Capítulo 14

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Talvez tenha sido pela conversa com Maeng, ou porque talvez Tul não podia mais ficar adiando aquilo.

 Ao voltar para a delegacia ele relê o relatório da idosa que encontrou Maeng na rua, e como esperado aquilo não ajuda em muita coisa. Ela estava passando e encontrou Maeng largada em um beco, e assim que a viu acionou a polícia. Sem mistério, e as câmeras no local confirmou tudo o que estava escrito ali. Seja lá quem tenha deixado Maeng no beco, utilizou os pontos cegos das câmeras e sumiu, sem deixar nenhum maldito rastro.

 Tul suspira dobrando as mangas de sua camisa social, logo em seguida abrindo a gaveta de sua mesa. A capa de one piece ainda está ali, embalada cuidadosamente em uma embalagem plástica. Ele não pensa muito, porque sabe que se pensar vai mudar de ideia então ele pega a embalagem e sai de sua sala, indo direto ao setor de perícias.

 Uma garota baixinha e com olhos espevitados está ali, com luvas de silicone azuis enquanto examina um corpo quase decomposto.

— O que é?

 Olive. Ela era sempre daquele jeito, pronta para bater em qualquer um. Ela queria ser durona, mas Tul lembra que ela chorou no primeiro dia de treinamento por que teve que dissecar um sapo. Para ele, Olive era como uma irmã mais nova fofa e ás vezes mau humorada.

— N'Olive, preciso que verifique uma coisa para mim. 

 Tul termina de adentrar na sala, fechando a porta atrás de si. Ele balança a embalagem e Olive se aproxima, analisando o conteúdo ali dentro. 

— Sem perguntas e você ganha leite rosa e rosquinhas doces.

 Ela pensa por um segundo, apertando os olhos de forma acusatória.

— Leite rosa e rosquinhas doces que vai me levar para a prisão federal feminina? 

— Por Budha, não! Eu juro. 

 Ela dá de ombros.

— Ok, quando eu conseguir algo eu te aviso. Agora sai da minha sala, preciso saber que hora esse velho morreu.

 Tul de reflexo beija a cabeça de Olive e antes que leve um tapa, já está saindo aos pulos da sala da garota. 

 Ele volta até sua sala e pega a pasta que Sandy lhe entregou alguns dias atrás. Pega seu celular e tira algumas fotos do conteúdo ali dentro, já que não pode ficar andando pra cima e pra baixo com aquilo. Tul sai de sua sala, dando de cara com Amity.

— O que foi?

— V-você está saindo? Precisa assinar uns documentos.

— Preciso fazer uma coisa antes, isso pode esperar?

— Talvez? Não sei.

— Tudo bem. Volte para sua sala e veja se isso dá para esperar enquanto eu vou resolver uma coisa.

 Amity abre o seu sorriso rotineiro de orelha a orelha e volta saltitante pelo seu caminho.

— Ei!

 Quando ele se dá conta e se vira, o detetive Pakorn já está saindo pelas portas da delegacia de Bangkok. 

•••


 Nos filmes parecia muito fácil abrir uma porta com um grampo, mas na vida real era muito mais complicado. Por isso que ser policial tinha suas vantagens.

Bem, mais ou menos.

Se Tul fosse pego invadindo sem um mandato ele com certeza teria problemas. Mas como arranjaria um mandato quando ninguém poderia saber que ele estava investigando Max Nattapol? O homem cujo estava vivendo sobre o mesmo teto há quase dois meses e pior que isso, o homem com quem ele estava transando. 

Jogo perigoso • MaxTul Onde histórias criam vida. Descubra agora