Passei o resto do almoço inteiro sem ouvir uma palavra de Shane. Entendo o lado dele e também a sua preocupação, mas desta vez eu não pedi a sua opinião e acho que isso o chateou. Bom, não apenas isso, porque mesmo quando eu peço a opinião dele e acabo não seguindo o seu conselho, ele me apoia.
Desta vez, não.
Desta vez não teve sorvete e certamente não teve passeio até a concessionária para comprar o meu carro. Até porque o meu dinheiro será investido agora em livros caríssimos. Mas Shane está magoado comigo e uma parte de mim também está magoada com ele. Deve ser a parte não pensante porque eu não consigo me lembrar de nenhum momento no passado em que nós ficamos sem nos falar na presença um do outro a não ser que uma televisão estivesse ligada com algum programa ou filme. Sim, houve vezes em que um de nós ficou um pouco quieto, mas não dando o tratamento de silêncio para o outro.
Talvez precisemos de um tempo para eu reorganizar a minha cabeça e ele reorganizar os sentimentos dele. Pelo menos foi isso que Cass me disse quando voltei para casa por volta das 2 da tarde, sem almoçar nada.
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7:30 p.m.
Cass e eu estamos de frente para a TV gigantesca que temos no porão, dançando Just Dance no PS4. Arranjamos uma solução para a vontade dela de dançar e a minha de ficar em casa. Amo esse jogo e sou ótima nele também. Se existe algo que eu faço bem é dançar e a melhor parte é que não tem ninguém na república para reclamar do som alto e nem para intercalar conosco. Não tenho ideia de para onde todos os nossos colegas de casa foram em plena tarde/noite de sábado, mas também não ligo pois Cass está comigo.
A verdade é que estou aproveitando todos os minutos restantes do meu aniversário me divertindo sem interrupções. Claro, entre uma música e outra nós paramos por alguns segundos para beber um pouco d'água, mas é só.
– Nós deveríamos fazer isso mais vezes – digo colocando o copo d'água na boca e em seguida ajustando o meu cabelo em um coque.
– Você pode até ter físico para ficar meia hora nesse jogo sem suar, mas eu já estou morta – Cass diz ofegante e se joga no sofá.
– Então vamos melhorar essa sua resistência – digo me sentando ao seu lado. – Você pode começar a correr comigo de manhã.
Cass me fita por alguns segundos como se pensasse sobre a minha sugestão. Rapidamente ela se coloca de pé de novo.
– Prefiro o jogo. Vem.
De repente, a energia da casa cai e tudo se apaga ao nosso redor. É a primeira vez que isso acontece desde que me mudei para Ottawa e até estranho porque não está chovendo nem nevando e muito menos trovejando para a energia cair. Me pergunto se houve algum acidente, mas pelo que vejo através da janela alta do porão, as casas em frente à nossa estão todas acesas.
Ouvimos um barulho vindo da escada dos meninos e uma luz fraca aparece por lá também.
É neste momento em que eu vejo um grupo grande de pessoas descendo não somente as escadas dos meninos, mas as das meninas também. Junto com o grupo vem um canto de "Parabéns para você". O breu do porão é iluminado apenas por algumas velas em um bolo escuro que acredito ser de chocolate. Abro um sorriso imediatamente, mas logo ele se fecha. Não porque não gosto de chocolate, mas porque quem está trazendo o bolo em mãos é nada mais nada menos do que Dean.
Nas três semanas que se seguiram desde o incidente na lavanderia, Dean e eu evitamos estar no porão juntos. Não somente ele, mas Trevor também. Inclusive, silenciei o grupo do Telegram porque não queria sequer ler o que Dean tinha a dizer, acreditando que ele fosse falar para todo mundo que eu inventei a lesão no meu punho. Não estou chateada com Trevor, mas sei que ele está comigo, como até onde eu sabia, Dean estava também.
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Minha Pessoa Comum - Livro 1 - Série Encantadores
Roman pour AdolescentsHaley vive o romance perfeito com Jake, seu namorado há 3 anos. Apesar de namorarem escondido, tudo sempre foi ótimo entre os dois. Até o dia em que eles quase são pegos em seu quarto e ela precisa tomar uma decisão que faz o seu namoro ir por água...