Meus pais quase não acreditaram quando eu disse que REALMENTE fui pisoteado pelos garotos do time de futebol americano. Eu era uma vergonha mesmo. Além de ter que ir ao médico durante os primeiros horário da manhã para chegar se todos os meus ossos estavam nos lugares adequados. Estava tudo bem comigo, mas eu ainda queria explodir o mundo por me fazer perder as duas últimas aulas de ontem e as cinco primeiras desta manhã. Por isso já saí de casa todo ignorante, não querendo saber de ninguém.
Quando cheguei na escola, eram cochichos sem parar e eu estava prestes a enforcar todas aquelas pessoas, como em um daqueles livro do Stephen King, em que uma menina esquisita se vinga de toda a escola. E o pior eram as risadinhas. Bufei e andei em direção a sala 14, onde eu, incrivelmente, teria aula de biologia. E ainda era prova. Eu estava pronto para me ferrar, embora eu fosse um nerd de carteirinha. Sim, eu estudava muito e fazia meus deveres, mas não deu tempo de estudar muito um dia antes da prova, e biologia não era bem uma coisa que fixava na minha cabeça. E sim, eu queria ser cientista, mas não dessa área. Eu entrei na sala de aula e me sentei na última carteira, pois lá era onde eu preferia fazer o teste.
Vi Ray entrando apressadamente e se sentando perto de mim.
—Me passa cola?
—O quê? Não— falei seco.
—Fala sério, Frank.
—Se quisesse ir bem, deveria ter estudado— viro a cara para o lado e ouço uma risada vinda do garoto da frente, que reconheci usar a jaqueta do time.
—Vocês dois são umas figuras— Gerard olhou para trás e balançou a cabeça.
—Não. É esse aqui que não estuda e depois quer cola. Vai continuar querendo— falei convicto e virei o rosto para o outro lado.
O professor exclamou um "silêncio" que fez todos ficarem calados, enquanto recebiam as provas.
Impulsos nervosos, Sistema Nervoso Central, Meningite e blá-blá-blá. Minha cabeça estava quase explodindo, tanto que nem corrigi a prova, apenas a entreguei. Saí da sala e vi que a aula era dupla e dei graças aos céus: eu teria um horário para descansar!. Andei em direção a biblioteca e suspirei ao abrir as portas de madeira velha quase apodrecida, ninguém entrava ali há séculos. Bem, eu entrava, mas era quase ninguém. Havia várias estantes de livros dos mais diversos organizados por ordem alfabética, já que a escola se importava tanto com a leitura que nem pregava códigos binários nas contracapas dos livros e comprava computadores novos para facilitar a busca. Mas tudo bem, eu era uma traça de livros. Eu gostava do cheiro das páginas (por mais estranho que isso se pareça) e da bagunça que praticamente eu tinha criado na biblioteca. Ah, e é claro. Sim, tinha a sra. Misvit responsável por toda a biblioteca, ela era um amor, mas bem velhinha. Procurei por algum bom livro, e decidi ler um livro de Astronomia.
★★★
Passei tanto tempo ali dentro que só me dei conta quando vi Ray, ofegante, em minha frente.
—Mas o quê...?
—O treino! Você tinha esquecido, não tinha?— me puxou pela camisa.
—Droga, é mesmo!— saí correndo junto dele e pude escutar uma breve reclamação da senhorinha sobre algo do tipo "é proibido correr aqui" e "não façam barulho".
Chegando no campo o treinador nos fuzilou com o olhar e eu senti o medo nas entranhas.
—Seus irresponsáveis! Vão logo. Mais uma infração de vocês dois e eu acabo com vocês— Holmes falou bem próximo do meu rosto e eu pude sentir as gotículas de saliva respingando sobre mim, junto com o cheiroso horroroso da sua boca.
—Desculpe-nos, senhor— falei cabisbaixo e ainda mais envergonhado devido ao tanto de olhos em cima de nós.
Fui para o meu lugar e Ray foi ensaiar com as líderes de torcida. Este dia ia ser ótimo. Comecei a encher os copos plásticos com água e pensar sobre como aquilo tudo era um tédio e como eu odiava esportes. Fiquei encarando os jogadores, enquanto servia água às vezes com uma enorme cara de "alguém me mata". De repente, ouvi uns gritos furiosos de uma menina. Forcei a visão para enxergar algo e percebi ser Jamia e ela apontava para cá e encarava com ódio. Ela começou a se aproximar e eu já estava pronto para levar um soco na cara.
—O QUE DIABOS É ISSO?
—Eu sou o garoto da água...?— olhei para baixo.
—Ah, não, Frank. Não estou brava com você— de repente a careta raivosa se desdobrou em um sorriso simpático.
—Oh, não?
—Não. Estou com o seu treinador por usar copos PLÁSTICOS, sendo que eu já havia avisado sobre os copinhos de papel reciclável — ela acariciou o meu cabelo e eu me senti muito esquisito.
—Desculpe-me, Jamia. Mas esses não ficam em pé... E eu estou só fazendo o que me mandam.
—Tudo bem, Frank. Vai ter volta— cerrou os punhos e saiu andando para as arquibancadas. Deus, eu tinha medo daquela menina.
O treinador apitou aquele seu apito com som insuportável e todos aqueles meninos vieram pegar água comigo. Isso é definitivamente uma humilhação.
—Eaí, maricas. Está gostando de dar água para todo mundo?— Ed riu de mim e eu resolvi ignorar— Responde, bichinha— ele me chutou e derrubou todos os copos de água com o braço. Os outros riram e se afastaram, indo em direção ao vestiário.
—Você está bem?— escutei aquela voz familiar se aproximar.
—Estou— era Gerard.
—Deixa eu te ajudar. Não ligue para eles. Eles sempre são assim— falou baixo, enquanto juntava os copos e eu secava a mesinha de plástico com um pano.
—Não ligo. Eu já estou acostumado— o garoto ficou me encarando por alguns segundos.
—Você quer que eu fale com eles?
—Não. Obrigado.
Ótimo. Agora Gerard sentia pena de mim. Eu era tão ridículo.
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Frank Iero's To Do List// Frerard
FanfictionFicar enfurnado dentro de uma sala de aula por horas a fio durante aulas que pareciam intermináveis, para muitos, poderia ser uma chatice. Mas, para mim, era um de meus passatempos prediletos. Isso até um jogador de futebol que não tinha nada a ver...