Capítulo Treze

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    O cheiro pútrido daquele lugar me deixava tonta e enojada. Olhei para Estevan e pedi que me tirasse de lá. Ele pegou minha mão e me levou para o carro.

Não sabia ao certo o que fazer agora. Descobri que em pouco tempo me tornarei uma assassina, assim como o meu avô que nem cheguei a conhecer. E a minha mãe? Ela também era uma assassina? Ela foi morta por algum vampiro? E se foi assim, por que não me mataram também?

Eram tantas perguntas e nenhuma resposta que me sufocava. Sinto-me presa em um filme de terror de produção amadora.

Estevan abriu a porta do carro e me ajudou a entrar. Olhei para as minhas mãos. Seriam mãos de assassina?

__Você não é uma assassina.

__Mas parece que está no meu sangue.

__Ainda não temos certeza.

Ele não estava muito certo do que falava. E também parecia assustado. Mas, não o culpo. Quem não estaria assustado se descobrisse que a pessoa que está protegendo existe para te matar?

O olhei dentro dos olhos.

__Se você quiser desistir de me proteger não vou te culpar.

__Pare! Eu gosto de você Leslie e não me importa o que você é, vou continuar a te proteger.

__Mas... Eu sou uma assassina.

Ele se virou no banco de modo a ficar de frente para mim.

__Você já matou alguém?

__Não.

__Então não é uma assassina.

__O seu pai vai querer me matar.

Só existia essa explicação para ele me querer viva! Ele vai querer fazer justiça com as próprias mãos. Ou no caso dele, com as próprias presas.

__Isso não vai acontecer.

__Nem você sabe o motivo para o seu pai me querer na Espanha. Ele pode muito bem querer acabar ele mesmo com a última Hendrix.

__Eu não permitirei.

Ele falava sério. Ninguém arriscou a vida para me proteger. Ele iria enfrentar o próprio pai para me defender.

__Obrigada.

Ele sorriu e ligou o carro. Eu me recostei no banco. O dia tinha sido longo e ainda não era nem o fim da tarde. Peguei um espelho em minha bolsa. Era o espelho que Sofie tinha me emprestado no hospital. Quando vi meu rosto me assustei. Eu estava horrível. Meus olhos estavam inchados e vermelhos, minha pele sem cor e meus cabelos assanhados.

Se meu pai ou minha mãe me vissem assim iriam desconfiar de algo. Eu não estava a fim de falar agora, então apenas pensei que não queria ir para casa. Falei em meu pensamento que minha vontade era ir para o Central Park. Estevan assentiu e mudou o trajeto do carro.

Olhei pelas janelas escuras do carro. Não dava para ver muita coisa através do vidro, então fechei os olhos e comecei a imaginar pelos lugares que eu estaria passando.

Eu vivi a minha vida toda em NY, comecei a lembrar das lojas, das ruas iluminadas, dos letreiros de filmes, das pessoas apressadas atravessando a rua. Do cheiro delicioso de café que se espalhava pelos pequenos Cafés.

Tantas lembranças da minha infância, da parte feliz pelo menos. Nova York era o meu lar. Era o meu país das maravilhas. E tudo seria arrancado de mim da forma mais dolorosa possível. Isso era tão injusto. Eu nunca quis saber qual era a minha origem e muito menos conhecer os meus parentes biológicos. Mas parece que sou um imã para coisas estranhas, porque do nada começo a ser caçada por vampiros, me apaixono por um vampiro lindo que quer me matar porque ao que tudo indica sou descendente direta de um homem que matou a irmã desse lindo vampiro e ele quer lavar a morte da sua irmãzinha com o meu sangue.

Mestiça: Livro 01Onde histórias criam vida. Descubra agora