Manias sustentáveis e contatos calorosos

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Arrumei os copos na mesa de plástico. Até que não era tão ruim ficar naquela posição, pelo menos, eu não estava no lugar de Ray. Encarei-o por alguns bons minutos, enquanto assistia à sua dança esquisita com as líderes de torcida, aquela fantasia de leão deve ser tão fétida quanto todos os meninos dentro do vestiário após o treino. Balancei a cabeça levemente.

—Eaí, Iero?— levei um tapa na nuca.

—Au— exclamei.

Vi Ed pegar um dos copos e bebericar a água. Fiquei o olhando preocupado, pois sabia que algo de ruim estava por fim. Ele virou o copo nos meus tênis. Senti o molhado penetrando a minha meia e escorrendo por entre os meus dedos.

—Mas que droga— falei baixo e corri para o vestiário.

Senti-me em um dos bancos e tirei o meu sapato. Escutei alguns passos, mas não liguei muito.

—Oh, Frank.— reconheci Gerard pela sua voz— O que está fazendo aqui?— deu aquele sorrisinho com dentes pequenos que me fez sentir calafrios na espinha. Que diabos foi isso?

—Molharam os meus tênis— gaguejei e olhei para os meus pés, corando fortemente quando percebi que a minha meia era azul escuro, cheia de corações e fórmulas. Eu era um perdedor, mesmo.

—Deixe-me te ajudar!— correu para o seu armário e voltou com um paninho. Assim que chegou, parou e deu um sorrisinho— Meias legais, Frank.

—Obrigado— sorri um pouco.

—Quem fez isso com você?— sentou-se do meu lado, mas em uma distância favorável e segura.

—Ah, o Ed— falei meio hesitante.

—Ele faz isso constantemente?

—Às vezes— disse rápido e tentei pegar o paninho dele.

—Não— pegou o meu pé, colocou em uma das suas coxas, tirou a minha meia e começou a secá-lo.

—Isso é muito vergonhoso— encolhi-me.

—Não é. As pessoas já são muito más com você, deixa alguém tentar ser legal pelo menos uma vez.

Comecei a divagar sobre isso. Era tão estranho. Ele estava certo. As pessoas desta escola são tão horríveis que chega a ser esquisito quando algum garoto popular fala com um não popular.

—Tudo bem. Desculpe-me— ajeitei os meus óculos e desviei o olhar. Gerard riu um pouco.

—Você é uma graça.— balançou a cabeça— Está de pé ainda hoje, certo?— pegou o meu outro pé, isso chegar a ser engraçado.

—Sim, claro— assinto com um pequeno sorriso esboçado no rosto.

Tive certeza que depois disso, o clima instalado foi estranhamente incômodo. Ficamos nos encarando naquele silêncio avassalador. Eu esperava que ele tomasse o primeiro passo para acabar com essa agonia, mas ele não fez nada e comecei a ficar nervoso, quando começou a se aproximar de mim.

—Você não deveria já estar de volta no treino?

—É mesmo!— levantou rapidamente— Vejo-te depois do jogo.

Após a sua saída, fiquei pensando sobre o que havia acabado de acontecer. Aquilo fora tão esquisito. Eu não sabera o que fazer, nem ele. Minhas mãos ficaram suadas e denotaram a minha ansiedade. Eu era um estranho. Acelerei o processo e voltei para o meu local de atuação. Não queria esperar Holmes me dar um sermão imenso.

O jogo correu tranquilamente e, já pelo final, eu estava quase dormindo. Senti Ray me cutucar e dizer algo a ver com "vou para a minha aula de robótica", ou iria comprar alguma espécie de equipamento(¿?), para mim, aquilo era grego.

★★★

Acho que eu realmente dormi, porque quando abri os olhos, Gerard já estava todo arrumado e de banho tomado (sabia disso por conta de seu cheiro forte de perfume masculino e sabonete, junto com seu cabelo molhado e penteado para trás). Trajava uma blusa branca, uma jaqueta jeans que combinava com as suas calças skinny do mesmo material. Ele estava realmente bonito e eu senti vergonha de admitir isso para mim mesmo. Principalmente pelo motivo de eu estar horrível, já que estava com a mesma roupa o dia todo e ter tomado banho só de manhã, mas podemos relevar o fato.

—Oi, Frank...— apenas o olhava com um dos olhos, estava tão cansado que as minhas pálpebras do olho direito se mantinham fechadas por vontade de própria— Não precisa me dar aula hoje, se estiver cansado. Posso te levar para casa do mesmo jeito— acariciou os meus cabelos.

—Não. Está tudo bem— levantei a minha cabeça rapidamente e limpei o vestígio de baba do meu rosto com a manga da camisa.

Ele soltou uma pequena risada e percebi que estava carregando a minha mochila. Arregalei os olhos e levantei de uma vez, agarrando a minha mochila dele.

—Obrigado... Para onde a gente vai?— começou a andar para o estacionamento e o segui.

A trajetória foi silenciosa, embora eu não conseguisse parar de pensar no que dizer. Era muito tímido para tomar qualquer iniciativa. Afinal, Gerard era um cara popular e extrovertido quando o via com os seus amigos, mas parece que comigo ele travava. Chegamos ao bicicletário e inicialmente eu estava calmo. E aí foi quando eu percebi. Notei que ele tinha uma bicicleta azul bem bonita e com uma espécie de banquinho atrás e EU teria que sentar ali com ele.

—É sustentável.— sorriu— Aprendi isso com Jamia— mas qual o problema desse garoto? Como ele sabem o nome de MAIS uma pessoa não popular. Subiu na bike e apontou para trás.

Fiquei olhando por algum tempo e pensei seriamente sobre aquilo. Eu havia prometido e me vi sem possibilidade. Subi na garupa e abracei o seu tronco. Quando se pôs a acelerar a velocidade, apertei-o forte, estava nervoso. Senti o calor dele contra o meu peito e o seu coração batendo forte devido ao seu esforço para pedalar e mover a bicicleta com nós dois*. O cheiro que exalava era forte, mas bom, poderia senti-lo por horas. Eu era uma pessoa não muito a fim de contato e para mim era meio esquisito aquele encostar de corpos, mas a coisa mais estranha era que eu não queria que aquilo acabasse: queria continuar sentindo o roçar do tecido fino da sua blusa contra a minha mão, o seu coração, o cheiro, o coração, o suor, o vento contra o meu rosto. Tudo isso me fez crer que esse se tornaria um daqueles fragmentos de memória únicos, inesquecíveis e infinitos. Eu estava vivendo um daqueles momentos da vida em que você escuta a sua música favorita no máximo, abre a janela do carro, canta todas as letras alta e desafinadamente (de maneira quase eufórica, se você consegue me entender) e sente que está vivo.

Notas do autor
Eu vou revisar os capítulos ainda pq eu vi q há alguns erros:3
E aí, o q estão achando?

Frank Iero's To Do List// FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora