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4 ANOS ATRÁS

A viagem foi mais longa do que o esperado, o que já era esperado. Pelo menos, deu tudo certo durante o percurso. Mesmo seguindo caminhos mais alternativos, fugindo das vias mais movimentadas e principalmente de pedágios. Tornando tudo mais demorado. Mas no final, o destino foi alcançado.

A cidade litorânea estava bem calma naquela tarde. Como se estivesse sempre repousada, em silêncio, onde a tranquilidade tomava conta. Um lugar muito bonito, inegavelmente. Mas nenhum dos dois homens que estavam dentro da caminhonete velha, passavam por Ilhéus para aproveitar as lindas paisagens.

A missão era mais que longa, era imprecisa. Encontrar mais uma das pedrinhas estava longe de ser algo tão simples desta vez. Não bastava simplesmente ir ao local onde elas estariam e pegar. Pois não se sabia onde elas estavam. A identidade do dono era incerta. Portanto, eles tinham que, literalmente, seguir os passos. Tarefa que fica mais complicada, pois Daniel e Bento precisavam agir na maior discrição possível.

E a caminhonete foi seguindo, não a um caminho específico, muito menos em um ponto de referência. Mas em um lugar mais deserto possível. Isso demorou um pouco, nada se conhecia do movimento da cidade. Porém, antes disso, o veículo parou metros antes de um local indicado por Mendonça.

Bento tirou lentamente o pé do acelerador à medida que chegava em uma rua. Anoitecia, e a caminhonete foi encostada em uma guia próxima à esquina. Por sorte, o movimento nas calçadas era quase nulo e não chamou a atenção de ninguém. No quarteirão seguinte, à direita, havia um prédio. De cores amareladas, o único naquela rua tão pacata.

— O antigo dono das joias morava naquele prédio ali. — Disse Daniel apontando o dedo — Pelo que eu pesquisei, o filho dele vendeu o apartamento depois que ele morreu. Além de tudo que tinha dentro.

— Entendi. E o apartamento tá vazio?

— Bem provável que não. Não consegui entrar no sistema do prédio, a rede deles não tem conexão com internet.

— Se disse que foi o filho do morto que vendeu todas as coisas, a gente tem que encontrar ele pra saber de alguma coisa.

— Sim... e não. Primeiro que eu não sei direito onde ele está. E segundo, seria mais fácil se eu tivesse acesso à documentação do leilão. E é aí que tá o problema.

— Por quê?

— Não me pergunte o que aconteceu. Só sei que não tem nenhum registro digitalizado desse leilão, apenas o edital. A papelada, se ainda tiver, está guardada. Não tem muitos registros sobre, além de uma notícia em jornal aqui e ali. É como se...

— O leilão fosse secreto?

— É, isso. Não tem nada digital sobre quem comprou os artigos, quem esteve presente. Só tem no papel e olhe lá.

— Se o diamante fez parte dessas vendas, não fico surpreso que tenham feito tudo em segredo.

— Também penso que tenha a ver com isso. Mas enfim, provavelmente tenha algum documento... alguma coisa. Tem que ter.

— Então, nós temos que procurar ou o documento ou o filho do colecionador?

— Exato, e os dois são difíceis de encontrar, Bianchini.

— Ôxe, tu não descobre tudo sobre todo mundo? Por que não descobriu sobre ele?

— Porque depois que ele vendeu o apartamento, não descobri mais nada dele. Só uns registros de cartão de crédito em Salvador e aqui. O que significa que ele não saiu do estado. Mas de resto... nada.

Passado SelvagemOnde histórias criam vida. Descubra agora