Capítulo Dezesseis

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    Mais um dia de aula e tudo o que queria era me enfiar nas cobertas e dormir até o fim dos tempos. Não tinha mais ânimo nenhum de ir para o colégio, o lugar onde um dia chamei de meu reino, um lugar onde eu adorava estar, mas agora não tinha mais graça. Pois antes estudava para entrar na faculdade de direito e agora com tudo o que aconteceu não sei nem se vou viver para comemorar os meus dezoito anos.

Como não havia outra escolha, levantei e me joguei debaixo do chuveiro. Escolhi uma calça jeans exclusiva e bastante justa, uma blusa rosa e uns sapatos que havia adquirido em um leilão quando fui à Milão.

Desci as escadas e fui tomar café com os meus pais, mamãe não estava na mesa.

__Bom dia. Onde está minha mãe?

Meu pai abaixou o jornal que estava lendo e sorriu para mim.

__Ela está muito cansada.

Acenei e me concentrei no meu bacon e ovos.

__A viajem é depois de amanhã não é filha.

__É sim pai.

__Sentiremos a sua falta e tentarei resolver esse caso o mais rápido possível.

Um nó se formou em minha garganta, odiava ter que mentir para ele, mas era para o seu próprio bem. Apenas sacudi a cabeça e não disse mais nada, até porque não havia mais nada a ser dito. Quando terminei de tomar o meu café, levantei, fui até ele e dei um beijo em sua testa.

__Tenha um bom dia pai e enfie muitos bandidos na cadeia.

__Você também querida. Tenha um ótimo dia.

Eu me dirigi para a porta e já estava saindo quando me lembrei da estaca de prata que deixei debaixo do meu travesseiro, subi correndo para pegá-la. Brandon tinha dado a sua palavra que não ia me matar por agora, mas era melhor prevenir do que remediar.

Estevan me esperava recostado em sua BMW, acenei para ele e entrei no carro. Os bancos não eram de couro vermelho como o TL de Brandon e o carro não tinha o cheiro de Brandon. Lembrei a jaqueta de couro que ele tinha me emprestado na noite passada e de como gostei de sentir o cheiro dele em mim.

__Hoje começou cedo.

A voz de Estevan estava divertida, mas mesmo assim me chateei, era um saco ter todos os pensamentos escutados e comentados. Virei no banco e o olhei com olhar acusador.

__Sabe qual vai ser a primeira coisa que vou querer aprender?

__Como conquistar um vampiro que quer te matar?

Dei uma risada irônica, ele piscou para mim e ligou o carro.

__Não. Vou aprender a te bloquear, seu fuxiqueiro.

Ele deu uma gargalhada e saiu da casa. O trajeto até o colégio foi rápido e sem conversa, ele estava ouvindo uma música que era um jazz muito suave, não curtia esse tipo de música, mas por incrível que pareça essa me agradou.

Entramos no estacionamento do colégio e como da última vez a minha vaga estava ocupada por Brandon, ele era incrível. Estevan parou ao lado do TL. Brandon estava recostado no carro e tinha um olhar divertido e ao mesmo tempo sombrio. Estevan soltou um nome em espanhol e me olhou. No mesmo momento percebi que algo muito sério acontecia.

__O que houve?

Estevan tentou suavizar o rosto, mas mesmo não vendo seus olhos por trás dos óculos escuros, sabia que estava escondendo algo. Ele ligou o carro e tentou sair do colégio, porém fui mais rápida e desci antes que ele se mexesse.

__Entra no carro Leslie.

__Morda-me!

Virei para Brandon, ele também usava óculos.

__Você está linda.

Como era gostoso ouvir a voz rouca e malvada dele. Cruzei os braços e me aproximei dele. Os fatos da noite passada entraram em minha mente assim que senti o seu cheiro invadir meu cérebro.

Ele cruzou os braços me imitando, senti raiva por ele me deixar tão atraída e excitada. Descruzei os meus braços. Ele riu e permaneceu do mesmo jeito.

__Eu me achava mal, mas as suas amigas me superam.

Como?

__Do que você está falando?

Mas antes que ele tivesse a chance de continuar Estevan apareceu.

__Cale a boca Brandon.

Estevan me olhou e segurou o meu braço.

__Por que não vamos dar uma volta?

__Você não acha que ela tem o direito de saber?

Mesmo com os óculos deu para perceber que Estevan lançou um olhar furioso para Brandon e como eles tinham supervisão com certeza Brandon percebeu, pois ele levantou os braços e deu um passo para trás.

__Calma, parceiro, não está mais aqui quem falou.

Estava ficando realmente furiosa, eles tinham um maldito hábito de falar sobre mim, como se eu não estivesse presente ou não fosse mentalmente capaz de tomar as minhas próprias decisões.

Soltei o meu braço das mãos de Estevan.

__OK. Agora chega! Vou entrar no colégio e descobrir com os meus próprios olhos o que está acontecendo de tão grave.

Estevan tentou protestar, mas o parei com uma mão. Dei as costas para os dois e subi os degraus. Uma coisa não me passou despercebido. As meninas não me esperavam como de costume na entrada do colégio. Algo no meu estomago se revirou. O que elas aprontariam agora?

Eu sabia que elas estavam armando algo para cima de mim. Até esperava por algo grande e maquiavélico. Enquanto terminava de subir os últimos degraus milhares de coisas se passavam em minha mente, mas nada me preparou para o que eu veria a seguir.

Mestiça: Livro 01Onde histórias criam vida. Descubra agora