Depois do nosso encontro Gerard não parou de me mandar mensagens. Na verdade, ele não desistia de implorar para que eu o deixasse me levar para escola naquela manhã. Por que aquele garoto tinha que ser tão insistente!? Graças a Deus ele era bonito... Também fofo... Olha, eu gostaria dele de qualquer jeito. Vamos só deixar isso de lado. O fato é eu não queria dar um fora em Ray do tipo: "Hm... Foi mal. Eu acho que vou sair com o meu namorado". Droga, nós havíamos acabado de brigar. Não fazia nem um sentido agir desse jeito com ele. Embora eu meio que tenha achado a reação dele meio forçada, o cara ainda era meu amigo e eu com certeza me importava com os sentimentos dele. No final, resolvi ir com Gerard logo, porque, fala sério, não é possível que Ray seja tão infantil ao ponto de brigar comigo de novo por conta de uma coisa boba dessas.
De manhã cedo, eu já tratei de tomar o melhor banho possível. Com direito a água morna e tudo. Coloquei o máximo de perfume, desodorantes e hidratantes. Às vezes, esse tipo de atitude me deixava constrangido. Eu estava bem a fim de Gerard, mas... Eu não precisa ficar supercheiroso e coisa do estilo, nós estávamos indo para a escola, nada de especial. Mesmo assim, eu sentia como se ele fosse gosta um pouquinho mais(quem diga se apaixonar mais?) por mim. Entre esses pensamentos, eu me perdia entre sorrisos bobos e trocas de roupa em frente ao espelho. Logo, escutei o famigerado garoto bater na porta. Desci as escadas correndo, enquanto jogava a alça da mochila sobre o meu ombro esquerdo.
—Oi!— falei animadamente, enquanto ofegava— Desculpa, eu estava me arrumando e...— Gerard me interrompeu com uma risada gostosa de se ouvir. Virei fortemente e olhei para os meus pés, envergonhado. O moreno desferiu um beijo sobre a minha bochecha.
—Você não demorou nem um segundo e— sorriu de lado— está mais lindo do que nunca. Deixa eu ser um bom cavalheiro e te ajudar— pegou a mochila de mim.
—Uhm. Eu vou deixar só porque não quero carregar peso... Mas para com esse discurso, seu opressor— olhou-me com tal feição que parecia que as suas sobrancelhas se fundiriam em uma só.
—Não estou sendo sexista se é isso que está pensando. Na verdade, só queria fazer uma gentileza— balançou a cabeça, fazendo com que os fios negros balançassem com o vento.
—Sei... Está tudo bem— soltei uma risada após um tempo sério. Gerard pareceu relaxar. Eu nem tinha notado que estava tão tenso assim.
Caminhamos por alguns segundos meio que sem assunto até que senti a sua mão firme e pálida, contra a minha. Nossos dedos se tocavam em uma pequena dança. Era engraçado. Nós dois estávamos nervosos. Mas, daquela vez, eu fui o que tomou a iniciativa e segurou a mão dele. Era fina e estava suada. Mesmo assim, eu gostava de saber que eu podia segurá-la e dizer que aquele garoto ao meu lado era meu e desejado de todas as formas possíveis.
Foram apenas alguns minutos até que chegássemos na escola. Minha mão começou a suar e eu sentia como se tivesse a enfiado em um balde de água fria, mas, ao mesmo tempo, estivesse enfrentando um calor de 40 graus celsius somados com os calafrios que percorriam minha espinha. A única coisa com a qual eu realmente me preocupava era o fato de que todos iriam ver como eu, um Zé Ninguém, conseguiu um status de namorado de Gerard Way, um dos caras mais lindos de nossa escola.
Então, as piores coisas poderiam acontecer.
Não há nada pior do que um grupo de adolescentes quando querem zoar alguém.
Na verdade, os boatos seriam vários. Eu já podia ouvi-los. Mas é claro que eu ouviria coisas do tipo: "ele só ficou com Gerard por interesse", "como alguém como Gerard qui-lo?" e "Deus, ele é uma prostituta. Com certeza só está com Gerard por sexo".
Agora, deve estar se passando pela cabeça de muitos: "Gerard também pode ser apenas um interesseiro e quer ajuda em algumas matérias". Mas é lógico que isso não iria acontecer.
Uma coisa precisa ser explicada para vocês e ela se chama privilégios da popularidade. Eu vou explicar melhor. Bem, quando você tem certo status em sua escola, você pode ser privilegiado. É como um ticket de "hey! Está tudo bem! Você não corre o risco de ser zoado ou apanhar na saída da escola. Você é um alguém!". Isso fazia o meu estômago revirar a ponto de que eu vomitasse. E como eu, Frank Iero, sou um nada, não tenho direito nem ao menos um papelzinho. Mas Gerard... Gerard deve ter centenas de tickets para qualquer situação possível e embora eu tentasse não deixar explícito, sentia uma baita inveja dele.
Quando chegamos à escola, de mãos dadas, já estava óbvio para todos o que estava acontecendo ali. Eu e Gerard estávamos juntos e queríamos deixar a situação bem clara para todos. Sorri um pouco ao perceber que eu estava seguro com ele e ninguém faria piada conosco, mas não foi o que exatamente aconteceu. Embora me custe muito admitir isto, eu estava errado.
Durante a hora do almoço, eu fui ao banheiro. E lá comecei a escutar coisas que eu nem aguento repetir. As pessoas falavam mal de Gerard e como, na verdade, ele estava me usando. E foi nesse momento que eu percebi que não existe nem um ticket. A verdade era: as pessoas falavam mal de todos, mas de forma mais discreta sobre quem tinha algum status. Novamente senti meu estômago embrulhar, mas nunca comentaria nada com Gerard.
Depois da aula, encontrei com Jamia no corredor, ela colava alguns cartazes sobre preservação ambiental e óbvio que ela estava usando esses papéis amarronzados, os quais prometem ser recicláveis. Aproximei-me dela e sorri um pouco.
—Hey...
—Eu já soube. Não precisa sentir pena de mim, ou nada. Até que acho que você e Gerard formam um belo casal. Já superei—falou tudo com tamanha pressa e encarou-me com aqueles enormes olhos avelã.
—Sinto muito... Eu...
—Já estou em outro, Frank. Não se sinta mal. Você até que é mais fofo que os caras normais só por vir saber como que estou com isso. Está tudo bem— sorriu para mim.
—Sério?— perguntei meio aflito e ela abraçou-me levemente.
—Sim. Sabe com o que você pode me ajudar?— levantei uma sobrancelha e encarei-a meio duvidoso. Balbucie um "como?" e encolhi os ombros— Este sinal de semana. A gente vai à praia e vamos recolher os lixos. Bem, eu e os outros— às vezes me passava pela cabeça se quando ela falava dos "outros" se referia aos hippies— estamos fazendo meio que uma associação para lutar pela preservação do ambiente. Fazemos até algumas manifestações. —sorriu docemente— Espero que você apareça lá. Pode até levar o Ray e o seu novo namorado— tentou agir com indiferença, mas eu percebi muito bem que ela, na verdade, estava meio abalada ainda.
—Tudo bem! Vou estar lá.
Saí apressadamente para o treino de futebol americano onde eu, graciosamente, iria fazer o serviço de entregar a água. Pelo menos, consegui me distrair com um livro o qual eu aluguei minutos antes na biblioteca.
Notas finais
Espero que estejam gostando❤️❤️❤️
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Frank Iero's To Do List// Frerard
FanfictionFicar enfurnado dentro de uma sala de aula por horas a fio durante aulas que pareciam intermináveis, para muitos, poderia ser uma chatice. Mas, para mim, era um de meus passatempos prediletos. Isso até um jogador de futebol que não tinha nada a ver...