O final de semana chegou voando, o que é meio contraditório. Geralmente a semana se arrasta lentamente e o seu final vai embora voando. Eu nem podia reclamar muito. Até que gostava de ir à escola. O único problema era passar a tarde lá com aqueles valentões do time de futebol, os quais nunca saem do meu encalço. Junto com isso, finalmente era o dia de limpar a praia. Estava tão ansioso, principalmente porque depois disso nós iríamos em uma manifestação a favor dos cuidados ao meio. Iríamos tentar fazer com que o nosso país ratificasse o Acordo de Paris. Não era apenas uma coisa regional, aconteceria em várias cidades. Tudo estava bem antes de Donald Trump ter saído do acordo, talvez a China ainda participasse se não fosse nossa culpa... O fato que mais me dava nos nervos era essa droga de pray for Amazonia que os estadunidenses não paravam de postar enquanto não havia nem um movimento para salvar as nossas florestas. Era extremamente ridículo. Internacionalização da Amazônia? Isso é besteira se estão tão interessados nos solos ricos de minerais da floresta. As mudanças deviam ser feitas aqui! Por que ninguém estava postando coisas do tipo? Às vezes pensava que as pessoas só seguiam uma manada de opiniões e agora até cuidar do meio-ambiente viraria modinha. As pessoas não se importam realmente, nem uma delas está disposta a mudar o modo de vida. Logo, todos já teriam esquecido tudo sobre preservar as florestas. Enquanto poderiam estar apoiando causa indígenas, estavam postando hashtags no Instagram, esse, sim, era o cúmulo da estupidez do humano. Por isso gostava da atitude de Jamia e seus colegas hippies. Eles realmente queriam fazer a diferença e eu com certeza iria participar disso.
Estava me arrumando para a tal coisa, afinal... Era a minha primeira manifestação e eu queria estar que nem aquelas pessoas fofinhas. Por isso desenhei algumas folhas alaranjadas de um lado, reapresentando o outono, e algumas verdes com girassóis amarelos, perto de meus olhos, representando a primavera, depois joguei algum glitter verde em minhas bochechas, não antes de aplicar um pouco de blush para as minhas bochechas ficarem rosadas. Coloquei um macaquinho e uma blusa branca, acompanhados de meus maravilhosos all star pretos e surrados. Eu estava maravilhoso e eu só tive mais certeza ainda disso quando encontrei com Gerard na praia.
—Deus! Você está lindo! Mal dá para acreditar que é você mesmo... Espera. Dá sim. Você é sempre maravilhoso— segurou-me pela cintura e colou os nossos lábios ternamente. Eu o amava tanto.
—Obrigado— sorri e corei, assim que me colocou no chão.
—'Tá, 'tá. Vamos parar com isso!— Ray comentou, afastando Gerard de mim— Não vou ficar de vela para os dois pombinhos.
—Pois é. Nem eu!— Jamia apontou uma daquelas coisas pontiagudas que estávamos usando para catar o lixo para mim—Mãos na obra!
Eu e Gerard nos entreolhados e sorrimos como se concordássemos que iríamos fugir toda hora do verdadeiro trabalho a ser feito, arranjando coisas bem mais divertidas para fazer. Mas, no fim, trabalhamos duro de verdade. Acho que até o fim da manhã, a minha maquiagem já estava borrada pelo suor, meus ombros ardidos por conta do sol e o esquecimento do protetor solar e a minha sacola estava cheia de latinhas até o topo. Naquele dia eu descobri que o ser humano é realmente um porco: tinha até uma fralda suja no mar!
Eu e Gerard trocamos alguns beijos atrás de uma pedra perto do mar e eu me senti em um daqueles filmes onde o casal perde a virgindade em frente ao mar, deitado no chão. Para início de conversa, eu não queria areia em lugares inadequados dos quais ela nunca iria sair. Depois que... Eu nem sabia se Gerard era virgem. E foi no meio de uma dessas sessões de amassos, enquanto eu estava no chão e ele entre as minhas pernas que eu, Frank Anthony Thomas Iero Junior, tive a brilhante ideia de perguntar:
—Você é virgem?— Gerard, repentinamente, parou de beijar o meu pescoço e olhou-me. Foi nesse momento que eu percebi como aquilo havia soado como se eu quisesse fazer alguma coisa com ele ali mesmo. Ele balançou a cabeça afirmativamente e vi as suas bochechas irem de um pálido doentio para um tom escarlate para lá de bonito—Eu também.— disse baixinho e desviei o olhar— Não estava insinuando nada, okay? Eu só fiquei curioso. Acho que devíamos voltar ao trabalho— ele concordou e, depois disso, fizemos todo o trabalho.
Fomos comer pizza vegana(eu nem sabia que isso existia mesmo!) assim que entregamos os pacotes de lixo para uma empresa que iria reciclá-los. Ganhamos uns bons trocados, porém não pagamos a pizza com isso, embora fosse o desejo de Ray, Jamia nos convenceu a dá-lo para uma associação, mas eu não prestei muita atenção para poder explicar bem ou, pelo menos, corretamente. A única coisa que realmente precisava de explicação é como pizza vegana era tão boa? Achava que comida vegana tinha gosto de mato.
—Para de falar de boca cheia— repreendi Gerard com um tapa no colo, o qual o fez parar de rir e olhar-me com cara feia.
—Ah, qual é, Frankie?
—Isso são modos!— balancei a cabeça e revirei os olhos exageradamente.
—Cara, vocês namoram há dias, pelo que nós sabemos. Mas vocês agem como um casal que se conhece há anos— Gerard segurou a minha mão por debaixo da mesa e eu corei, mas tentei disfarçar, tomando um gole do meu copo de guaraná.
—É.— Gerard disse entre risadas, enquanto brincava com a sua comida. Ele parecia não ter gostado nem um pouco daquela maravilha. Mas tudo bem, se ele não quisesse eu comeria por ele. Afinal, não é para isso que namorados servem?— Eu e Frank vamos ser aquele tipo de casal que escuta músicas antigas na cozinha e dança junto, mas com o volume no mínimo, para não acordar os filhos. E... Vamos ter trinta anos de casados e ainda amar incondicionalmente um ao outro— olhei para ele boquiaberto. Aquilo havia sido fofo e, ao mesmo tempo, esquisito para caramba, porque um silêncio se fez na mesa e eu podia jurar que vi Jamia torcer o nariz.
—Vocês são uns fofos— a ponta de seus lábios se puxaram, formando um grande sorriso amarelo.
—Eu sei— Gerard disse incisivamente. Eu tinha certeza que uma guerra silenciosa estava ocorrendo ali e eu estava profundamente envolvido. Os dois se fuzilavam com o olhar e eu tinha vontade de me esconder sob a mesa.
—Então, vocês já decidiram o que vão fazer quando terminarem a escola?— Ray perguntou, o que me fez sorrir. Pelo menos ele estava me ajudando a lidar com a situação.
Eu só estava com vontade de me levantar e gritar com todo o ar de meus pulmões que eu não era propriedade de nem um dos dois, eu era uma pessoa. E... Droga! Era para ser um momento divertido com meus amigos. Tinha vontade de segurar Jamia pelos ombros e balançá-la como quem diz: "onde estão aquelas palavras que você me disse há pouco tempo!?". Ou, simplesmente, xingar Gerard e bater nele, enquanto o mandava parar de ser um idiota. Eu era o seu namorado. Não era como se eu fosse sair o traindo por aí. Porém a situação melhorou quando cada um começou a falar sobre seus sonhos e devaneamos sobre os nossos futuros, era quase como se fôssemos usuários de LSD, só que mais forte.
Tivemos que terminar nosso pequeno lanche logo, até porque a manifestação não podia esperar e estávamos todos tão animados! Levantamos cartazes com frases como go hippie e there is no planet B. Particularmente, sentia-me um hipócrita, mas fazer o quê? Ainda queria ajudar. Talvez eu mudasse um pouco as minhas atitudes. Eu estava até que distraído com todos aqueles desenhos vivos, os quais passamos(Jamia e seus amigos) duas horas pintando. Por alguns momentos pensei que todos os problemas do mundo pudessem ser resolvidos através da paz e do amor, melhor do que o velho sexo, drogas e rock n' roll que eu estava acostumado. Nah, rock era muito incrível, eu poderia viver com os dois. Foi aqui que eu escutei alguns gritos e tentei ficar na ponta dos pés pra ver o que estava acontecendo pouco à frente, mas a pessoa da frente me empurrou e, por pouco não caí, apenas continuei em pé, porque meu namorado segurou a minha mão. Já sentia o meu coração batendo forte em meu peito e o ouvia dentro de meu ouvido. Acho que se ali estivesse silêncio o bastante, todos poderiam escutar.
—Vamos embora, Frank!— ele puxou minha mão consigo, mas relutei.
—Ahn? Por quê? Está divertido. Não seja um chato!— olhei para a multidão de pessoas e vi que várias já estavam fugindo.
Tudo pareceu tão rápido e senti-me meio zonzo quando presenciei, até aquele momento, a cena mais horrível de minha vida. Vi o sangue se espalhando no chão e cobri a minha boca para não emitir um som tão alto.
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Notas finais
A fic 'tava muito bonitinha para eu não foder com tudo
<3 bjo
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Frank Iero's To Do List// Frerard
Fiksi PenggemarFicar enfurnado dentro de uma sala de aula por horas a fio durante aulas que pareciam intermináveis, para muitos, poderia ser uma chatice. Mas, para mim, era um de meus passatempos prediletos. Isso até um jogador de futebol que não tinha nada a ver...