—Vamos, abra!— Gerard fala com uma grande expectativa em seu rosto arredondado, com as marcas da idade já se formando em volta de seus olhos, por conta de seu sorriso. Ele balançava uma caixa de cores opacas, decorada com milhares de desenhos bobos. O tempo havia passado tanto para nós, quanto para ela.
—Certo! Não seja tão ansioso...— digo enquanto abro-a devagar, já sentindo as memórias colorirem tudo a minha volta.
MEMÓRIAS DE
tempos inesquecíveisA letra meio torta de meu marido inicialmente me faz lembrar de como havia gritado com ele por estar deixando feio e tomado a caneta permanente preta de sua mão para que eu completasse com "tempos inesquecíveis". Solto uma risada baixa. Depois de todos esses anos... Está com uma aparência de relíquia, mesmo que Gerard houvesse limpado bem antes de entregá-la a mim... Ah, as memórias... Parecem bem vivas e dançantes em minha mente.
16 anos atrás
Eu estava com o meu livro de álgebra, se me recordo bem, nos braços e observava aquela verdadeira hierarquia social. Sério, os professores de história deviam ser mais didáticos e usar essa desigualdade que existe na escola para explicar coisas como a organização social feudal. Isso era bastante perceptível. Sério. Até eu notei. A escola girava em torno de três grupos, principalmente, Lindsey Ballato e suas amigas; Tyler Joseph e os seus lacaios; e os caras do time. Tyler e Lindsey praticamente lideravam esta escola e eram vistos como verdadeiras divindades, eram tipo o clero, com toda essa ideia de Deus lhes deu poder de mandar em todos e usá-los como pequenas marionetes, mas os pais que os deram toda a grana que eles torravam todo mês em acessórios para esbanjar na cara dos outros. Havia também os nobres, compostos pelos famosos jogadores do time de futebol americano. Eles seriam os verdadeiros defensores do clero, perpetuando a existência daquela organização anacrônica e claro... Não deixariam pessoas como eu, sem serem incomodadas nem por uma semana. Pelo menos, eu ainda era um servo, e assim faria todos os deveres de casa daqueles brutamontes se não quisesse apanhar mesmo. O pior era mesmo ser escravo, eu conto como se fossem aqueles garotos que tiram meleca e são meio estranho e bobos; eles, sim, são judiados, porque são considerados "inúteis" e servem apenas como saco de pancadas e brincadeiras toscas. Assim, observando todos aqueles adolescentes pelo corredor, através da pequena frecha de luz, percebia todas as classes sociais lá. Desde Billie Joe e Avril Lavigne, os dois com excesso de lápis de olho, andando lado a lado, até Jamia Nestor, a hippie, sempre com um sorriso estampado no rosto e fazendo petições para ajudar a floresta Amazônica.
Quando eu já estava acostumado àquela depressiva escuridão, a porta do armário foi aberta, quase me fazendo tropeçar nos meus próprios pés e ir de cara com o chão.
—Oh! Frank! Você está bem?!— puxou-me para fora daquele ambiente úmido e mal-cheiroso desesperadamente— O que estava fazendo no meu armário?— ótimo, ela sabia o meu nome.
—Desculpe, Jamia— falei baixo e encolhi os ombros, aquela maldita mania.
—Te prenderam de novo?— sua testa estava franzida e parecia preocupada. Assenti lentamente, sentindo seu olhar pesar sobre mim. Eu não queria chamar mais atenção alguma, só sair dali logo. Tentei sair dali, mas a morena não saía da frente, à medida em que mexia nos fios engordurados, ela realmente deveria cortar aqueles cabelos– Que pena, Frank... Você deveria avisar para a coordenação e...—começou a tagarelar sobre os seus projetos e grupos de ajuda a natureza, pró-verde, e blá-blá-blá. Eu realmente não prestei atenção em nada que saía da boca daquela menina, nunca prestava na verdade. Não que Jamia fosse uma má garota, pelo contrário, ela era um doce, mas incrivelmente insuportável às vezes— Entendeu? Aí você pode se inscrever, também! Sei que é um garoto inteligente.
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Frank Iero's To Do List// Frerard
FanfictionFicar enfurnado dentro de uma sala de aula por horas a fio durante aulas que pareciam intermináveis, para muitos, poderia ser uma chatice. Mas, para mim, era um de meus passatempos prediletos. Isso até um jogador de futebol que não tinha nada a ver...