A Física sempre está certa

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Eu faltei a aula naquele dia. Como eu me sentia sobre isso? Havia apenas uma linha tênue me separando de um cadáver. A única coisa que me fazia lembrar que eu não estava morto era o meu corpo, o qual doía sem parar, mesmo que aliviado por remédios. Mas também há outros fatores, sei que não estou morto porque sinto a presença do meu amigo ao meu lado e é bom. Não chequei as ligações ou milhões de notificações do meu celular, porque, provavelmente, elas eram de Gerard e uma das coisas que eu não queria de forma alguma era arranjar mais problema. Se ele soubesse o que aconteceu, ficaria bem chateado e tentaria acertar as contas por si mesmo ou falaria com os coordenadores (isso seria bem mais racional, mas Gerard me parece mais intuitivo). De uma forma ou outra, eu queria passar o resto da minha vida isolado naquele quarto.

—Você não pode ficar para sempre aqui, Frankie... Você está tão tristonho.

—Está tudo bem— foi o que eu disse para todas as vezes que fez a mesma pergunta.

★★★

Ray havia saído fazia alguns minutos, porque tinha aula de robótica. Eu não me importei muito, na verdade, não tinha nem forças para me preocupar comigo mesmo.

—Ei, Frank... Tem visita para você— a mãe de Ray abriu espaço na entrada da porta e eu vi Gerard entrar apressadamente.

—Obrigada, sra. Toro.— sorriu gentilmente— Eu preciso ficar a sós com Frank.— a mulher assentiu e saiu rapidamente— Frank!— andou apressadamente em minha direção e eu me encolhi.

—Vai embora— fiquei olhando para as minhas mãos. Gerard sentou-se na minha frente.

—Olha para mim.— balancei a cabeça negativamente— Frank...— segurou o meu ombro com força e eu o olhei— Meu Deus...— suspirou.

—Eu sei. Eu 'tô horrível— minha voz saiu falha.

—Eu estou aqui. Por que não me contou?— abraçou-me com força como se nunca fosse me deixar ir.

—Não queria que se preocupasse— as lágrimas começaram a correr quentes pelas minhas bochechas.

—Mas eu me preocupo, Frankie. Nunca mais faça uma coisas dessas. Eu quero saber quem foi.— não respondo nada— Frank, eu quero te ajudar.

—Foi o Ed e aquele novo garoto— tentava recordar ao máximo o nome daquele monstro, mas a dor de cabeça não ajudava nem um pouco. Gerard separou os nossos corpos e acariciou o meu rosto.

—Eu... Vou falar com o coordenador. Vai ficar tudo bem. Ninguém mais vai te machucar.

—Não! Eles vão acabar comigo! Eu só... Eu não posso!— solucei, meu estômago revirava e eu sentia que ia vomitar a comida dos últimos dias.

—Frank... Por que te bateram?

—Eles sabem que gosto de você... Eles só não entendem! Vão contar para todo mundo. Todos vão rir de mim como sempre! Porque eu sou uma bichinha— puxei as minhas pernas contra o meu peito.

—Ninguém vai rir de você... Calma, certo?

—Gerard... Eles viram o desenho que eu fiz de você no meu caderno de afazeres...— falei entre soluços— Era você— um silêncio se instalou e eu só podia escutar os próprios sons que emitia.

—E-eu...— olhei para ele e estava extremamente corado. Deus, estava envergonhado? Foi porque eu tinha o desenhado. Aquilo me fez sorrir um pouco e, logo depois, cair em uma onda de risadas— Do que está rindo?— ficava cada vez mais vermelho e acabou por começar a rir também. Assim, o choro foi deixado de lado e eu percebi que, até mesmo nos momentos mais difíceis, conseguia me fazer feliz.

Frank Iero's To Do List// FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora