2:47 p.m.
Minha mãe está com uma pequena mala preta sendo arrastada no chão enquanto caminha com um sorriso gigante em nossa direção no saguão do aeroporto de Ottawa. Estou emocionada por vê-la após mais de seis meses longe. Acho até que abri os braços tempo demais antes dela se aproximar o suficiente para me abraçar. E quando ela o faz, a aperto com força e encho o seu rosto de beijos enquanto ela sussurra no meu ouvido o quanto sentiu a minha falta.
Sou mais alta do que ela, portanto a envolvo pelo pescoço ao mesmo tempo que ela contorna a minha cintura com os braços e prende suas mãos em minhas costas, me mantendo firme perto de si. Não vou chorar porque não quero que a minha mãe ache que a sua ausência foi dolorida, mesmo tendo sido.
– É tão bom te ver de novo, meu anjo – ela diz segurando os meus ombros para me olhar por inteiro. – E você está tão bonita. A faculdade está te fazendo bem, pelo visto.
Em seguida, ela se vira para Shane e o abraça também.
– A sua mãe vai morrer de inveja quando souber que você também veio me buscar no aeroporto – minha mãe brinca.
– Minha mãe é descolada, ela não liga para essas coisas – ele diz e sai do abraço. – Fez boa viagem?
– Ótima, mas estava muito ansiosa para chegar – minha mãe confessa.
Ao se separar de Shane, seu olhar vai direto para o meu pai que está logo atrás de nós. Ela deixa a sua malinha para trás e caminha até ele de um jeito que parece até cena de filme.
Num primeiro momento, acho estranho ver os meus pais juntos. Se beijando. Se abraçando. Em público. Digo, já faz mais de seis anos que não os vejo sequer na mesma cidade. Mas a forma com que eles se tocam e se acariciam é linda de se assistir. Aliás, achei que ao se beijarem, eu veria um pouco de luz contornando os lábios de ambos, como foi com Shane e Becca, mas imagino que o Enon Heller do meu pai esteja impedindo isso de acontecer, apesar de o beijo já estar rolando há algum tempo. Deve estar sendo um bocado prazeroso para eles não terem se apartado ainda. Tenho certeza que a renovação passiva está acontecendo mesmo sem a gente enxergar.
– Só eu que estou achando isso esquisitíssimo? – Shane encosta o ombro no meu e cochicha para mim.
– Não.
– Tipo, ela tem o Ben. E o seu pai tem as crianças e a sua má-drasta. Eles não deveriam pelo menos ser um pouco mais discretos?
Apesar de Shane ser um sem vergonha que nunca teve interesse em namorar ninguém, ele não gosta de traição. Por isso mesmo ficou tão bravo quando Jake inventou que tinha transado com outra garota durante o meu namoro com ele. Acho que apesar da situação entre os meus pais ser bem mais complicada do que a minha com o Jake, saber que existem outras pessoas que se magoariam assistindo este beijo o deixa desconfortável.
Seguro sua mão e o abraço para distrai-lo.
– Relacionamentos são complexos, Shane – digo. – Eu acho isso aqui mais fácil de entender do que você com a Cass há 6 meses sem compromisso.
– Porque o seu relacionamento com a Cass é mais simples do que o meu com ela, eh?
Nós dois rimos enquanto admiramos meus pais abraçados por um tempinho. Sei que eles se viram em Abril, quando se encontram por uma semana todos os anos nos últimos 5 anos para matar as saudades, mas para mim parece que não se vêem há muito mais tempo. Com um amor desse tamanho, deve ser muito difícil ficar longe.
Apesar de ter me acostumado com a ausência de Jake, vê-lo nos meus sonhos de tempos em tempos reacende todos os sentimentos que nutro por ele. Acho que estes sonhos são o que me mantém forte para lutar pelo nosso namoro. E sei que no dia que eu desfizer o encanto que Mrs. Ghorbani colocou sobre ele, Jake e eu ficaremos exatamente como a minha mãe e o meu pai agora. Abraçados, trocando carinhos e rindo como bobos.
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Minha Pessoa Comum - Livro 1 - Série Encantadores
Novela JuvenilHaley vive o romance perfeito com Jake, seu namorado há 3 anos. Apesar de namorarem escondido, tudo sempre foi ótimo entre os dois. Até o dia em que eles quase são pegos em seu quarto e ela precisa tomar uma decisão que faz o seu namoro ir por água...