio fora.
— Droga.
— Desculpa?
— Nada. Estarei aí.

Ele desliga o telefone e termina de cair da cama, seus olhos pousados no ventilador de teto que roda lentamente.
Sua camisa está jogada em algum canto do quarto e ele está só de cueca.
— Como diabos eu vim parar aqui?

                              • • •

Tul gira sem parar em sua cadeira e mexe nos botões de sua camisa compulsivamente.
Ele está quase arrancando o botão da blusa quando uma batida na porta o faz parar:
— Detetive Pakorn? O senhor Nattapol chegou. Quer que eu o mande entrar?
— Sim. — Tul responde rapidamente.
Antes da porta se fechar Tul grita de novo:
— Não, não precisa. Eu vou até ele... é, isso.
O policial dá de ombros e sai.
Tul ajeita a camisa e os óculos no rosto e sai de sua sala.
Max está parado no meio da delegacia, apoiado no balcão enquanto conversa — para não dizer flerta — com a recepcionista.
— Detetive Pakorn, você me queria aqui e aqui estou.
Max carrega um sorriso desconfiado nos lábios e Tul desvia o olhar quando lembra do ocorrido da noite passada.
— Estou me lembrando da noite passada agora...
Tul volta a encará-lo, atônito e suas bochechas coram:
— Noite passada nós... nós fizemos não é?
Se Tul pudesse se olhar no espelho agora ele estaria oficialmente da cor de um tomate.
A recepcionista solta uma risadinha escandalosa e Tul puxa Max pelo braço, o levando até sua sala.
— Espera, vamos fazer de novo?
Tul bate a porta e fecha as persianas.
— Eu não lembro direito mas, foi bom?
— Por Budha, pare de falar sobre isso.
—... foi ruim então?
— Max! Nós não fizemos nada, nunca faria nada com você.
Max coloca a mão sob o peito e seu olhar parece ofendido.
— Você estava bebâdo.
— Não curte caras, senhor Pakorn?
— Como eu já disse, você estava bebâdo.
— Não foi isso que perguntei.
— E eu estou investigando você por assassinato.
Max estala os lábios e se senta na cadeira ficando de costas para ele.
— Certo. Então faça logo suas malditas perguntas para que eu possa sair logo daqui.
Tul se assusta um pouco com o jeito que ele fala mas não questiona.
Pega sua caderneta e uma caneta e prefere se manter atrás de Max, por um motivo que ainda desconhece não consegue olhá-lo nos olhos.
— Qual foi a última vez que entrou em contato com Nuttha?
— Ela foi na minha casa um dia antes de... você sabe.
— Sobre o que conversaram?
Max vira o rosto e encara Tul com um olhar parcialmente safado.
— Não conversamos.
— Vocês transaram, ok. O que mais?
— Você quer detalhes? Foram uma, duas...
— Não! — Tul coloca os dedos sob a ponte do nariz e suspira. — Depois disso ela foi embora?
— Sim. Jantamos e eu a deixei em casa, depois disso não nos falamos mais.

Tul desliza uma folha em direção a Max que olha sem entender.
— No dia que Nuttha foi assassinada você ligou para ela três vezes. Cada chamada durou de três a cinco minutos. O que vocês conversaram?
— Detetive com todo respeito...
— Diga.
— Vocês grampearam meu celular?
Tul fica de frente para Max e espalma as duas mãos na mesa fazendo um baque surdo.
— Eu faço as perguntas aqui: O que vocês conversaram?
Os olhos escuros de Max se prendem aos olhos castanhos de Tul.
Max se levanta e se aproxima mais do seu rosto. Tul quer recuar mas não o faz.
Delicadamente, Max molha os lábios com a própria língua.
— Sexo. Nós fizemos sexo por telefone. Nuttha gostava dessas coisas, eu liguei, ela estava entediada e nós fizemos. Foram três vezes por que a mãe dela entrava no quarto toda hora, e ela precisava desligar. Mais alguma pergunta ou eu posso ir? — Max faz menção de tocar no queixo dele mas recua. — A não ser que queira detalhes.
— Liberado, senhor Nattapol.
Max sorri e se afasta.
Ele abre a porta pra sair mas não antes de dizer:
— Pode me chamar de Max, gostei muito de te ouvir me chamar assim noite passada.

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