Minha Pessoa Comum - Livro 1 - Série Encantadores

Capítulo 29

8:17 p.m.

Faltam só mais dois dias e eu finalmente vou ter um tempinho para respirar. Não que eu vá ficar olhando para o ontem quando a minha última prova passar, mas pelo menos poderei usar o tempo que eu estaria na faculdade para fazer qualquer outra coisa que me dê um pouco mais de prazer do que ficar com a cara enfiada em livros.

Sei que fui eu quem escolheu passar por isso e que tenho que correr atrás do meu objetivo. Por este mesmo motivo não vou deixar de produzir Enon e muito menos de tentar desvendar os símbolos Vendler do encanto de Jake. Mas pelo menos vou poder voltar a me exercitar e cozinhar, o que não tenho tido muito tempo para fazer. Fora que minha mãe vem para o natal, então vou poder curtir um pouco a companhia dela também.

Estou estudando na lavanderia, sentada sobre a secadora, onde acabei de colocar minhas roupas para secar. Olho mais uma vez para o caderno apoiado sobre as minhas coxas, onde estão todas as anotações que preciso para a prova de terça. Tudo está escrito em símbolos Vendler, mas a minha caligrafia nunca foi das melhores, então tenho um pouco de dificuldade para entender até o que eu mesma escrevi.

É uma pena que não existam os símbolos Vendler em um dicionário digital para eu poder fazer minhas anotações no tablet. A vida seria boa demais assim. Agora estou tentando descobrir se o símbolo que escrevi significa Lirmaan, árvore, ou Wotaan, raízes. No contexto, acho que Wotaan faz mais sentido.

– Você por aqui? – ouço uma voz familiar entrando pela porta da lavanderia com um cesto recheado de roupas.

Dean. Ele está usando uma bermuda de dormir parecida com as que ele costuma vestir para correr. Além disso, seu tronco é recoberto por uma camiseta branca e lisa que faz parte do seu pijama.

Está uma gracinha de pijaminha, só para variar.

– É o meu horário – respondo. – O seu não é segunda?

– Sim, mas estou indo viajar amanhã depois da minha última prova, então preciso lavar tudo o que tenho hoje.

Dean enfia suas roupas na máquina de lavar e começa a tirar as meias de seus pés. Em seguida, ele tira a camisa e joga lá dentro também.

– Lavar tudo? – repito tentando entender que tudo é esse e se ele vai tirar esse tudo na lavanderia mesmo. Na minha frente. – Eu não recomendo que você lave absolutamente tudo – digo com uma pontada de nervosismo.

Dean me olha e acho que estou fazendo uma cara um pouco sem graça por ter imaginado que ele realmente ficaria nu na lavanderia. Não que eu queira vê-lo assim. Ainda mais depois do que Cass me contou algumas noites atrás.

– Quase tudo – ele diz.

Tento olhar para o meu caderno, mas isso exige de mim um autocontrole que não tenho desde que fui infectada. Parece que Dean está gritando através de um megafone para que eu me vire em sua direção e fique admirando todas as partes despidas de seu corpo.

– Vancouver, então – digo quando vejo que ele não parece muito interessado em me deixar sozinha na lavanderia estudando de novo.

– Isso. Vou passar o natal com a minha família e volto para a queima de fogos. Você não vai voltar para casa, né? – Ele se encosta à máquina de lavar, de frente para mim, com os braços cruzados sobre o tórax.

– Não. Fora que minha mãe mudou de Calgary para Edmonton, então eu não teria como voltar para casa.

– É verdade. Tinha esquecido. Então, vai passar o natal com o seu pai?

– Não, a mulher dele não gosta de mim. Vou passar com o Shane e a minha mãe que vem me ver.

– Legal. Esquisito isso da mulher do seu pai não gostar de você. Não acredito muito, não.