Leilão

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4 ANOS ATRÁS

Se cada hora era preciosa, portanto, não havia tempo para descobrir ou até desconfiar quem estava por trás daquele carro misterioso em Montes Claros. Se quem esteve vigiando os criminosos estivesse lá para prejudicá-los, era mais um motivo para continuar com a operação e terminar o mais rápido possível. Ou seja, correr para localizar o paradeiro e roubar o próximo diamante.

Como já esperado por Daniel, a pedra mais próxima estava em Goiás. Mais precisamente em Rio Verde, para onde foi transportada junto com outros itens de grande valor financeiro. Tudo seria mostrado em um leilão de luxo para pouquíssimos — e milionários — presentes. O hacker esperou o momento certo para ir até lá justamente no dia do evento. O plano era realizar o roubo no lugar.

Precisava de uma operação arriscada, era o único jeito.

Então, isso teve que ser criado em pouquíssimo tempo. Daniel não podia lançar mão de seus recursos tecnológicos, pelo menos não de todos eles. Daria trabalho. O jeito era ir na raça, descobrir onde estava guardada a pedrinha e pegá-la antes mesmo deste leilão começar. Sem levantar suspeitas.

Chegou o grande dia, ou melhor, a grande noite. Com a caminhonete longe, guardada por segurança. Daniel e Bento ficaram de tocaia nas proximidades do requintado salão de festas. Um entra e sai de funcionários uniformizados nos fundos chamaram a atenção deles, fazendo-os pensar em uma maneira eficiente de entrar.

Passando por uma estreita portinha, dois homens saíram dela segurando grandes sacos plásticos pretos com lixo dentro. O uniforme deles era idêntico, Calça preta com terno e camisa branca, e uma gravata borboleta preta. Um deles era mais corpulento, barrigudo, em comparação ao outro que não era barrigudo era mais alto. Tranquilamente, eles passaram pela calçada até chegarem a uma esquina mais escura, onde jogariam fora o lixo.

Com tudo aparentemente tranquilo, eles iriam virar as costas quando ambos sentiam suas nucas sendo pressionadas por canos de revólver. Os dois garçons se assustaram e congelaram.

— Se virar a cabeça vai levar bala, tão entendendo?

Bento intimidou os dois segurando um revólver em cada mão e mirando nos dois coitados. Estes, que nada podiam fazer, acenaram com a cabeça concordando calados.

— Agora, circulando e sem gracinhas.

Conduzidos pelo criminoso, os dois foram andando pela rua. Adentrando a parte mais escura e mais deserta. Atrás do salão de eventos, havia algumas paredes avulsas de tijolos sinalizando construções inacabadas, além de outros imóveis antigos e provavelmente inabitáveis. Poderia haver alguma casa ou qualquer outra coisa do tipo, mas o lugar estava tão escuro que, além de não ser possível enxergar as proximidades, dificilmente alguém veria o homem armado.

Em um canto bem mais distante, úmido com mato por trás, Bento parou de andar. Deixando as vítimas ali mesmo. Assim que o ex-militar deu alguns passos para trás, os dois garçons puderam virar o pescoço para vê-lo, mas sem sucesso. Continuaram de costas e de mãos para o alto. O mais barrigudo quase choramingava, e o mais alto se tremia todo.

— O que quer com a gente? — Perguntou o mais barrigudo — A gente não tem nada.

— Cala a boca! — Exclamou — Tá querendo morrer, é?

— Não. Não. Eu juro. — Choramingou.

— A gente faz o que você quiser, só tira a gente disso. — Implorou o mais alto — A gente só quer trabalhar.

— Só ficarem quietinhos que eu não vou atirar em vocês. — Anunciou — E tirem essas roupas aí.

— Quer que a gente fique pelado? — O mais alto perguntou, incrédulo com a ordem.

Passado SelvagemOnde histórias criam vida. Descubra agora