4 ANOS ATRÁS
Os poucos dias que se passaram na tribo pareciam ter durado uma eternidade. Essa sensação se potencializava para os dois que haviam passado dias em uma corrida frenética, onde enfrentaram literalmente de tudo um pouco. E de certa forma, não estavam acostumados à momentos de calmaria.
Uma calmaria que chegava a ser exagerada. A rotina do lugar era a mesma sempre, com os mesmos costumes sendo exercidos por quem vivia lá. A única surpresa ficava por conta da maneira como Daniel reagia a tudo aquilo. Estar escondido ali não estava sendo chato quando achava que seria.
Embora tivesse que enfrentar as adversidades já esperadas por estar no meio da floresta sem condições básicas para se cuidar, e por ter que comer a comida que os índios preparavam que não era muito apetitosa, levou tudo aquilo com muita tranquilidade. Ainda pensava na sua própria sobrevivência, mas com mais calma.
Mesmo assim, às vezes rolava uma pequena vontade de relaxar para colocar sua própria mente em ordem. Em uma manhã, já estabelecido na tribo por um curto período de tempo, o hacker aproveitou que ninguém via e foi até a belíssima cachoeira que ficava na entrada da tribo. A mesma que ele viu quando chegou.
Naquele belo lago, sentiu imediatamente um bem estar. Ainda sem camisa e de calça, aproximou-se da margem e agachou seu corpo,. Primeiro fez uma concha com as mãos para beber a água. Depois, levantou-se e tirou os sapatos, que naquele momento torturava seus pés. Dobrou as barras da calça e deu alguns curtos passos até sentir a água molhando seus pés descalços. Sensação muito melhor que um orgasmo, seus olhos viravam.
Mas dez segundos depois ele avistou um corpo nadando por baixo da água verde e cristalina, e ficou curioso. E quando viu Bento emergindo das águas tranquilamente tirava a água de seus olhos, quase levou um susto. Ele também aproveitou a manhã para se refrescar, mas por inteiro.
— O que tá fazendo aqui? — Perguntou Daniel fazendo uma leve careta.
— Ué? Não tá vendo?
Bento estava no centro do lago, seu corpo estava para fora do peitoral para cima. Não estava nem um pouco acanhado ao ser visto naquela situação. Não tinha motivo nenhum para isso, estava apenas se banhando. Já Daniel...
— Não tinha te visto. Achei que não tinha ninguém. — Disse meio sem jeito.
— Ah, eu tava precisando disso. — Respondeu respirando fundo — Aí quando eu entrei, nem queria sair mais.
— Deu pra ver que tá gostando. Pra chegar ao nível de tomar banho de cueca... — Ironizou.
— Quem disse que eu tô usando cueca?
Mendonça arregalou os olhos espantado. Não podia acreditar naquilo que escutou.
— O que?! Você tá pelado?!
— E o que tem? — Perguntou sem entender o espanto.
O hacker rapidamente se afastou da margem querendo ficar longe daquelas águas. Forçava tosse em si mesmo para tentar expelir aquilo que bebeu. Aguentar seu parceiro tomando banho sem roupa no lago em que saciou sua sede era demais para ele.
— Que nojo, cara. Que nojo. — Reclamou enquanto tentava cuspir no chão — Você não tem vergonha de ficar assim?
— Por que eu teria? Esqueceu que estamos numa tribo? Aqueles índios lá vivem todos pelados, eles não se importam se eu tiver também.
— Eu me importo.
— Somos homens adultos, tem nada de anormal nisso.
— Acontece que eu não sou como teus soldados de brigada que estão todos acostumados a tomarem banho juntos. Por isso deve gostar dessas coisas.
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Passado Selvagem
RomanceUm passado, uma relação, um sentimento, uma aventura. Uma lembrança selvagem e triste. Que uniu os caminhos de dois homens com muito em comum, mas também muito distintos. Uma história que se seguiu pelos meios mais inusitados e obscuros. E tudo come...