Eu te amo, mon amour.

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A chuva forte caia do lado de fora, deixando pequenas gotas decorarem a janela de meu quarto. Eu as observava como sempre. 

Estava triste e morta por dentro. 

Então eu me lembrei de algo que curaria um pouco minha dor.

Pintar.

Fui até o quarto proibido e agarrei-me no pincel. Tracejei com várias cores até começar a tomar forma.

Lágrimas surgiam em meus olhos e tudo o que eu queria fazer era chorar. Eu desejava morrer a ter que sentir toda angústia e sofrimento. Eu queria fugir, mas eu não poderia. Isso iria me seguir até o fim.

- Myrrine? - alguém abriu a porta

Era Victorine.

- Olá. - respondi com meio sorriso

- Esse quarto é assustador. - Victor disse olhando do chão ao teto.

- Depende de como você se sente. Se estiver triste, aqui pode se tornar um lugar lindo. - levantei-me do banco.

Victorine dirigiu-se até mim e esticou uma mão.

- Você me deve uma dança, Srta. Lemaire. - ele sorriu

- Não temos música. 

- Aah, mas é claro que temos. Não está ouvindo? Tchaikovsky e sua orquestra estão logo ali? Não os vê? - Victor segurou minha mão e começou os passos.

Comecei a rir.

- Isto é ridículo. 

- Vamos! Você está chateando nossos músicos! 

Imaginei o som da orquestra no quarto e dançamos. Foi como mágica. 

O quarto começou a se movimentar junto aos nossos passos.

Quando paramos de dançar, Victorine me olhou e segurou minhas mãos.

- Je t'aime, mon amour. - ele disse e beijou-me

Seus olhos começaram a sangrar e sangue saía pela sua boca.

- Salve-nos, Myrrine! SAUVEZ-NOUS! - as pessoas que estavam em volta de nós aproximaram de mim gritando. 

Acordei desesperada e com falta de ar.

Ouvi barulhos estranhos e cochichos.

Segui o barulho até o quarto proibido e havia rastros de sangue pelo chão.

O rastro final foi até o quadro da criatura de Dimitri. Puxei o pano mas a imagem da criatura não estava lá, havia apenas um fundo borrado de tinta.

Senti um vento gelado sobre minhas costas, e ao virar-me, Dimitri Lemaire estava parado atrás de mim. Era seu fantasma.

- Minha filha... Perdoe-me. Salva-me.

- Não sei como ajudar. - respondi 

Ele deu um grito estridente e agachei-me assustada.

- Você sabe exatamente o que fazer.

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