Encontro

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Havia um movimento considerável de pessoas nas ruas às seis da manhã. Para quem saía naquele horário era normal ver esse tipo de movimento. Afinal eram os trabalhadores que tinham que sair de suas casas antes do amanhecer completo para cumprir a labuta do dia-a-dia.

E enquanto passava pelas pessoas, Daniel caminhava apressadamente pela calçada naquele bairro simples. Vestindo uma camisa justa de manga longa, cinza claro, e com uma grossa mochila verde nas costas. Olhava para os lados e ao mesmo tempo não prestava muita atenção ao seu redor. Dava umas rápidas olhadas em seu celular, o GPS ajudava a não se perder.

Era claro que ele estava procurando um lugar certo. Ou melhor, um endereço. Endereço esse que conseguiu rastrear com o IP que conseguiu dias atrás. O lugar que um dos cúmplices do Alemão provavelmente moraria, ou simplesmente usava para se comunicar com os outros. Sem ninguém saber, o homem estava indo para lá para conseguir um jeito de entrar na rede do imóvel e seguir um dos bandidos.

Chegando próximo ao destino, deparou com vários quarteirões de casas, que se diferenciavam das outras casas que viu, que se mostravam antigas, simples e deterioradas. Dezenas de imóveis pequenos, um do lado do outro. O mesmo formato, a mesma cor das paredes. Todas sem portões, grades ou muros. Era uma vila de casas populares do governo.

O jeito então foi se guiar pelo número. Andando pela estreita calçada, não demorou muito para encontrar o lugar certo. Daniel parou em frente à porta e pegou em seu celular. O aparelho informava a rede WiFi protegida que estava ligada naquele lugar. Era a deixa para entrar em ação. Mas não ainda.

Ele precisava ainda de um lugar tranquilo para invadir aquela rede. Fazer alí, ao ar livre era algo arriscado e impensável. Olhou para os lados e avistou algo em frente à casa vizinha que poderia lhe ajudar. Uma senhora baixinha, de cabelos presos e trajes simples, que varria a calçada em frente à sua janela concentrada.

— Com licença, minha senhora. — Daniel disse indo até a senhora, tentando demonstrar confiança para puxar assunto com ela. — Posso saber como se chama?

— É... Geralda. — Disse com sua voz meio rouca em tom baixo, um pouco receosa — Por quê?

— É que eu trabalho para a prefeitura, tô aqui pra conversar com os moradores pra uma pesquisa sobre a qualidade de vida aqui nos bairros. E eu gostaria muito de conversar com a senhora pra saber o que está achando daqui, se está tudo bem.

— Ah sim, claro meu filho. — Respondeu um pouco mais confiante — Quer entrar por favor?

— Sim, claro. — Sorriu.

A simpática velhinha abriu a porta de sua casa para Mendonça entrar. A sala de estar era simples, mas bonita e muito bem cuidada. O único sofá ficava de frente para a velha mesinha da TV de Tubo. Alguns quadros religiosos estavam pendurados na parede.

— Olhe, meu querido. Tá precisando de alguma coisa. Uma água, um cafezinho? Eu acabei de preparar, tá quentinho.

— Eu agradeço, mas não quero. Eu vou ser rápido.

Ele abriu sua mochila e pegou seu notebook. Era com ele que ele faria a invasão da rede da casa ao lado. Felizmente o sinal não era tão fraco e era possível de usar na casa onde ele estava mesmo.

— Vai fazer o que com isso? — Perguntou curiosa sobre o computador que estava no colo.

— Isso? Ah, é pra registrar o que a senhora for falar. Eu falei, é sobre a pesquisa que a prefeitura me encomendou.

— Entendi. Mas o que é que tu quer saber, meu filho?

— Gostaria de saber da senhora, de como está sua vida nesse bairro. Se está satisfeita, se tem algum problema.

Passado SelvagemOnde histórias criam vida. Descubra agora