Minha Pessoa Comum - Livro 1 - Série Encantadores

Capítulo 19

Passei a manhã de domingo na casa do meu pai. Foi um pouco estranho estar lá, ao redor de Lindsay, agora que sei o motivo pelo qual ela nunca foi com a minha cara. Não pude brincar com os meus irmãos, mas também não fui para a casa do meu pai com esta finalidade e sim para aprender como flexibilizar o meu Enon já que preciso dele flexível para desfazer o encanto que Mrs. Ghorbani fez para Jake.

Além disso, meu pai também me ensinou duas técnicas para suavizar a minha perda de Enon, especialmente quando cancelo os meus constantes e preciso refazê-los de novo. Estas técnicas evitam que eu desmaie e acorde com dor de cabeça pelo pico de Enon que tenho. De acordo com ele, estas técnicas vão me tirar de muitos apuros ao longo da minha vida como Encantadora e ele só não me ensinou quando criança por falta de tempo.

Custou muito de mim dar o braço a torcer e passar esta manhã com o meu pai, tendo aulas particulares em sua casa. Apesar de ter escutado a sua história no meu aniversário e uma parte da mágoa que vim nutrindo por ele ter se dissolvido com suas palavras, nossa relação ainda precisa de muito trabalho para voltar ao que era antes, se é que vai voltar um dia. No entanto, não estou aqui por ele e sim por Jake. Falei que faria tudo o que estivesse ao meu alcance para atingir o meu objetivo e estou cumprindo direitinho. O que eu puder extrair do meu pai para conseguir realizar o encanto, eu farei. Nem que isso signifique que vou precisar passar o meu final de semana com o meu pai em vez de com os meus amigos.

Meu pai disse que se eu conseguir fazer as técnicas que ele me ensinou por pelo menos 3 horas, conseguirei produzir 1 a 2 pontos de Enon por dia, o que é exatamente o que eu preciso: Dobrar a quantidade de Enon que eu tenho e flexibilizá-lo.

Meus próximos meses serão intensos e eu tenho certeza de que valerão a pena.

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6:40 a.m.

Desde o começo das aulas, passei a sair mais cedo de casa para correr. É impressionante o bem que passear de manhã pela cidade me faz. Por isso, quando saio na manhã de segunda-feira, quase não enxergo Dean com um semblante sonolento caminhando pelo jardim enquanto ele pega a chave de casa na calça.

– Bom dia, Cowboy – digo colocando um fone de ouvido na orelha. Correr sem música não dá.

Dean abre um sorriso cansado quando o chamo de Cowboy, mas não reclama.

– Bom dia.

– Voltando da farra a esta hora? – provoco. Ele não está com nenhuma cara de quem virou a noite na rua. Até porque nem tem o que se fazer em Ottawa para virar a noite na rua.

– Precisei levar uma família ao aeroporto cedinho – ele esclarece e boceja. – Vou dormir uma horinha antes de ir para a aula porque senão serei expulso do laboratório por cochilar na mesa.

– Hahahaha – dou risada e coloco o outro fone na outra orelha. – Bom descanso, então. Eu vou lá correr.

– Boa corrida.

Aceno para ele e nos despedimos. Fico feliz que tenhamos resolvido as nossas diferenças. Com a loucura que a minha vida será daqui para frente, não sei se eu teria tempo para me reconciliar com ele se não o tivéssemos feito no meu aniversário. Bom, pelo visto, a minha reconciliação com Trevor vai demorar um século para acontecer porque não vou gastar meu tempo agora buscando agradar macho arrogante com o ego ferido. Esse pode esperar.

Me ponho a correr e deixo a música o mais alta que consigo para não escutar o barulho da rua. Tenho uma playlist de músicas super agitadas que transformam totalmente a experiência de fazer exercícios ao ar livre. A verdade é que não gosto de fazer sozinha coisas que considero divertidas. Mas não consigo imaginar quem seria doido de sair para correr comigo antes das 7 da manhã todo dia, então me satisfaço com a música.