Lutando contra o tempo

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Beatriz  P.O.V
1838, Rosa Branca, interior de Minas Gerais, Brasil.
  Acordei e troquei minhas vestimentas como um dia comum em minha vida, mas não era. Meu vestido de cor azul-bebê com busto floral, feito especialmente para esta ocasião, caia muito bem sobre meu corpo. Meus longos cabelos castanhos se encontravam presos, em um penteado relativamente parecido ao da Rainha Vitória, da Inglaterra. Todas as minhas mais belas jóias eram colocadas em mim, porém sem muito exagero.
 
  Hoje eu conheceria meu pretendente. Baltazar (Eugênio Castelo/Américo Valência), dono de diversas terras nos arredores de Rosa Branca. Eu já sabia o quanto meus pais necessitavam que aceitasse a corte do Oficial Albuquerque. A fama de minha família havia sido afetada após o que aconteceu com minha irmã mais velha, Madalena (Dora/Isabel). Ela havia se envolvido com um rapaz que não era aprovado por nossos pais e se casou escondida. Não a culpo. Mada se apaixonou, e deveria ser feliz, mas minha irmã me ressentia, por ter tudo o que a foi negado após seu matrimônio com Eustáquio.
 
  Desci as escadarias de minha casa. Todos os Bragas estavam ansiosos para o primeiro encontro dos futuros noivos. Exceto eu. Só conseguia pensar em como eu odiava ser forçada a casar com um homem que não conhecia. Dei um abraço em minha mãe, Vitória Braga, e pedi a bênção para meu pai, Arturo Braga (Gustavo Bruno/Alain Dutra). Me posicionei ao lado de minha mãe enquanto Ana, nossa governanta, abria a porta para nossos convidados.
 
  Baltazar não sabia da reputação de minha irmã, pois estava em Portugal a algum tempo em uma escola para militares que havia lá.
 
  O vi entrando pela porta, muito pomposo. Sua postura era de se invejar e suas roupas mostravam quanto dinheiro tinha. O Sr. Albuquerque chegou perto de mim para me cumprimentar. Ao tocar-lhe senti algo tão forte, mas não no bom sentido. Uma repulsa de como já tivesse o visto e como se ele já tivesse me feito algum mal, mas deixei para trás. Não importava. Tudo o que importava era a reputação de minha família, e por isso teria de suportar esse palpitar de meu coração toda vez que o Oficial se aproximava de mim.
*********
  Estava passeando pela fazenda, montada em um cavalo cinza, com meu pretendente. Era um dia de muito sol no campo...

"Está se sentindo confortável senhorita Beatriz?" - perguntou Baltazar

"Sim meu senhor. Só um pouco indisposta." - respondi com um sorriso forçado

"Quer retornar? Eu preciso ir prontamente para a cidade de qualquer maneira." - me disse com um tom de superioridade

"Acho que caminhar vai me fazer bem, senhor, o ar fresco sempre ajuda." - olhava diretamente para o chão quando precisava falar com o Sr. Albuquerque

"Tem certeza senhorita Braga? Posso levá-la no cavalo." - disse ele

"Pode ir senhor. Quando te vejo novamente?" - esboçei um sorriso esperando que a resposta fosse nunca

"Amanhã mesmo te busco aqui na fazenda para levá-la a cidade. Tem que começar a fabricar seu vestido de noiva o quanto antes." - disse o oficial com um tom sóbrio, sem amor

"Sim caro Baltazar." - eu respondi

Ele montou no cavalo e eu fiquei ali, naquele terreno que eu pensava que conhecia como a palma de minha mão. Que ao mesmo tempo, tinha tanto que eu nunca havia visto. Comecei a correr pelo campo, me sentindo livre pela primeira vez naquela tarde, rodopiando naquela imensidão verde... Até que vi dez cavalos brancos correndo em minha direção, eu estava em choque, cai no chão ao tentar ir para trás após tropeçar em uma pedra. Então vi a sombra de um cavaleiro. Ele parou os cavalos assim que me viu, desceu da montaria e veio em minha direção.
 
  Quando vi seu rosto pela primeira vez, iluminado pela luz do sol, em meio à natureza e aos cavalos brancos, me apaixonei. Não havíamos trocado uma só sílaba, mas ali, meu coração, era dele. Nossos olhos se encontraram e foi como se o mundo inteiro congelasse por alguns segundos. Ele chegou mais perto e eu podia sentir minhas bochechas queimando e meu coração acelerando... Eu já o conhecia, não sabia de onde, mas já o conhecia. Conhecia cada detalhe seu, mas ao mesmo tempo, não sabia nada sobre o sujeito.

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