Capítulo 10

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Tul nunca se arrependeu de ter virado policial. Ele sempre amou a sua profissão e não se imaginava fazendo outra coisa a não ser isso. Nem mesmo quando Max falou que ele daria um ótimo ator, ele se sentiu tentado em mudar de carreira mas, naquele momento em que a voz embargada de Aim o contou sobre Maeng ele sentiu o peso do mundo em suas costas, não só o peso do mundo mas também se sentia culpado e responsável.

Era culpa dele. Tudo aquilo era culpa dele.

- Aim, me escuta. Nós vamos trazer a Maeng de volta, ok? Eu te prometo. Agora preciso que você entre em um carro e venha para o meu apartamento para que possamos pensar em algo juntos. Você consegue fazer isso?

Aim demora um segundo para processar, até que responde.

- S-sim.

- Certo, eu estarei te esperando.

- Você pode ficar na linha comigo até eu chegar? Eu estou tão assustada, Tul...

Aim sempre foi uma mulher forte. Tul a conhecia desde a época do colégio militar. Ela socou um garoto apenas porque ele falou que ela se vestia como menino. Desde que se conheciam, Tul podia contar nos dedos quantas vezes tinha a visto chorar, ou com medo que nem estava agora.

- Eu estou aqui. - Disse Tul, aproximando o celular mais perto do ouvido. - Vai ficar tudo bem.

Tul disse mais isso para ele mesmo, e esperava mesmo que ficasse tudo bem.

•••

Maeng aperta os olhos que lacrimejam sem parar. Sua bochechas ardem por conta da mordaça que está em sua boca, ela está zonza e um filete de sangue escorre por sua testa deixando seus cabelos grudentos.

Suas mãos estão presas atrás de seu corpo, e seus ombros começam a doer por estar há muito tempo naquela mesma posição. Suas pernas também estão presas a cadeira de metal, sua garganta arde pelos gritos que ela deu nas últimas duas horas.

Ela está cansada e com sede. O lugar em que ela está cheira a lodo e ferrugem.

Seu sequestrador se mantém agachado do outro lado, de frente para Maeng.

- M-me desculpe... eu não quis... não quero. - Ele diz, com a voz trêmula.

Maeng começa a chorar, seu corpo se debatendo na cadeira enquanto tenta se soltar. A forma escura e alta se aproxima dela e estica uma faca em direção da sua garganta pálida.

- Não me obrigue a... por favor.

O celular de seu sequestrador toca no bolso, e suas mãos finas tremem ao pegar o aparelho.

- S-sim?

- Você não é tão inútil quanto eu pensei, está com a garota.

- E-eu posso ir agora?

- Agora que está ficando divertido? - uma risada rouca escapa do aparelho. - Você só vai embora depois que eu disser que pode ir embora. Seu trabalho ainda não acabou, continuaremos com o combinado. Sabe o que acontece se falhar?

O sequestrador de Maeng olha para a faca e depois encara os próprios pés.

- Você me mata.

- Se entendeu essa parte entendeu o resto. Eu mantenho contato.

Maeng se sacode na cadeira de novo mas logo seu rosto é atingido por um tapa, e tudo escurece.

•••

Tul olha novamente para a foto que Aim recebeu do assassino, sem acreditar no que está acontecendo.

Ela se balança para frente e para trás no sofá, o olhar perdido focando em lugar nenhum. Suas mãos seguram um copo de água que nem foi tocado, e sua pele tão bronzeada está pálida.

Jogo perigoso • MaxTul Onde histórias criam vida. Descubra agora